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Secretário diz que zika requer atenção multidisciplinar

Segundo ele, essa assistência tem que abranger diversas frentes, uma vez que os bebês com microcefalia podem apresentar vários problemas


	Zika: segundo ele, essa assistência tem que abranger diversas frentes, uma vez que os bebês com microcefalia podem apresentar vários problemas
 (REUTERS/Nacho Doce)

Zika: segundo ele, essa assistência tem que abranger diversas frentes, uma vez que os bebês com microcefalia podem apresentar vários problemas (REUTERS/Nacho Doce)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2016 às 15h01.

São Paulo - O secretário estadual de Saúde de São Paulo, David Uip, disse hoje (6) que os governos, federal e estaduais têm de estar preparados para apoiar as famílias com crianças com sequelas decorrentes da infecção causada pelo vírus zika.

Segundo ele, essa assistência tem que abranger diversas frentes, uma vez que os bebês que foram vítimas da doença durante a gestação podem apresentar vários problemas.

“Essas má-formações, quando ocorrem, são má-formações extremamente importantes. E o estado tem que ter competência para dar assistência para a mãe, para a família e para essa criança que vai nascer. Uma assistência multidisciplinar”, enfatizou ao abrir um seminário sobre o tema, em São Paulo.

O diretor o Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, destacou que, apesar da microcefalia ser o sintoma mais conhecido, existem outros problemas neurológicos que podem ser causados pelo vírus.

Hage disse que “20% das crianças com manifestações neurológicas achadas em exames de imagem não apresentaram no primeiro exame microcefalia. Ou seja, seriam considerados falsos negativos e poderiam ser perdidos do ponto de vista do acompanhamento e toda a abordagem que deve ser oferecida para essa criança”.

Síndrome congênita

Por isso, os problemas decorrentes da infecção por zika e outras doenças capazes de afetar o desenvolvimento do feto devem, de acordo com o diretor, ser tratadas como uma síndrome congênita.

“Juntando essas peças vai ser possível caracterizar a síndrome e migrar da fase atual, da detecção a partir de casos de microcefalia, para algo mais amplo, detectando e acompanhando todas as crianças que tenham manifestado má-formações congênitas com as sérias consequências que têm sido observadas”, disse, ao lembrar que ainda há muitas dúvidas a respeito dos sintomas e características que podem estar relacionadas ao vírus.

A neurologista infantil do Instituto de Medicina Integrada Fernando Figueira (Imip), Ana Maria Campos Van Linden, acompanhou 85 bebês com sequelas ligadas ao vírus zika dos cerca de 200 que nasceram na instituição, em Recife (PE).

Além dos problemas na formação do crânio e cérebro, a médica identificou alterações comportamentais e outras má-formações nessas crianças.

Como o vírus tem preferência por atacar as células que formam o sistema nervoso, Ana Maria disse que também foram identificadas deficiências na medula espinhal de parte dos recém-nascidos, o que causando deformidades nos membros.

Capacidade visual

A deficiência visual é, segundo a neurologista, outra característica comum às crianças acometidas pela síndrome congênita associada ao zika.

Esse problema vai se tornando mais evidente, de acordo com Ana Maria, a partir do desenvolvimento do bebê.

“Não que a doença faça a capacidade visual regredir. Mas é que. à medida em que ela vai crescendo, você vai tendo uma expectativa de capacidade visual maior e isso você não está acontecendo”.

A dificuldade para dormir e a irritabilidade dos recém-nascidos são outro sintoma, que, segundo a médica, causa muitos problemas aos pais, uma vez que a criança precisa de vigilância intensa.

“O que a gente faz com eles é fisioterapia e terapia ocupacional”, diz, sobre o tratamento dedicado aos acometidos pela síndrome.

“O que a gente nota é que ele tem uma boa resposta na evolução. A irritabilidade dessas crianças, que é extrema no primeiro e segundo mês de vida, a partir do terceiro mês começam a melhorar. Em torno de seis meses, essas crianças dormem. Existe uma melhora nítida nisso. Se a fisioterapia está funcionando, é uma dúvida. Eu acredito que sim”, acrescenta, sobre os resultados das medidas.

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