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"Se achar que não contribuo mais, sairei", diz Cardozo

Na semana passada, o ministro chegou a ser convidado pela Executiva de seu partido para explicar o que os petistas entendem como "vazamentos seletivos"


	José Eduardo Cardozo: "eu não tenho de prestar informações só ao PT, mas a qualquer força política que desejar explicações em relação aos meus atos", disse
 (José Cruz/Agência Brasil)

José Eduardo Cardozo: "eu não tenho de prestar informações só ao PT, mas a qualquer força política que desejar explicações em relação aos meus atos", disse (José Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2015 às 11h59.

Brasília - Pressionado pelo PT a controlar a Polícia Federal, diante dos escândalos que atingem o partido e batem à porta do Palácio do Planalto, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na quinta-feira, 2, que não orienta as investigações nem para beneficiar aliados ou punir adversários e admitiu a possibilidade de deixar o cargo.

"Se eu achar que não contribuo mais para o projeto e não sirvo mais à presidenta, sairei", disse Cardozo ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na semana passada, o ministro chegou a ser convidado pela Executiva de seu partido para explicar o que os petistas entendem como "vazamentos seletivos" da Operação Lava Jato. A estratégia foi considerada "um tiro no pé" pelo Planalto e o PT recuou.

"Eu não tenho de prestar informações só ao PT, mas a qualquer força política que desejar explicações em relação aos meus atos", reagiu Cardozo. Mas, mesmo diante de uma nota de apoio à sua atuação, divulgada no fim da tarde por deputados federais do PT, o ministro desconversou sobre seu futuro: "Não tem nem fico nem sai".

Sobre uma possível saída do ministério, Cardozo afirma que, "o Ministério da Justiça tem, sim, prazo de validade". E completa, "tenho hoje uma situação até curiosa porque, no período democrático, sou o ministro que ficou mais tempo no cargo. O que eu posso afirmar é que, dentre os meus muitos defeitos, a lealdade é uma qualidade. Sou leal à presidenta Dilma e ao projeto que ela representa. Enquanto eu servir a esse projeto e ela achar que eu sirvo, ficarei. Se eu achar que não contribuo mais para o projeto e não servir mais à presidenta, sairei. Mas continuarei defendendo o projeto onde quer que esteja porque acredito na presidenta Dilma e na sua honestidade".

"Não existe nem fico nem saio", diz Cardozo. "Como ministro, eu não tenho de prestar informações só ao PT, mas a qualquer força política que deseje explicações em relação aos meus atos. Sempre que for convidado, irei com grande prazer".

Cardozo afirma não se sentir traído por seus pares e diz que não foi pressionado a intervir nas investigações "de forma nenhuma". "Eu represento um projeto que ajudei a construir desde a origem do PT. Agora, é evidente que há divergências. Eu mesmo pertenço a uma corrente (Mensagem ao Partido) que por vezes expressa posições diferentes. É legítimo que pessoas me aplaudam ou vaiem. Eu agi, ajo e agirei, enquanto aqui permanecer, de acordo com a Constituição e com a minha consciência. Jamais um ministro da Justiça, num Estado de Direito, deve orientar investigações, dizendo que os inimigos devem ser atingidos e os amigos, poupados. Tenho minha consciência absolutamente tranquila", afirma.

Indagado se Lula será o próximo alvo da Lava Jato, o petista afirma que o ex-presidente é "um líder reconhecido no Brasil e no mundo" e diz não acreditar que ele possa "ter praticado atos lesivos ao patrimônio ou atos ilícitos". "Não vejo como ele possa ser alvo de investigação", diz Cardozo.

Sobre o momento mais difícil que teria enfrentado, o ministro sorri e afirma que depois da posse, em 2011, não se "lembra de momentos fáceis".

Dilma

Questionado sobre os escândalos da Operação Lava Jato terem atingido até mesmo a visita da presidente aos Estados Unidos e sobre como governo pode sair das cordas e criar uma agenda positiva, o ministro afirma que "a visita da presidenta aos Estados Unidos foi muito exitosa" e diz não crer que o governo "esteja nas cordas". Segundo ele, "assa, sim, por uma turbulência natural".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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