Brasil

Salles visita Noronha: governo quer reduzir taxa de turismo

Bolsonaro defende aumento da visitação em Noronha, mas crescimento de 70% do turismo em cinco anos vem sendo criticado por ambientalistas

Fernando do Noronha: Arquipélago recebeu mais de 103.000 turistas em 2019, mais de 10.000 pessoas acima da capacidade (Arquivo/Agência Brasil)

Fernando do Noronha: Arquipélago recebeu mais de 103.000 turistas em 2019, mais de 10.000 pessoas acima da capacidade (Arquivo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2019 às 06h21.

Última atualização em 18 de julho de 2019 às 06h52.

Para cada medida relevante, como a reforma da Previdência, o governo segue tirando da caixa uma infinidade de distrações. Mais uma vem à tona nesta quinta-feira, 18. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visita o arquipélago Fernando de Noronha para vistoriar os serviços locais e discutir uma possível redução das taxas cobradas dos turistas que visitam a ilha.

As taxas entraram na mira do governo neste sábado, 13, depois que o presidente Jair Bolsonaro disse que a cobrança é “um roubo praticado pelo governo federal”.

Desde 2012, turistas estrangeiros pagam 212 reais e brasileiros 106 reais por um ingresso de dez dias de acesso ao parque nacional, que corresponde à maior área do local.

O espaço é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia do Ministério do Meio Ambiente.

Além do ingresso para o parque, turistas também precisam pagar uma taxa de 73,52 reais por dia para preservação ambiental ao governo do estado de Pernambuco.

O governo federal não tem controle sobre essa outra cobrança e não pode modificá-la. O governo pernambucano é responsável pela área habitável, onde vivem cerca de 2.900 pessoas, segundo dados de 2015, e diz que a taxa de turismo é necessária para prestar serviços à população local.

Assim, um turista que fique cinco dias na ilha pode pagar mais de 500 reais em taxas. Na postagem em que reclamou da cobrança da taxa federal, Bolsonaro escreveu que “isso [a taxa] explica porque quase inexiste turismo no Brasil”.

As cobranças, contudo, não impediram que 103.000 pessoas visitassem Noronha em 2018 (menos de 9% deles estrangeiros), número 70% maior do que há cinco anos. Segundo um estudo de capacidade feito em 2009, o arquipélago só comportaria 89.000 visitantes por ano.

Felipe Mendonça, ex-chefe do parque nacional em Noronha e exonerado no governo Bolsonaro, vinha criticando o aumento do fluxo de turistas.

O governo de Pernambuco vem aumentando as autorizações de voos, ao mesmo tempo em que há relatos de falta de água para a população local, filas no agendamento de trilhas e problemas ambientais causados pelo alto fluxo de turistas e por muitos empreendimentos, como hotéis de luxo que pipocaram na região nos últimos anos.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou que Salles, o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo e dirigentes do ICMBio irão, na visita de hoje, “buscar pontos, de forma consensual” para uma redução da tarifa que possa “facilitar o acesso a tantos outros turistas”. Em meio ao debate, a certeza é que não será com simples canetadas que o número de turistas crescerá de forma sustentável no Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeGoverno BolsonaroTurismo

Mais de Brasil

Novas regras do BPC: como será a revisão do benefício que pode bloquear cadastros desatualizados

PGR denuncia Nikolas Ferreira por injúria contra Lula

Após ameaça de ala pró-Nunes, Federação do PSDB confirma Datena como candidato em SP

Lula anuncia obras de prevenção a desastres, esgoto, água e mobilidade com recurso de R$ 41,7 do PAC

Mais na Exame