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Ronaldo está pronto para assumir comitê da Copa de 2014?

Indicação começou como brincadeira e acabou virando uma possibilidade real. Fenômeno viraria o homem forte do Mundial - mas teria de se superar outra vez

O ex-craque negocia com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para assumir o cargo mais importante do Mundial (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2011 às 12h55.

Ronaldo começou 2011 como jogador de futebol - e pode terminá-lo como o homem-chave da Copa do Mundo no Brasil. O ex-craque negocia com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para assumir o cargo mais importante do Mundial: a presidência do Comitê Organizador Local (COL), responsável por todos os aspectos ligados à preparação para o evento.

Enfraquecido politicamente, Teixeira vinha procurando uma solução para o comando da Copa havia alguns meses (com a posse de Dilma Rousseff na Presidência, o cartola perdeu trânsito e prestígio no governo, e teme que isso comprometa o andamento dos preparativos para a Copa). Há poucos dias, num jantar entre amigos, o nome de Ronaldo foi cogitado em tom de brincadeira. Mas o assunto transformou-se numa possibilidade real - e, desde então, as conversas para que o Fenômeno assumisse o cargo evoluíram numa rapidez espantosa.

De acordo com a coluna Radar on-line de VEJA, Ronaldo e Teixeira praticamente bateram o martelo - em princípio, Ronaldo será "a cara e a voz" do comitê, segundo palavras de quem está acompanhando o assunto de perto. Nesta terça, Teixeira está em Zurique. Segue para Londres na quarta e somente na quinta-feira desembarcará no Rio de Janeiro para a reunião final com Ronaldo.

Estratégia adotada pelos países-sede de duas das últimas quatro Copas, a indicação de um grande ídolo para comandar o COL tem vantagens óbvias. No caso do Brasil, onde a realização da Copa ainda é vista com extrema desconfiança pela população, a nomeação de Ronaldo para o cargo poderia transformar a percepção da opinião pública sobre o evento. Há, porém, alguns obstáculos evidentes. O país está atrasado nas obras, e há uma série de dificuldades políticas e institucionais no caminho até 2014.

Contra: não tem a formação necessária

O presidente do Comitê Organizador Local (COL) precisa combinar as funções de político e executivo. Além de comandar a equipe responsável por viabilizar o evento no país, precisa se relacionar com o Planalto e os estados, além de manter contato ininterrupto com a Fifa. Em meio a essas tarefas está, por exemplo, o acompanhamento das obras de infra-estrutura e da construção dos estádios.

Ronaldo deixou os gramados em fevereiro. Jamais teve qualquer envolvimento com a organização de grandes eventos - e muito menos com construção civil, urbanismo e planejamento financeiro. Seu sucesso repentino como empresário à frente da agência de marketing 9ine se explica muito mais pelo carisma e pelos contatos pessoais preciosos do que pela formação profissional. Sozinho, Ronaldo não será capaz de realizar as tarefas previstas para seu cargo.

A favor: tem popularidade e credibilidade

Um dos rostos mais conhecidos do planeta, Ronaldo é ídolo em qualquer país que visite. No Brasil, foi um dos poucos jogadores que conseguiram conquistar a simpatia dos torcedores de todos os clubes apesar de sua ligação com uma só equipe, o Corinthians, no fim da carreira.

Querido por boa parte da população e admirado até pelos políticos que terá de dobrar como chefão da Copa, Ronaldo tem o perfil ideal para assumir uma posição tão delicada (principalmente na comparação com o atual ocupante do cargo, Ricardo Teixeira, um dos campeões de rejeição na opinião pública nacional).


Contra: pode criar conflitos de interesses

Ronaldo baseou seu sucesso como empresário na exploração de uma das grandes heranças de seus tempos de craque internacional. A agenda de telefones do celular de Ronaldo inclui de Bono a Luciano Huck, do presidente do Real Madrid ao do Barcelona, de políticos a artistas. Com o empresário Marcus Buaiz como escudeiro, abriu uma empresa que se especializou em fechar negócios criados justamente por suas relações pessoais e pelo interesse que sua imagem desperta.

Os contratos eram fechados a toque de caixa: Ronaldo atraía atletas que sempre o admiraram (como Neymar, Lucas e Anderson Silva), atraía patrocinadores com seu ótimo trânsito no mundo corporativo e ainda tinha cada negócio bem-sucedido anunciado com grande repercussão na imprensa. Mas até que ponto sua intimidade com outros envolvidos na Copa de 2014 - como o cartolão Andrés Sanchez, o técnico Mano Menezes, executivos e apresentadores da TV Globo e até mesmo os jogadores agenciados pela 9ine, que disputam um lugar na seleção - pode ser encarada como simples amizade e não um possível choque de interesses?

A favor: seus antecessores deram certo

Entre as últimas quatro Copas do Mundo, as duas mais bem-sucedidas foram conduzidas por ex-jogadores. Em 2002, Platini foi o presidente do Comitê Organizador Local do Mundial da França. O ex-meia desempenhou a função com tanta desenvoltura que hoje é o presidente da Uefa, a confederação europeia de futebol.

Em 2006, na Alemanha, foi a vez de Franz Beckenbauer, que também teve atuação irretocável. Ex-jogadores não precisam de fama, de poder nem de dinheiro - e têm prestígio de sobra para resolver conflitos e aglutinar pessoas. Se depender do histórico recente dos Mundiais, Ronaldo pode ser o ingrediente que faltava à Copa no Brasil.

Contra: dificilmente terá autonomia total

Ronaldo teria estabelecido uma condição essencial para assumir o cargo: ele não quer ser só um porta-voz da Copa, e sim o principal responsável pelo Comitê, com independência e poder. Ainda que prometa ceder tudo isso a Ronaldo, Ricardo Teixeira dificilmente permitirá que alguns aspectos ligados à organização da Copa fujam ao seu controle. O Fenômeno pode até acreditar que terá autonomia para fazer o que quiser. Falta só combinar com o chefão da CBF.

A favor: ele sempre desmentiu os críticos

A grande marca da carreira de Ronaldo é a superação. Depois de derrotar duas lesões gravíssimas, continuou jogando em alto nível - sempre contrariando os prognósticos e desmentindo os críticos. Na Copa de 2002, chegou como incógnita. Marcou oito gols em seis jogos. Já veterano, deixou o Milan, da Itália, quando até os médicos desconfiavam de sua chance de voltar a jogar. Voltou, e bem - apesar do sobrepeso, ganhou títulos e brilhou com o Corinthians. O cargo de dirigente máximo da Copa de 2014 seria a primeira chance de Ronaldo assombrar o mundo como ex-jogador.

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Ronaldo começou 2011 como jogador de futebol - e pode terminá-lo como o homem-chave da Copa do Mundo no Brasil. O ex-craque negocia com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para assumir o cargo mais importante do Mundial: a presidência do Comitê Organizador Local (COL), responsável por todos os aspectos ligados à preparação para o evento.

Enfraquecido politicamente, Teixeira vinha procurando uma solução para o comando da Copa havia alguns meses (com a posse de Dilma Rousseff na Presidência, o cartola perdeu trânsito e prestígio no governo, e teme que isso comprometa o andamento dos preparativos para a Copa). Há poucos dias, num jantar entre amigos, o nome de Ronaldo foi cogitado em tom de brincadeira. Mas o assunto transformou-se numa possibilidade real - e, desde então, as conversas para que o Fenômeno assumisse o cargo evoluíram numa rapidez espantosa.

De acordo com a coluna Radar on-line de VEJA, Ronaldo e Teixeira praticamente bateram o martelo - em princípio, Ronaldo será "a cara e a voz" do comitê, segundo palavras de quem está acompanhando o assunto de perto. Nesta terça, Teixeira está em Zurique. Segue para Londres na quarta e somente na quinta-feira desembarcará no Rio de Janeiro para a reunião final com Ronaldo.

Estratégia adotada pelos países-sede de duas das últimas quatro Copas, a indicação de um grande ídolo para comandar o COL tem vantagens óbvias. No caso do Brasil, onde a realização da Copa ainda é vista com extrema desconfiança pela população, a nomeação de Ronaldo para o cargo poderia transformar a percepção da opinião pública sobre o evento. Há, porém, alguns obstáculos evidentes. O país está atrasado nas obras, e há uma série de dificuldades políticas e institucionais no caminho até 2014.

Contra: não tem a formação necessária

O presidente do Comitê Organizador Local (COL) precisa combinar as funções de político e executivo. Além de comandar a equipe responsável por viabilizar o evento no país, precisa se relacionar com o Planalto e os estados, além de manter contato ininterrupto com a Fifa. Em meio a essas tarefas está, por exemplo, o acompanhamento das obras de infra-estrutura e da construção dos estádios.

Ronaldo deixou os gramados em fevereiro. Jamais teve qualquer envolvimento com a organização de grandes eventos - e muito menos com construção civil, urbanismo e planejamento financeiro. Seu sucesso repentino como empresário à frente da agência de marketing 9ine se explica muito mais pelo carisma e pelos contatos pessoais preciosos do que pela formação profissional. Sozinho, Ronaldo não será capaz de realizar as tarefas previstas para seu cargo.

A favor: tem popularidade e credibilidade

Um dos rostos mais conhecidos do planeta, Ronaldo é ídolo em qualquer país que visite. No Brasil, foi um dos poucos jogadores que conseguiram conquistar a simpatia dos torcedores de todos os clubes apesar de sua ligação com uma só equipe, o Corinthians, no fim da carreira.

Querido por boa parte da população e admirado até pelos políticos que terá de dobrar como chefão da Copa, Ronaldo tem o perfil ideal para assumir uma posição tão delicada (principalmente na comparação com o atual ocupante do cargo, Ricardo Teixeira, um dos campeões de rejeição na opinião pública nacional).


Contra: pode criar conflitos de interesses

Ronaldo baseou seu sucesso como empresário na exploração de uma das grandes heranças de seus tempos de craque internacional. A agenda de telefones do celular de Ronaldo inclui de Bono a Luciano Huck, do presidente do Real Madrid ao do Barcelona, de políticos a artistas. Com o empresário Marcus Buaiz como escudeiro, abriu uma empresa que se especializou em fechar negócios criados justamente por suas relações pessoais e pelo interesse que sua imagem desperta.

Os contratos eram fechados a toque de caixa: Ronaldo atraía atletas que sempre o admiraram (como Neymar, Lucas e Anderson Silva), atraía patrocinadores com seu ótimo trânsito no mundo corporativo e ainda tinha cada negócio bem-sucedido anunciado com grande repercussão na imprensa. Mas até que ponto sua intimidade com outros envolvidos na Copa de 2014 - como o cartolão Andrés Sanchez, o técnico Mano Menezes, executivos e apresentadores da TV Globo e até mesmo os jogadores agenciados pela 9ine, que disputam um lugar na seleção - pode ser encarada como simples amizade e não um possível choque de interesses?

A favor: seus antecessores deram certo

Entre as últimas quatro Copas do Mundo, as duas mais bem-sucedidas foram conduzidas por ex-jogadores. Em 2002, Platini foi o presidente do Comitê Organizador Local do Mundial da França. O ex-meia desempenhou a função com tanta desenvoltura que hoje é o presidente da Uefa, a confederação europeia de futebol.

Em 2006, na Alemanha, foi a vez de Franz Beckenbauer, que também teve atuação irretocável. Ex-jogadores não precisam de fama, de poder nem de dinheiro - e têm prestígio de sobra para resolver conflitos e aglutinar pessoas. Se depender do histórico recente dos Mundiais, Ronaldo pode ser o ingrediente que faltava à Copa no Brasil.

Contra: dificilmente terá autonomia total

Ronaldo teria estabelecido uma condição essencial para assumir o cargo: ele não quer ser só um porta-voz da Copa, e sim o principal responsável pelo Comitê, com independência e poder. Ainda que prometa ceder tudo isso a Ronaldo, Ricardo Teixeira dificilmente permitirá que alguns aspectos ligados à organização da Copa fujam ao seu controle. O Fenômeno pode até acreditar que terá autonomia para fazer o que quiser. Falta só combinar com o chefão da CBF.

A favor: ele sempre desmentiu os críticos

A grande marca da carreira de Ronaldo é a superação. Depois de derrotar duas lesões gravíssimas, continuou jogando em alto nível - sempre contrariando os prognósticos e desmentindo os críticos. Na Copa de 2002, chegou como incógnita. Marcou oito gols em seis jogos. Já veterano, deixou o Milan, da Itália, quando até os médicos desconfiavam de sua chance de voltar a jogar. Voltou, e bem - apesar do sobrepeso, ganhou títulos e brilhou com o Corinthians. O cargo de dirigente máximo da Copa de 2014 seria a primeira chance de Ronaldo assombrar o mundo como ex-jogador.

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