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Rosa Weber, a novata da Corte, não perdeu nenhuma até agora

Em todos os casos de divergência entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, o voto da ministra acabou antecipando o veredicto do Supremo


	Rosa Weber, o termômetro do plenário até agora, e Dias Toffoli, vencido nove vezes
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Rosa Weber, o termômetro do plenário até agora, e Dias Toffoli, vencido nove vezes (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2012 às 15h16.

São Paulo - Dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), três não foram vencidos em nenhuma das sentenças proferidas até agora: a novata Rosa Weber, Gilmar Mendes e o decano Celso de Mello. Na outra ponta, o ministro revisor Ricardo Lewandowsi e Dias Toffoli foram os mais contrariados até agora: dez e nove votos vencidos, respectivamente.

Weber é a mais nova ministra da Corte e, por isso, a primeira a votar, logo após o relator Joaquim Barbosa e Lewandowsi . Nas muitas divergências entre relator e revisor, o voto da ministra foi até agora o mais preciso termômetro da Corte e em todos os casos antecipou o veredicto. Por isso têm sido frequentes no plenário as menções ao seu voto – ou à 'trilha aberta' por ela, conforme o presidente do STF, Ayres Britto. Mendes e Mello estão no fim da fila (sétimo e nono, após a saída de Cezar Peluso), e quando chega a vez deles, a maioria já está formada – ou quase, cabendo a um dos ministros selá-la.

Termômetro – Com duas 'fatias' do julgamento concluídas, já foram proferidas 28 sentenças (25 condenações e três absolvições). Destas, quinze foram unânimes. Das outras treze, doze opuseram Barbosa a Lewandowski, o primeiro votando pela condenação, o segundo pela absolvição. Weber divergiu duas vezes do relator, nove do revisor e deixou para votar depois os crimes de lavagem de dinheiro.

A primeira vez que Weber contrariou o voto de Barbosa foi no julgamento do deputado petista João Paulo Cunha. O relator pediu a condenação do ex-presidente da Câmara por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e dois crimes de peculato (os desvios de 536.440,55 reais para o caixa de Marcos Valério e de 252 mil reais em proveito próprio). Lewandowski inocentou o petista de todas as acusações. Weber acompanhou Barbosa em três condenações e seguiu Lewandowski em uma absolvição (o segundo crime de peculato). Esta foi a votação mais apertada até agora, 6 votos a 5, e teria terminado em empate se não fosse o voto de Peluso, agora aposentado.


A segunda divergência de Weber foi no julgamento da cúpula do Banco Rural, acusada de gestão fraudulenta. Barbosa pediu a condenação dos quatro réus do núcleo financeiro: a banqueira Kátia Rabello e os executivos José Roberto Salgado, Vinicius Samarane e Ayanna Tenório. Lewandowski culpou apenas dois: Kátia e Salgado. Weber proferiu um voto intermediário: poupou Ayanna, mas condenou Samarane, trilha seguida mais uma vez pela maioria do STF.

Por enquanto, estas duas divergências foram as únicas vezes em que Barbosa foi voto vencido. Até agora, o ministro acolheu todas as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e absolveu apenas um réu, o ex-ministro de Lula Luiz Gushiken, cuja condenação, aliás, a própria PGR já havia desistido de pedir.

Vencidos Lewandowski e Toffoli – Lewandowski divergiu doze vezes de Barbosa e em dez ocasiões não conseguiu convencer a maioria da casa. Dias Toffoli seguiu Lewandowski onze vezes, e em nove foi voto vencido.

Lewandowski e Toffoli divergiram tanto do relator – até agora – que deixaram para trás até o 'ministro do voto vencido' Marco Aurélio de Mello, conhecido pela frequência com que discorda dos pares. Até agora, Marco Aurélio foi vencido apenas quatro vezes, uma das quais sozinho, ao inocentar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil da acusação de lavagem de dinheiro. Na ocasião, aliás, conseguiu a proeza de divergir tanto de Barbosa quanto de Lewandowski.

Os demais ministros - Ayres Britto, Cármen Lúcia, Cezar Peluso e Luiz Fux - foram vencidos uma única vez no julgamento do mensalão.

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