Brasil

Se vingarem, estas alianças podem chacoalhar as eleições

De acordo com a Eurasia, ao menos 3 uniões entre presidenciáveis seriam matadoras nestas eleições. O problema: tirá-las do campo das ideias

Marina Silva e Joaquim Barbosa: uma aliança que poderia arrasar nestas eleições  (Nacho Doce/Ueslei Marcelino/Reuters)

Marina Silva e Joaquim Barbosa: uma aliança que poderia arrasar nestas eleições (Nacho Doce/Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 5 de maio de 2018 às 07h30.

Última atualização em 5 de maio de 2018 às 07h30.

São Paulo – Até o momento, ao menos 16 nomes se colocaram publicamente como pré-candidatos para a disputa pela Presidência da República. Se esses números se confirmarem, esta pode ser a eleição com o maior número de postulantes ao cargo desde 1989, quando 22 pessoas se lançaram na corrida pelo Palácio do Planalto.

É fato, contudo, que muita água deve rolar até julho, quando os partidos lançarão oficialmente suas candidaturas. Nesse meio tempo, a tendência é que as negociações entre as siglas se intensifiquem, novas alianças sejam formadas e alguns dos nomes já apresentados deixem a disputa para incorporar chapas mais promissoras.

Em relatório publicado nesta semana, a consultoria Eurasia aponta que há ao menos três uniões possíveis que poderiam levar seu eventual candidato a um segundo turno e, dessa forma, chacoalhar o cenário eleitoral. O problema: a consultoria acredita que são remotas as chances de que essas alianças com potencial matador saiam do campo das ideias. Entenda os motivos:

Ciro Gomes + PT

Um dos principais herdeiros dos votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes (PDT) seria, na teoria, um parceiro óbvio para o Partido dos Trabalhadores na disputa pela Presidência. Atualmente, Ciro é o nome da esquerda brasileira com o melhor desempenho nas pesquisas de intenção de votos — logo, unir forças com ele poderia ser uma estratégia de peso para sigla diante da inelegibilidade de seu principal nome eleitoral.

No entanto, segundo a Eurasia, o partido ainda aposta que um substituto interno de Lula conseguiria no mínimo 15% dos votos válidos e, portanto, um lugar seguro no segundo turno. “Os líderes do partido apontado para o fato de que 19% do eleitorado se identificam com o PT, então eles acreditam que tem um potencial eleitoral maior do que o de Ciro Gomes, que pontua cerca de 8% [nas pesquisas]”, diz o relatório. No entanto, na visão da consultoria, mesmo com o apoio de Lula, um candidato do PT deve ter um desempenho inferior ao esperado pela sigla e não ultrapassar os 10% dos votos.

Geraldo Alckmin + Álvaro Dias

O grande número de candidatos de centro-direita na disputa é um dos principais desafios do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deslanchar na corrida eleitoral deste ano. Em dois de seus principais colégios eleitorais, ele disputa votos com Jair Bolsonaro (PSL), em São Paulo, e Álvaro Dias (Podemos), no Paraná, onde ele foi governador entre 1987 e 1991.

Nesse sentido, na visão da Eurásia, uma aliança com Dias poderia fortalecer o nome do tucano na região sul do país. A parceria, porém, também parece improvável para a consultoria. O relatório lembra que Dias deixou o PSDB defendendo moralidade na política. Portanto, se aliar novamente com os tucanos seria um retrocesso em termos de narrativa. Além disso, diz a Eurásia, Dias está no meio de seu mandato no Senado – logo, não teria nada a perder ao se lançar candidato e, ainda por cima, poderia fortalecer o nome da sigla no cenário eleitoral.

Joaquim Barbosa + Marina Silva

Das três possibilidades, uma eventual aliança entre o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB) e Marina Silva (Rede) é a que parece mais plausível para a consultoria Eurasia, mas ainda assim segundo a consultoria, é uma parceria improvável.

Segundo o último Datafolha, sem Lula na disputa, a presidenciável (que ficou em terceiro no pleito de 2014) avança de cinco a seis pontos percentuais, a depender do arranjo dos demais candidatos, e fica em situação de empate técnico com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Neste cenário, Barbosa, que ainda nem admitiu publicamente que sairá candidato, pontua 9% das intenções. e

Para a Eurasia, se o ex-ministro crescer nas pesquisas e Marina cair por causa disso, uma possível união seria estratégica para ambos. O problema é o passado de Marina, que já disputou a Presidência como vice do PSB (acabou liderando a chapa por causa da morte de Eduardo Campos) e dificilmente toparia ser candidata a vice novamente.

Além disso, esta seria a primeira eleição presidencial da Rede. Ter Marina como cabeça de chapa é visto como essencial para fortalecer a sigla no Congresso. Mais: “se Barbosa crescer nas pesquisas como esperamos, o PSB pode argumentar que eles não precisam de Marina”.

Por outro lado

A consultoria afirma que uma eventual aliança entre Alckmin e o partido do presidente Michel Temer, MDB, não mudaria tanto o tom do jogo. Isso porque o PSDB já têm um bom tempo de campanha na TV e uma boa parcela de recursos do fundo eleitoral -- os únicos dois benefícios de uma aliança com os emedebistas.

Para a Eurasia, melhor seria para os tucanos negociar a vice-presidência com algum nome de peso do DEM no Nordeste — uma região ainda pouco explorada pelo ex-governador de São Paulo.

 

 

Acompanhe tudo sobre:Álvaro DiasCiro GomesEleições 2018Geraldo AlckminJoaquim BarbosaMarina SilvaPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Mais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensa

Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central

Prefeito de BH, Fuad Noman vai para a UTI após apresentar sangramento intestinal secundário

Veja os melhores horários para viajar no Natal em SP, segundo estimativas da Artesp