Ruralistas são suspeitos de intervir em PEC sobre terras
Ministério Público revelou a suspeita de que ruralistas tentaram interferir na tramitação de uma proposta de emenda que trata de demarcação de terras indígenas
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 19h09.
Brasília - O Ministério Público Federal (MPF) revelou a suspeita de que ruralistas tentaram interferir na tramitação no Congresso de uma proposta de emenda à Constituição que trata de demarcação de terras indígenas.
De acordo com informações divulgadas nesta semana pelo MPF, conversa telefônica interceptada com autorização judicial mostrou que o líder ruralista Sebastião Ferreira Prado planejava pagar R$ 30 mil a um advogado ligado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que seria o responsável pelo relatório da proposta.
Segundo o MPF, no diálogo interceptado, Prado disse: "o cara que é relator, o deputado federal que é o relator da PEC 215, quem está fazendo para ele a relatoria é o Rudy, advogado da CNA, que é amigo e companheiro nosso". Líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missu (Aprossum), Prado está preso desde o último dia 7.
No dia 11, o MPF pediu à Justiça que mantivesse Prado na prisão. Na ocasião, sustentou que havia uma suspeita de tentativa de corromper a edição de um ato normativo e que, portanto, o Judiciário precisava impedir isso.
Em sua decisão, o juiz responsável pelo caso reconheceu que o lobby no Congresso é um aspecto inerente ao processo político. No entanto, ele disse que o problema foi o meio usado para fazer o lobby, mediante a tentativa de pagamento ao responsável pela elaboração do texto.