Sem chuvas, São Paulo tem racionamento iminente
Segundo Consórcio PCJ, é grande a possibilidade de municípios que abrigarão seleções durante a Copa do Mundo enfrentarem escassez hídrica
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 16h36.
São Paulo/Brasília - Parte relevante da região metropolitana de São Paulo está cada vez mais próxima de um racionamento de água , algo que já é realidade para algumas cidades do interior do Estado como resultado do baixo nível dos reservatórios.
Diante da falta de chuvas, é grande a possibilidade de municípios que abrigarão seleções durante a Copa do Mundo enfrentarem escassez hídrica, segundo o Consórcio PCJ, grupo sem fins lucrativos com usuários de água das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que ajudam a abastecer a Grande São Paulo por meio do Sistema Cantareira.
Nesta quarta-feira, o nível de volume de água contido pelas barragens do Sistema Cantareira --que atende a cerca de 10 milhões de pessoas-- era de 20,9 por cento, nível próximo do atingido em 2003, quando a capital paulista foi obrigada a conviver com um racionamento que durou meses.
"Eu já teria fechado o registro, lógico. Porque, na realidade, o grande problema não é nem hoje, é a estação da estiagem normal que vamos enfrentar a partir de maio e junho", disse à Reuters o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad.
Se não houver chuvas nas cabeceiras dos rios que estão no sul de Minas Gerais e abastecem os reservatórios entre o fim deste mês e começo de março, o nível do Sistema Cantareira deve atingir 15 por cento. Nesse patamar, o transporte da água fica mais difícil pelos cerca de 50 quilômetros de túneis do sistema.
"Em cerca de 40 dias os reservatórios estarão num nível tão baixo que vai ficar difícil extrair água dos reservatórios... Os túneis podem ficar com barro, vão trabalhar pela metade ou menos da metade de sua seção. Isso pode provocar desgaste na estrutura", afirmou Saad. "Com o nível de alerta de 20 por cento atualmente já é para se tomar medidas de contingência e até de racionamento." O Consórcio PCJ reúne, além de prefeituras, 30 grandes companhias como a cervejaria Ambev e a empresa de bens de consumo Unilever.
Procurada pela Reuters desde a semana passada, a Sabesp --controlada pelo governo do Estado e responsável pelo abastecimento de água-- não se pronunciou sobre risco de racionamento na região metropolitana de São Paulo.
Água Controlada
Segundo Saad, do Consórcio PCJ, cerca de 10 municípios entre os cerca de 40 atendidos pelo Sistema Cantareira estão promovendo racionamento de água em intensidades diferentes. A cidade de Vinhedo, de 70 mil habitantes, iniciou esta semana cortes no fornecimento por período de até quatro horas.
Durante a Copa do Mundo, entre junho e julho, 15 das 32 seleções ficarão no Estado de São Paulo. A região de Campinas será a casa de seleções como Portugal e Nigéria, enquanto a Grande São Paulo será a base das seleções dos Estados Unidos, do Irã e da Colômbia.
O Consórcio PCJ avalia que é grande a possibilidade de algumas localidades enfrentarem problemas de escassez de água no Mundial.
Para a Agência Nacional de Águas (ANA), a situação do Sistema Cantareira neste início de ano é a pior da história, restando poucos dias para o reabastecimento dos reservatórios.
Segundo o presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, as previsões meteorológicas apontam que nos 12 primeiros dias de fevereiro não deve haver chuva na região que abastece o sistema.
"Historicamente, janeiro e fevereiro são os meses de maior precipitação. Janeiro já foi para o vinagre. E, em fevereiro, 12 dias estariam comprometidos. Restariam 16 dias para recompor a vazão", afirmou Guillo à Reuters. "Se as chuvas não vierem, o problema tende a assumir dimensão mais crítica." O presidente da ANA salientou que a Sabesp tem dito que chuvas em torno da média no restante de fevereiro seriam suficientes para não se impor um racionamento.
No sábado, a Sabesp anunciou um plano de incentivo à economia de água, com descontos de até 30 por cento nas tarifas dos clientes abastecidos pelo Sistema Cantareira que reduzirem o consumo de água em 20 por cento. Na ocasião, o sistema tinha 21,90 por cento de sua capacidade de água.
Em 2003, o desconto proposto pela Sabesp na conta de água para os consumidores que economizassem foi de 20 por cento, mas isso não foi suficiente para evitar racionamento naquela época.
O coordenador de projetos do Consórcio PCJ ponderou que o Sistema Cantareira recebeu uma série de melhorias na última década, incluindo obras de ampliação de tratamento de esgoto e barragens adicionais. Por isso, parte dos municípios atendidos ainda não decretou racionamento.
"Houve melhora no sistema de uma forma geral e, por isso, alguns municípios ainda não decretaram racionamento. Isso ajuda, mas acredito que seria uma atitude mais cautelosa (o racionamento na região metropolitana de São Paulo). Seria mais prudente, a situação está grave", afirmou Saad.
A crise hídrica também acontece em um momento de revisão da outorga do Sistema Cantareira. A Sabesp é responsável pelas vazões de água e a outorga, concedida pela ANA, expira em agosto.
São Paulo/Brasília - Parte relevante da região metropolitana de São Paulo está cada vez mais próxima de um racionamento de água , algo que já é realidade para algumas cidades do interior do Estado como resultado do baixo nível dos reservatórios.
Diante da falta de chuvas, é grande a possibilidade de municípios que abrigarão seleções durante a Copa do Mundo enfrentarem escassez hídrica, segundo o Consórcio PCJ, grupo sem fins lucrativos com usuários de água das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que ajudam a abastecer a Grande São Paulo por meio do Sistema Cantareira.
Nesta quarta-feira, o nível de volume de água contido pelas barragens do Sistema Cantareira --que atende a cerca de 10 milhões de pessoas-- era de 20,9 por cento, nível próximo do atingido em 2003, quando a capital paulista foi obrigada a conviver com um racionamento que durou meses.
"Eu já teria fechado o registro, lógico. Porque, na realidade, o grande problema não é nem hoje, é a estação da estiagem normal que vamos enfrentar a partir de maio e junho", disse à Reuters o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad.
Se não houver chuvas nas cabeceiras dos rios que estão no sul de Minas Gerais e abastecem os reservatórios entre o fim deste mês e começo de março, o nível do Sistema Cantareira deve atingir 15 por cento. Nesse patamar, o transporte da água fica mais difícil pelos cerca de 50 quilômetros de túneis do sistema.
"Em cerca de 40 dias os reservatórios estarão num nível tão baixo que vai ficar difícil extrair água dos reservatórios... Os túneis podem ficar com barro, vão trabalhar pela metade ou menos da metade de sua seção. Isso pode provocar desgaste na estrutura", afirmou Saad. "Com o nível de alerta de 20 por cento atualmente já é para se tomar medidas de contingência e até de racionamento." O Consórcio PCJ reúne, além de prefeituras, 30 grandes companhias como a cervejaria Ambev e a empresa de bens de consumo Unilever.
Procurada pela Reuters desde a semana passada, a Sabesp --controlada pelo governo do Estado e responsável pelo abastecimento de água-- não se pronunciou sobre risco de racionamento na região metropolitana de São Paulo.
Água Controlada
Segundo Saad, do Consórcio PCJ, cerca de 10 municípios entre os cerca de 40 atendidos pelo Sistema Cantareira estão promovendo racionamento de água em intensidades diferentes. A cidade de Vinhedo, de 70 mil habitantes, iniciou esta semana cortes no fornecimento por período de até quatro horas.
Durante a Copa do Mundo, entre junho e julho, 15 das 32 seleções ficarão no Estado de São Paulo. A região de Campinas será a casa de seleções como Portugal e Nigéria, enquanto a Grande São Paulo será a base das seleções dos Estados Unidos, do Irã e da Colômbia.
O Consórcio PCJ avalia que é grande a possibilidade de algumas localidades enfrentarem problemas de escassez de água no Mundial.
Para a Agência Nacional de Águas (ANA), a situação do Sistema Cantareira neste início de ano é a pior da história, restando poucos dias para o reabastecimento dos reservatórios.
Segundo o presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, as previsões meteorológicas apontam que nos 12 primeiros dias de fevereiro não deve haver chuva na região que abastece o sistema.
"Historicamente, janeiro e fevereiro são os meses de maior precipitação. Janeiro já foi para o vinagre. E, em fevereiro, 12 dias estariam comprometidos. Restariam 16 dias para recompor a vazão", afirmou Guillo à Reuters. "Se as chuvas não vierem, o problema tende a assumir dimensão mais crítica." O presidente da ANA salientou que a Sabesp tem dito que chuvas em torno da média no restante de fevereiro seriam suficientes para não se impor um racionamento.
No sábado, a Sabesp anunciou um plano de incentivo à economia de água, com descontos de até 30 por cento nas tarifas dos clientes abastecidos pelo Sistema Cantareira que reduzirem o consumo de água em 20 por cento. Na ocasião, o sistema tinha 21,90 por cento de sua capacidade de água.
Em 2003, o desconto proposto pela Sabesp na conta de água para os consumidores que economizassem foi de 20 por cento, mas isso não foi suficiente para evitar racionamento naquela época.
O coordenador de projetos do Consórcio PCJ ponderou que o Sistema Cantareira recebeu uma série de melhorias na última década, incluindo obras de ampliação de tratamento de esgoto e barragens adicionais. Por isso, parte dos municípios atendidos ainda não decretou racionamento.
"Houve melhora no sistema de uma forma geral e, por isso, alguns municípios ainda não decretaram racionamento. Isso ajuda, mas acredito que seria uma atitude mais cautelosa (o racionamento na região metropolitana de São Paulo). Seria mais prudente, a situação está grave", afirmou Saad.
A crise hídrica também acontece em um momento de revisão da outorga do Sistema Cantareira. A Sabesp é responsável pelas vazões de água e a outorga, concedida pela ANA, expira em agosto.