Ricardo Salles: ministro criticou "protecionismo" dos países ricos na COP25 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 13h57.
Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 10h45.
São Paulo — No fim da 25ª Conferência das Partes (COP-25), conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, neste domingo (15), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o encontro "não deu em nada" e prevaleceu o "protecionismo" de alguns países.
Em vídeo publicado no Twitter, o ministro questionou a falta de regulamentação do mercado global de créditos de carbono, que foi adiada para o próximo ano diante da falta de um acordo. No entanto, o Brasil foi o principal bloqueador do consenso.
Segundo a Folha de S.Paulo, Salles usou as reuniões bilaterais com países desenvolvidos para pedir dinheiro ao Brasil, como contrapartida para desbloquear a negociação. Negociadores de diferentes países qualificaram a tática brasileira como uma "chantagem imatura".
"COP 25 não deu em nada. Países ricos não querem abrir seus mercados de créditos de carbono. Exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem. Protecionismo e hipocrisia andaram de mãos dadas, o tempo todo", escreveu o ministro na rede social.
COP 25 não deu em nada. Países ricos não querem abrir seus mercados de créditos de carbono. Exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem. Protecionismo e hipocrisia andaram de mãos dadas, o tempo todo pic.twitter.com/jZ0bBej9dl
— Ricardo Salles (@rsallesmma) December 15, 2019
As discussões giraram em torno da criação de regras para o comércio de créditos de carbono. A expectativa era chegar a uma regulamentação para que países que emitem menos carbono (como o Brasil), pudessem vender esse "excedente" (os chamados "créditos de carbono") para outros países.
O tema está previsto no artigo 6 do Acordo de Paris, firmado em 2015 e que estipula metas globais para a redução da emissão de poluentes. Em entrevista a EXAME no início da conferência, Salles afirmou que um dos principais objetivos da delegação brasileira na COP25 era avançar nesta questão.
Aprovado em 2015, o Acordo de Paris estipula uma série de medidas para os países reduzirem gases do efeito estufa a partir de 2020. O objetivo é conter o aquecimento global abaixo de 2 ºC, preferencialmente em 1,5 ºC até 2030.
Ao assinar o acordo, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030 sem necessidade de ajuda externa.
A relação do Brasil com a COP-25 já vinha azeda desde que o país desistiu, no fim do ano passado, de sediar a conferência. Segundo nota do Ministério de Relações Exteriores, a decisão foi tomada levando em conta restrições orçamentárias e o atual processo de transição presidencial.
Embora o presidente em exercício no momento fosse Michel Temer, o Ministério afirmou na ocasião que a decisão fora tomada pelo governo de transição do presidente Jair Bolsonaro.
Desde então, a gestão Bolsonaro vem sendo criticada por ambientalistas e organizações internacionais por aumento das queimadas no Brasil e por declarações e medidas do presidente que ativistas consideram prejudiciais ao meio ambiente.