Se eleito, Ciro diz que pretende consultar a população sobre reformas
O pedetista afirma querer impedir o que chamou de "negociações de gabinete" e a aprovação de textos por meio de práticas de "toma lá dá cá"
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 15h27.
Última atualização em 24 de janeiro de 2022 às 16h29.
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) defendeu nesta segunda-feira, 24, a realização de plebiscitos para consultar a população sobre reformas propostas por seu governo, se eleito. O pedetista afirma querer impedir o que chamou de "negociações de gabinete" e a aprovação de textos por meio de práticas de "toma lá dá cá".
Segundo o presidenciável, essa é a linguagem dominante no governo atual, mencionando o pacto firmado pelo presidente Jair Bolsonaro com o Centrão — o que, segundo ele, ocorre graças à herança petista. "Vou levar as reformas a voto direto do povo brasileiro, para que a maioria possa ganhar contra uma minoria poderosa que domina o Brasil", afirmou à Rádio Bandeirantes, mas sem mencionar que terá de obter aval do Congresso para levar adiante qualquer tipo de consulta popular.
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Plebiscitos são raros na história democrática recente brasileira. O último ocorreu em 1993, quando a população foi chamada para decidir que tipo de governo deveria ser adotado no país — monarquia parlamentar ou República e parlamentarismo ou presidencialismo. O resultado manteve o sistema atual presidencialista.
Ciro também condenou a reeleição para o cargo de chefe do Executivo e afirmou que pretende propor o fim do dispositivo em prol da aprovação das reformas — medida que também deverá passar pelo Congresso. Ele classificou a tomada de decisões com a intenção de se reeleger como uma "tragédia" para o país.
"As reformas serão propostas todas no primeiro semestre, e eu vou oferecer aos políticos o fim da minha própria reeleição para que eles não tenham medo de que, acertando a mão, eu queira ser beneficiado por uma reeleição, que é uma tragédia no Brasil", disse.
"Acordão"
O pedetista insinuou a existência de um "acordão" entre Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, com intermediação do ex-presidente Michel Temer, para que ambos baixassem o tom um contra o outro e, assim, diminuíssem as chances de sucesso da "terceira via". O ex-ministro disse acreditar que Lula e Bolsonaro compartilham da interpretação de que só vencerão as eleições se disputarem um contra o outro. "Sabe aquela visita do Temer ao Bolsonaro após o Sete de Setembro? Antes, Temer se acertou com Lula", afirmou. "O Lula está combinando com Bolsonaro de os dois não irem aos debates para que o povo brasileiro vote no escuro".
Ciro rompeu definitivamente com as lideranças do PT em outubro do ano passado, quando disse ao Estadão que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria conspirado pelo impeachment de Dilma Rousseff. Na entrevista desta segunda-feira, Ciro reforçou a acusação, apontando a aproximação do presidenciável petista com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que presidia o Senado na ocasião do impedimento.
O presidenciável também atacou a candidatura do ex-juiz Sérgio Moro. Ele acusou o pré-candidato do Podemos de corrupção passiva por, segundo ele, ter aceitado a vaga de ministro no governo Bolsonaro com a intenção de ser indicado pelo presidente para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ciro também acusou Moro de obter vantagem indevida ao ser contratado pela consultoria americana Alvarez & Marsal, responsável pelo processo de recuperação judicial da Odebrecht, construtora envolvida em condenações da Lava Jato.