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"Se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro", diz Bolsonaro

Presidente nega qualquer interferência no caso Flávio, a afirma: 'Se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro'

Jair Bolsonaro: em entrevista, presidente criticou o vazamento de detalhes da investigação que estão sob segredo de justiça (Isac Nóbrega/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: em entrevista, presidente criticou o vazamento de detalhes da investigação que estão sob segredo de justiça (Isac Nóbrega/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 16h15.

Última atualização em 21 de dezembro de 2019 às 16h28.

 O presidente Jair Bolsonaro disse, neste sábado, que há um abuso do Ministério Público nas investigações envolvendo o suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de seu filho Flávio, na época em que era deputado estadual no Rio. Bolsonaro defendeu um controle sobre o órgão, mas afirmou não fazer qualquer movimento para atrapalhar a investigação.

- Então, a questão do MP. Tá sendo um abuso. É o que noto. Qual a interferência minha? Zero - disse o presidente.

A declaração foi dada pelo presidente na área da piscina do Palácio do Alvorada, onde recebeu jornalistas que cobrem o dia-a-dia do governo para uma conversa sobre um balanço de seu primeiro ano de mandato.

Ele aceitou conceder a entrevista, mas pediu aos repórteres para não questionarem sobre a vida pessoal. Durante a conversa, no entanto, disse que encerraria a entrevista se fizessem "alguma pergunta chata." Em seguida, sobre as investigações de Flávio, ele respondeu, afirmando que não daria espaço a mais questionamentos sobre o tema.

— Vou responder sem a réplica. O processo está em segredo de Justiça?  Te respondo, tá. Quem é que julga? O MP ou juiz? Os caras vazam e julgam, paciência, pô

Bolsonaro afirmou ainda que há um "estardalhaço" com objetivo apenas de promover um desgaste. Ele ainda criticou o vazamento de detalhes da investigação que estão sob segredo de justiça.

— Qual é a intenção? Um estardalhaço enorme. Será porque falta materialidade para ele e o que vale é o desgaste agora? Quem está feliz com essa exposição aí absurda na mídia? Alguém está feliz com isso — disse, sinalizando que o assunto o incômoda:  — Agora, se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro.

O presidente lembrou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) repassou dados de seu filho Flávio e criticou a divulgação das informações pelo Ministério Público.

— Por exemplo, se entra na conta de uma funcionária R$ 60 mil, ela botando na minha conta. Vai ser um escândalo. No dia seguinte, vou mostrar que vendi o carro para ela. Já está feita a besteira. É assim que se deve comportar o Ministério Público? — questionou.

Bolsonaro, em seguida, defendeu uma forma de controle ao Ministério Público, que não seja exercida pelo poder Executivo.

— Todo poder tem que ter uma forma de sofrer um controle. Não é do Executivo, é um controle. Quando começa a  perder o controle, busca pelo em ovo... Eu sou réu no Supremo, sofri muito processo os mais variados possíveis — disse.

Ao falar sobre a investigações envolvendo Flávio, Bolsonaro voltou a criticar o governador Wilson Witzel e  insinuou a interferência dele no inquérito. O presidente disse que Witzel nunca foi aliado dele, mas apenas de Flávio. Segundo ele, após eleito, o governador passou a desejar querer ser presidente da República.

—  Ele não era aliado meu, era aliado do Flávio. Você não vê nenhuma foto minha durante a campanha, até porque nem fiz campanha no Rio de Janeiro. Eu o conheci pela televisão e pela internet. O cara ficou ali o tempo todo com o Flávio. Só não vi dando beijo no Flávio de língua, bitoquinha eu já vi. Acabou as eleições, sobe à cabeça dele e quer ser presidente da República. E começa esse inferno na minha vida —  disse Bolsonaro.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) investiga a prática de "rachadinha" no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual. Os promotores afirmam que ele nomeava assessores orientados a devolver parte de seus salários para o grupo; que o ex-policial militar Fabrício Queiroz fazia toda a operação de recolhimento da remuneração dos funcionários; e que a loja de chocolates de Flávio num shopping e negócios imobiliários do senador serviam para lavar o dinheiro. Na quarta-feira, foi feita uma operação de busca e apreensão em endereços relacionados a Flávio e ex-assessores. A defesa do senador nega as acusações.

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