São Paulo - O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmou nesta quarta-feira, 13, que a companhia de saneamento que atende São Paulo não prevê a necessidade de um racionamento de água em 2015, mesmo diante de um cenário mais adverso de chuvas do que aquele visto no ano passado.
A Sabesp trabalha hoje, segundo Kelman, com a possibilidade de o volume de chuvas deste ano ser até 20% inferior ao nível de 2014, considerado o pior ano da série histórica.
"Não contamos com a sorte. A Sabesp conta hoje com pouca água vindo de São Pedro e está preparada para qualquer situação. O cenário que trabalhamos hoje é com uma possibilidade de vazão extremamente baixa, equivalente a 80% do que foi o ano passado. É um cenário conservador", afirmou Kelman.
O presidente da Sabesp participou hoje de uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp, instalada na Câmara Municipal de São Paulo desde o ano passado.
"Adotamos um cenário conservador para tomar as decisões. Imaginamos que São Pedro vai nos castigar mais ainda (em 2015), portanto ninguém está contando com a boa vontade de São Pedro. E se ele se portar de forma mais camarada, serão apenas vantagens", disse.
Kelman não revelou se há um limite mínimo do reservatório de Cantareira para que seja anunciado um racionamento de abastecimento.
Ao garantir que a Sabesp não adotará rodízio de água em 2015, Kelman destacou a importância de a população continuar economizando e de o cronograma das obras em curso ser cumprido.
Segundo ele, o principal projeto deste ano, que é a interligação da representa Billings com o sistema Alto Tietê, estará concluído em setembro, conforme o cronograma mais recente.
"Não teremos rodízio se a população continuar economizando e se concluirmos, como estamos fazendo, as obras de reforço dentro do cronograma estimado", disse Kelman.
O presidente da Sabesp também comentou sobre um relatório elaborado internamente que aponta um cenário mais adverso, o qual pode exigir da companhia a prioridade de abastecimento a locais como hospitais, centros de hemodiálise e presídios.
"O relatório se prepara para uma situação que não deve ocorrer. Mas é obrigação das autoridades, mesmo diante de hipótese remotíssima, estarem preparadas para (atender) uma centena de pontos de interesse maior da sociedade", justificou Kelman após participar da CPI da Sabesp.
Otimismo
Kelman destacou que, diante das previsões atuais, a Sabesp não prevê a utilização de novos volumes mortos no sistema Cantareira, embora tais medidas sejam "fisicamente possíveis".
O presidente da Sabesp também descartou a possibilidade de a empresa adotar novas medidas punitivas aos consumidores que não tenham reduzido o uso de água.
O executivo foi convidado pela CPI para explicar o reajuste de 15,24% na tarifa a ser praticada pela companhia. Os novos preços devem entrar em vigor a partir de junho.
Esta será a segunda vez em que Kelman, presidente da Sabesp desde janeiro passado, será ouvido na CPI da Sabesp. A primeira ocorreu em fevereiro passado.
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1. Uma história de ataques e danos
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São Paulo - A relação das cidades com as
águas é um negócio curioso. Os homens sempre procuraram se fixar ao longo dos grandes rios para ter água e vias de transporte próximas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento urbano acarretou a deterioração desses recursos hídricos, comprometendo sua quantidade e qualidade. No maior estado do Brasil, não foi diferente. A história de São Paulo com seus rios é marcada por ataques e danos, que se repetem até hoje e nos ajudam a entender a crise hídrica que assombra a região de um jeito diferente
— mais integrado. Veja nas fotos 10 números que mostram o descaso do Estado paulista com este bem tão precioso.
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2. Passe livre para poluir
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Tão importante quanto ter água em quantidade é ter água de boa qualidade. São Paulo deixa de tratar quase 57% dos esgotos gerados, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Toda essa água suja ameaça as reservas limpas e encarece os custos de tratamento no futuro.
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3. Zero tratamento
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Entre os 645 municípios do Estado, pelo menos 60 não possuem tratamento algum de esgoto. Sem rede adequada, todo o esgoto gerado vai parar nos rios próximos. Em todos eles, a coleta de esgoto não passa de 40% dos domicílios.
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4. Ainda tem gente sem acesso à coleta de esgoto
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Quase 25% da população do Estado de São Paulo ainda não conta com serviços de coleta de esgoto. Quem mora nessas situações, precisa recorrer a métodos de risco para a saúde, como o uso de fossa negra.
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5. Desperdício
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De cada 100 litros de água coletada e tratada, apenas 66 litros chegam são e salvos na casa dos paulistas. Os outros 34 litros ficam pelo caminho. Ligações clandestinas, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas das perdas. Um quadro imperdoável para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso.
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6. Despejo ilegal
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No entanto, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo. Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera, segundo estudo feito pela Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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7. Descaso com as áreas verdes piora a crise
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Nos últimos 50 anos, a região da Cantareira teve quase 80% de sua vegetação nativa desmatada, segundo um
levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 21,5% da cobertura original nas bacias hidrográficas e nos 2.270 quilômetros quadrados do conjunto de seis represas que compõem o Sistema Cantareira. Os impactos do
desmatamento em áreas de manancial são significativos. A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios.
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8. "Joga no rio que o rio resolve"
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A política do laissez-faire com relação ao manejo do lixo resulta em situações como a que deixou atônita a população da região de Salto, em Sorocaba, em julho do ano passado. Por conta da estiagem severa, o Rio Tietê, que corta o centro da cidade, transformou-se num fio de água e expôs toneladas de lixo acumulado ao longo de décadas.
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9. Clandestinidade impera
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Na grande maioria dos casos é dos poços artesianos que os caminhões pipa retiram água. A cidade de São Paulo tem cerca de 2000 poços outorgados pelo DAEE, mas especialistas do setor estimam em mais de 8 mil o número de clandestinos, que incluem tantos poços operantes, como paralisados.
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10. Rodízio "vetado"
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O rodízio de água era a primeira opção apresentada pela Sabesp para contornar os níveis decadentes do sistema Cantareira. O plano foi formalmente entregue em janeiro de 2014 ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), mas foi descartado pelo governo Alckmin. Na ocasião, o rodízio proposto era de 48 horas com água e 24 horas sem para as localidades atendidas pelo Cantareira. Se tivesse sido implementada há um ano, a medida poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
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11. Tietê na UTI
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O mais importante rio do estado de São Paulo também é o mais poluído do Brasil, segundo o levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, do IBGE.
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12. Água no ralo
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