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Sem documentos sobre gastos, auditoria do Itaquerão trava

O trabalho era para ter sido feito até setembro, mas, por causa da lentidão na obtenção de dados, o grupo ganhou mais 90 dias para tentar concluir a tarefa


	Operário da Odebrecht durante a construção do Itaquerão: auditoria atrasada
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Operário da Odebrecht durante a construção do Itaquerão: auditoria atrasada (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2016 às 09h25.

São Paulo — A auditoria que procura respostas sobre a construção do estádio Itaquerão, a Arena Corinthians, está se "arrastando" desde março, segundo uma das pessoas envolvidas no processo, e não consegue avançar pela falta de documentação sobre os gastos e as obras. "É como se estivéssemos em um furacão tentando equilibrar um navio", disse.

Todos os envolvidos evitam falar sobre o tema, seja por questões políticas ou por contratos de confidencialidade. O trabalho era para ter sido feito até o mês passado, mas, por causa da lentidão na obtenção de alguns dos dados, o grupo ganhou mais 90 dias para tentar concluir a tarefa. "A comissão está sendo desinformada", lamentou.

A auditoria é fundamental para responder a algumas questões cruciais sobre o estádio em Itaquera, na zona leste de São Paulo: qual foi o custo final da arena, o que deixou de ser feito na comparação entre o projeto e o contrato e quem vai terminar a obra, caso se constate que ficaram faltando coisas a serem feitas. Nos bastidores, o Corinthians tem certeza de que nem tudo foi feito e espera poder cobrar isso da Odebrecht, a construtora, para que a dívida do estádio diminua.

Uma outra possibilidade seria a empreiteira terminar o que falta ser feito, mas parece que isso está fora de cogitação, até porque a empresa já está fora da obra há algum tempo e passa por um momento de grande turbulência por causa das denúncias na Operação Lava Jato. O Corinthians, com dificuldade em pagar a construção do estádio, prefere diminuir a dívida e fazer o que for preciso depois, se tiver dinheiro.

Pelo Corinthians, participam da comissão de auditoria Carlos Antônio Luque, Newton Davi Ferrari, Flávio Adauto Iório Lopes, Antonio Roque Citadini e Emerson Piovesan. O escritório Molina & Reis Advogados também participa, assim como a empresa CCEC (Claudio Cunha Engenharia Consultiva. "Contratualmente, eu não posso falar nada sobre isso", afirmou Claudio Cunha.

O advogado Guilherme Molina também explica que não pode abordar o assunto. "Pela cláusula de confidencialidade e sigilo profissional, acredito que não seja o momento de falar sobre a auditoria. Mas é público que ela está acontecendo e avançando", resumiu. Procurada, a Odebrecht informou que não iria se manifestar.

Esta não é a primeira vez que o Corinthians faz uma auditoria sobre o seu estádio. Antes da Copa do Mundo de 2014, a Tessler Engenharia fez um relatório para verificar se o aditivo de preço pedido pela Odebrecht era viável. "A auditoria foi feita em dezembro de 2013 até março, antes da Copa. Foi entregue e paga pelo clube e eu tive acesso a toda a documentação. Mas assinei termo de confidencialidade e não posso dar mais detalhes", contou Marcelo Tessler.

Sem encontrar as respostas que precisa, o Corinthians vê o público e a renda diminuírem em seu estádio. A arrecadação é importante para pagar a dívida e no momento a principal fonte é o dinheiro da bilheteria. Apesar de o clube ter projetado espaços para gerarem receitas dentro do estádio, principalmente no prédio oeste, esses locais ainda não estão em pleno funcionamento. "Era para ser um oásis de entretenimento. Quando criaram uma gestão própria do estádio, isso se desmoronou. Ficou um pedaço de cada lado, tudo fragmentado", argumentou Luis Paulo Rosenberg, ex-vice de marketing do Corinthians.

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