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Rui Falcão diz que vazamento de conversa é “absurdo”

O juiz Sérgio Moro, que julga os processos da Operação Lava Jato em primeira instância, divulgou ontem (16) conversas gravadas de Lula


	Rui Falcão: a declaração de Rui Falcão ocorreu no Ato pela Legalidade Democrática, que reuniu pessoas a favor do governo
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Rui Falcão: a declaração de Rui Falcão ocorreu no Ato pela Legalidade Democrática, que reuniu pessoas a favor do governo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2016 às 08h14.

O presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, disse que considera um “absurdo” o vazamento da conversa entre a presidenta Dilma Roussef e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O juiz Sérgio Moro, que julga os processos da Operação Lava Jato em primeira instância, divulgou ontem (16) conversas gravadas de Lula.

A declaração de Rui Falcão ocorreu no Ato pela Legalidade Democrática, que reuniu pessoas a favor do governo no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), na noite de hoje.

Ele comparou o evento às manifestações da campanha das Diretas Já e à luta pela anistia.

“Hoje nós estamos vivendo uma espécie de estado de exceção dentro do Estado Democrático de Direito e a maior prova é hoje: acabam de revelar, em um vazamento autorizado pelo juiz Moro, um grampo telefônico de uma conversa da presidenta da República com o ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, disse Rui Falcão.

Segundo ele, o ato vem em defesa da democracia, contra o golpe e contra violações à Constituição.

Durante o ato, as 672 cadeiras do Tuca estavam ocupadas e algumas pessoas sentaram no chão para acompanhar as falas de juristas, professores e intelectuais.

Do lado de fora, na porta do teatro, dezenas de pessoas assistiam a reprodução do evento em um telão. Entre os depoimentos, os presentes gritavam “não vai ter golpe”.

Semelhanças com 1964

O jurista Fábio Konder Comparato discursou no ato, comparando a situação atual ao que precedeu a ditadura militar no país.

“Estamos sofrendo uma doença muito grave, semelhante àquela que acometeu o país em 1964. Diante de uma doença, é preciso superar a análise dos sintomas e verificar as causas”.

Segundo Comparato, existem duas causas imediatas para a crise atual. A primeira seria econômica.

“A situação econômica do Brasil é periclitante e não é por causa do governo brasileiro e sim por um reflexo da crise mundial”, avaliou.

De acordo com o jurista, a segunda maior economia do mundo, a China, no ano passado teve o menor crescimento dos últimos 25 anos.

Outra questão que abrange a economia seria a transformação do capitalismo industrial em capitalismo financeiro.

“Nós todos sabemos que um banco não produz riqueza alguma. No máximo ele pode ajudar a produzir riqueza, mas não é o que está acontecendo agora. Os bancos ganham rios de dinheiro com especulações financeiras”, disse Comparato.

A segunda causa imediata é política, disse o jurista. “É preciso entender que em um país que teve quase quatro séculos de escravidão legal, o desprezo pelos pobres, sobretudo pelos pobres negros, dificilmente acabará”, disse ao avaliar que Lula, que veio da classe proletária e assumiu a chefia do Estado, sofre preconceito de parte da população.

Solução

A solução para a crise trata-se de um trabalho a longo prazo, na opinião do jurista. “É preciso unir o máximo de forças sociais, movimentos sociais, sindicatos, grupos intelectuais e religiosos no combate contra o capitalismo”.

Um dos objetivos, segundo Comparato, é tornar o povo soberano sobre o próprio país e que não se submetam à dominação das classes oligárquicas.

“Nesse país, não é o povo soberano, como diz a Constituição, soberanos são os potentados econômicos privados, intimamente ligados com agentes estatais”.

Comparato ressalta a importância dos meios de comunicação para promover a educação política da sociedade. Desse modo, o povo estaria preparado para “o exercício futuro do poder político”.

“Em uma sociedade de massas, isso só se faz pelos meios de comunicação de massa”. Ele lamentou, porém, que esses meios de comunicação de massa, no Brasil, estejam submetidos a um oligopólio empresarial.

Estavam presentes no ato o jornalista Fernando Morais, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, o ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, e o advogado Celso Antônio Bandeira de Mello.

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