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Russomanno tenta reunir votos bolsonaristas em São Paulo

Nas últimas semanas, o parlamentar foi incentivado por Bolsonaro a entrar na campanha e recebeu a sinalização de que receberia seu apoio

Celso Russomanno: deputado é cotado para formar chapa como vice-prefeito de Covas nas eleições municipais  (Jailson Sam/Agência Câmara)

Celso Russomanno: deputado é cotado para formar chapa como vice-prefeito de Covas nas eleições municipais (Jailson Sam/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 12h31.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 15h36.

Recluso durante o período de pré-campanha na capital, o deputado Celso Russomanno (SP) será confirmado nesta quarta-feira, 16, como candidato do Republicanos à Prefeitura de São Paulo. Sua candidatura se consolidou como a principal aposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na corrida eleitoral deste ano. Nas últimas semanas, o parlamentar - derrotado nas eleições de 2012 e 2016 após liderar pesquisas de intenção de voto - foi incentivado por Bolsonaro a entrar na campanha e recebeu a sinalização de que receberia seu apoio. Ambos chegaram a se reunir em Brasília para tratar do assunto.

O principal objetivo dos bolsonaristas é confrontar, na capital paulista, o governador João Doria (PSDB), potencial candidato ao Palácio do Planalto na disputa de 2022 e do mesmo partido do prefeito Bruno Covas, candidato à reeleição.

O presidente tem apenas dois "aliados" que o defendem abertamente na eleição em São Paulo - o presidente do PRTB, Levy Fidelix, e o ex-presidente da OAB-SP Marcos da Costa (PTB). Nenhum deles, porém, tem densidade eleitoral. Bolsonaro vinha afirmando que não faria campanha para nenhum candidato no primeiro turno das eleições municipais, mas buscou alternativas pontuais para não ficar isolado.

No Rio, base eleitoral da família do presidente, o clã decidiu apoiar o prefeito Marcelo Crivella, do Republicanos, mesmo partido de Russomanno.

O deputado fez uma investida por alianças na reta final do prazo para as convenções partidárias - que se encerram hoje. Com respaldo do Planalto, Russomanno buscou o apoio do PSL e convidou a deputada Joice Hasselmann (PSL) para ser vice em sua chapa, o que implicaria a desistência do PSL de uma candidatura própria.

Essa articulação passou pela ala "bolsonarista" da cúpula do PSL nacional, que tenta se reaproximar do presidente. A articulação, porém, não prosperou.

PSL

Na segunda-feira, o deputado Junior Bozzella, presidente do PSL de São Paulo e vice-presidente nacional da legenda, registrou formalmente o nome de Joice no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) o que impossibilita qualquer intervenção do Diretório Nacional. "Enxergamos a tentativa do candidato Russomanno como um reconhecimento ao forte potencial da Joice, que já vem crescendo nas pesquisas, e é com ela que o PSL vai até o fim", declarou Bozzella ao Estadão.

Também na tentativa de reforçar o perfil bolsonarista e agregar tempo de rádio e TV à chapa, o Republicanos paulistano ainda sondou o major Costa e Silva, que disputou o cargo de governador pelo Democracia Cristã (DC) nas eleições de 2018. Ele, no entanto, vai ser candidato a vereador pelo PTB.

Russomanno manteve conversas com Marcos da Costa, candidato do PTB à Prefeitura. "Não há a menor chance de Marcos da Costa não ser candidato", disse o deputado estadual Campos Machado, presidente do PTB paulista.

A indecisão de Russomanno em relação à candidatura deixou reduzido o leque de opções de composição. O Republicanos negociou com Bruno Covas a possibilidade de o partido, que é aliado do PSDB no plano municipal, indicar o candidato a vice do tucano, mas a conversa não avançou. O partido, que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, passou então a ser sondado também em São Paulo pelo PSB do ex-governador Márcio França.

"Não dá para a gente abortar uma campanha dessas", disse ao Estadão o presidente municipal do Republicanos, Marcos Alcântara que concentrou todas as funções da pré-campanha, como elaboração de pontos que podem constar no plano de governo, articulação política e comunicação.

Russomanno chegou a se encontrar com Bolsonaro pelo menos duas vezes no início do mês para pedir apoio público à sua campanha. As agendas ocorreram no dia 2 e haviam sido solicitadas pela bancada do Republicanos, que integra a base aliada do governo federal.

Na ocasião, os deputados pediram que o presidente se encontrasse novamente com o pré-candidato para falar das eleições em São Paulo.

Recado

Na convenção que confirmou a candidatura à reeleição de Covas, no domingo passado, Doria fez um discurso com recado claramente dirigido ao presidente Jair Bolsonaro. "Os verdadeiros patriotas não são só aqueles que vestem uma camisa verde e amarela para seguir às cegas lideranças que não conduzirão o Brasil para um patamar de igualdade, justiça e fraternidade", disse o governador.

Com o lançamento da candidatura de Russomanno, hoje, a disputa em São Paulo deverá ter pelo menos 15 candidatos ao cargo de prefeito da capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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