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Sem Campos, PSB teme perder bancada

A única alternativa dos dirigentes é apostar em Marina Silva como cabeça da chapa nacional - apesar de ela só estar no PSB de passagem

Marina Silva: por ser uma candidata mais personalista, partido terá dificuldades em crescer na Câmara (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2014 às 08h13.

São Paulo - Depois de colher os melhores resultados eleitorais de sua história em 2010 e 2012, o PSB chega às vésperas da eleição deste ano sob risco de colapso, potencializado pela morte de Eduardo Campos . Pesquisas mostram que há tendência de derrota em todos os seis estados onde o partido elegeu governadores há quatro anos, e o cenário para crescimento da bancada de deputados fica mais incerto.

O projeto de poder do PSB se sustentava em torno do candidato ao Planalto e presidente nacional do partido. A única alternativa dos dirigentes é apostar em Marina Silva como cabeça da chapa nacional - apesar de ela só estar no PSB de passagem, após ter negado o registro da Rede Sustentabilidade como partido.

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O agravante é que Marina tende a ser mais personalista como candidata do que seria Campos, desde 2005 no comando do PSB. Em 2010, a ex-ministra do Meio Ambiente chegou aos 19 milhões de votos no primeiro turno, mas o PV , partido pelo qual entrou na disputa, não viu crescer sua bancada na Câmara.

Nas disputas estaduais, os sinais já vinham sendo desanimadores. Em Pernambuco, principal reduto de Campos, o candidato do PSB, Paulo Câmara, aparecia com mais de 30 pontos porcentuais de desvantagem em relação a Armando Monteiro (PTB). Em 2010, quando Campos se candidatou à reeleição como governador, a vitória foi consagradora: 82% dos votos válidos.

O Ceará foi o segundo estado mais importante no qual o PSB venceu há quatro anos. Cid Gomes foi reeleito com 61% dos votos - mas deixou o partido com o irmão, Ciro, após se desentender com Campos. Eliane Novais é a representante do PSB na atual disputa pelo governo cearense - ela tem 7% das intenções de voto em pesquisa Datafolha divulgada ontem (registro BR-00356/2014).

Reeleição ameaçada

Também estão sob risco três governadores do PSB que se elegeram para o primeiro mandato há quatro anos: Renato Casagrande (ES), Camilo Capiberibe (AP) e Ricardo Coutinho (PB). Os dois primeiros se manifestaram contra a candidatura presidencial de Campos em 2013, por temer o esvaziamento de seus palanques estaduais.

No Espírito Santo, pesquisa do instituto Futura (13 de julho, registro ES-00011/2014) indica favoritismo de Paulo Hartung (PMDB), que governou o Estado por dois mandatos.

No Amapá, Capiberibe tem chances mínimas de vencer: ele tem 12% das intenções de voto, e sua gestão é considerada ruim ou péssima por 65% dos eleitores, segundo o Ibope (10 de agosto, registro BR-00348/2014).

Na Paraíba, Ricardo Coutinho tem 29%, contra 46% de Cassio Cunha Lima (PSDB), segundo o instituto Souza Lopes (22 de julho, registro PB-00013/2014). No Piauí, sexto Estado onde o PSB venceu em 2010, o partido preferiu apoiar o peemedebista Zé Filho. O favorito para vencer no primeiro turno é o ex-governador Wellington Dias (PT), segundo o instituto Vox Populi (3 de agosto, registro PI-00079/2014).

O PSB não lidera pesquisas em nenhum outro Estado. Com um desempenho ruim nas disputas para governador, o partido corre o risco de interromper o crescimento de sua bancada na Câmara dos Deputados, que é contínuo desde 1994.

Alas

A ausência de Campos também trará desafios internos. O vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, assumirá automaticamente o comando do partido, mas deve enfrentar resistências. O motivo é que ele é mais próximo dos petistas, enquanto outros líderes são mais oposicionistas em relação à presidente Dilma Rousseff e ligados aos tucanos.

O deputado Márcio França, presidente do diretório paulista e que disputa o cargo de vice-governador na chapa do tucano Geraldo Alckmin, é um exemplo desse perfil. O presidente do PSB de Minas, deputado Júlio Delgado, é próximo ao candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves.

Em outra frente, há ex-aliados de petistas que migraram em seus estados para a oposição. É o caso de Beto Albuquerque (RS), líder do PSB na Câmara, ex-secretário no governo Tarso Genro (PT), e do senador Rodrigo Rollemberg (DF), que rompeu com o petista Agnelo Queiroz e hoje é candidato contra ele. (Colaboraram João Domingos e Daiene Cardoso).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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