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Seca em SP deve continuar em 2015, diz cientista

No próximo ano, a falta de água deve estar associada também ao desenvolvimento do fenômeno El Niño

Sistema de captação de água do sistema de abastecimento Cantareira na represa de Jaguari, em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 09h05.

Copenhague - A seca em São Paulo deve continuar em 2015, desta vez associada também ao desenvolvimento do fenômeno El Niño, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário-geral adjunto da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Jeremiah Lengoasa.

O aquecimento das águas equatoriais do Oceano Pacífico, na altura do Peru e do Equador, provocará a formação de nuvens que tendem a ser arrastadas pelos ventos na direção oeste.

Mas não para a América do Sul, explicou o cientista sul-africano, que participou na segunda-feira, 27, da abertura da 40ª Sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês), em Copenhague.

"É a natureza tentando se modelar para atingir seu normal", declarou, em entrevista ao Estado. "Se entendermos melhor os padrões de oscilação do fenômeno El Niño, poderemos prever de forma mais precisa e tornar disponível essa informação para os governos e as populações a serem atingidas. Mas a mudança do clima está tornando essa tarefa muito difícil."

Lengoasa explicou que o fenômeno El Niño foi mais agressivo entre 1997-98, quando provocou o aumento médio de 0,5 grau Celsius na temperatura média mundial e levou a uma mudança severa na distribuição das chuvas. Em 2010, voltou a apresentar-se de maneira intensa, mas não tão forte como antes.

"Já há 70% de chances de o El Niño surgir muito cedo, ainda no final deste ano. Se tiver o mesmo efeito de 97-98, isso será caracterizado por uma imensa seca no mundo", disse. "Mas ainda há possibilidade de ele não se desenvolver de maneira tão forte."

A OMM apresentará, nas próximas semanas, um relatório preliminar sobre o comportamento meteorológico de 2014. O ano é considerado o mais quente desde 2004, segundo análise dos dez primeiros meses, mesmo com os efeitos em curso do fenômeno de resfriamento conhecido como La Niña.

Durante conferência neste mês, a organização estudará particularmente os dois fenômenos, El Niño e La Niña, com especial atenção para o efeito do primeiro no aquecimento das camadas mais profundas do Oceano Pacífico, abaixo de 2 mil metros.

Esses dados serão acrescentados aos modelos atuais de previsão do clima. Em especial, para a melhor detecção de eventos extremos.

Recomendações

Para países que enfrentam eventos climáticos extremos, como o Brasil, Lengoasa faz algumas recomendações. Primeiro, fortalecer os serviços hidrometeorológicos, que oferecem as informações sobre o clima.

Segundo, de acordo com ele, os países devem intensificar o diálogo entre diferentes ministérios sobre a mudança climática. O apoio aos esforços mundiais, como o da 21.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP21), é sua terceira sugestão.

A expectativa é de um acordo sobre compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa na COP21, em maio, em Paris.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Copenhague - A seca em São Paulo deve continuar em 2015, desta vez associada também ao desenvolvimento do fenômeno El Niño, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário-geral adjunto da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Jeremiah Lengoasa.

O aquecimento das águas equatoriais do Oceano Pacífico, na altura do Peru e do Equador, provocará a formação de nuvens que tendem a ser arrastadas pelos ventos na direção oeste.

Mas não para a América do Sul, explicou o cientista sul-africano, que participou na segunda-feira, 27, da abertura da 40ª Sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês), em Copenhague.

"É a natureza tentando se modelar para atingir seu normal", declarou, em entrevista ao Estado. "Se entendermos melhor os padrões de oscilação do fenômeno El Niño, poderemos prever de forma mais precisa e tornar disponível essa informação para os governos e as populações a serem atingidas. Mas a mudança do clima está tornando essa tarefa muito difícil."

Lengoasa explicou que o fenômeno El Niño foi mais agressivo entre 1997-98, quando provocou o aumento médio de 0,5 grau Celsius na temperatura média mundial e levou a uma mudança severa na distribuição das chuvas. Em 2010, voltou a apresentar-se de maneira intensa, mas não tão forte como antes.

"Já há 70% de chances de o El Niño surgir muito cedo, ainda no final deste ano. Se tiver o mesmo efeito de 97-98, isso será caracterizado por uma imensa seca no mundo", disse. "Mas ainda há possibilidade de ele não se desenvolver de maneira tão forte."

A OMM apresentará, nas próximas semanas, um relatório preliminar sobre o comportamento meteorológico de 2014. O ano é considerado o mais quente desde 2004, segundo análise dos dez primeiros meses, mesmo com os efeitos em curso do fenômeno de resfriamento conhecido como La Niña.

Durante conferência neste mês, a organização estudará particularmente os dois fenômenos, El Niño e La Niña, com especial atenção para o efeito do primeiro no aquecimento das camadas mais profundas do Oceano Pacífico, abaixo de 2 mil metros.

Esses dados serão acrescentados aos modelos atuais de previsão do clima. Em especial, para a melhor detecção de eventos extremos.

Recomendações

Para países que enfrentam eventos climáticos extremos, como o Brasil, Lengoasa faz algumas recomendações. Primeiro, fortalecer os serviços hidrometeorológicos, que oferecem as informações sobre o clima.

Segundo, de acordo com ele, os países devem intensificar o diálogo entre diferentes ministérios sobre a mudança climática. O apoio aos esforços mundiais, como o da 21.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP21), é sua terceira sugestão.

A expectativa é de um acordo sobre compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa na COP21, em maio, em Paris.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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