Marco Feliciano: “Ele é deputado de todos, não somente dos cristãos", defendeu o chefe de gabinete Tauma Bauer sobre a entrevista para a Playboy (Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 16h57.
São Paulo – Famoso por criar intensos debates devido a suas posições polêmicas na política, o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) agora é alvo de “fogo amigo” vindo justamente da ala que ajudou a colocá-lo no poder: a igreja evangélica.
Devido à entrevista que concedeu em abril à revista Playboy, da Editora Abril, o parlamentar corre o risco de perder o título de pastor.
Na prática, o fato o impediria de ministrar cultos em uma das maiores igrejas do país, a Assembleia de Deus.
Sob a alegação de que o veículo - voltado para o público masculino - não seria “aconselhável para cristãos” por possuir fotos de mulheres nuas, a Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo (Confradesp) encaminhou o caso para o Conselho de Ética e Disciplina da instituição.
De acordo com o pastor Lelis Washington, membro da mesa diretora da Confradesp, o caso ainda será analisado, mas se houver condenação, as punições vão desde uma suspensão temporária à remoção efetiva do título de pastor.
“Quando a entrevista veio à tona, a mesa resolveu se reunir. Não pelo conteúdo em si, mas por causa do veículo em que foi publicada. A revista induz a distorções comportamentais que vão contra a ética que envolve os princípios evangélicos”, afirma o pastor.
Segundo ele, ainda não foi definida a data em que Feliciano será ouvido para apresentar sua defesa.
Sexo, drogas e religião
Na entrevista de oito páginas concedida à Playboy, Feliciano falou de diversos assuntos, entre eles o fato de ter usado cocaína durante a adolescência, sua opinião sobre sexo anal, homossexuais, sua trajetória até se converter em evangélico e seu sonho em ser presidente.
Em seu site oficial, o deputado afirmou que falou à revista para exercer seu direito de resposta às críticas feitas pelo humorista Gregório Duvivier em edição anterior, consideradas "humilhantes" pelo pastor.
A confusão começou após Feliciano entrar com uma representação no Ministério Público contra o canal Porta dos Fundos devido à publicação de um vídeo que fala sobre religião.
Resposta
Procurado por EXAME.com, Feliciano não se pronunciou sobre a investigação no Conselho de Ética da Confradesp até a publicação desta reportagem.
No entanto, seu chefe de gabinete, Tauma Bauer, afirmou que o deputado ainda não foi notificado oficialmente sobre o caso, mas que “pedidos de explicações são normais” dentro da estrutura da igreja.
“Ele é deputado de todos, não somente dos cristãos. Se desse entrevista para uma revista espírita, iriam dizer que é macumbeiro? Acredito que não”, afirmou Bauer.
“Esse público (da Playboy) merece respeito. A entrevista não deixa de ser uma pregação, e pregação se faz em todos os lugares, até na cadeia, que é cheia de bandidos”, disse.