Rodoviários do Rio decidem entrar em greve hoje por tempo indeterminado
Decisão foi tomada em assembleia na noite desta segunda; paralisação se inicia à meia-noite desta terça
Agência O Globo
Publicado em 29 de março de 2022 às 07h06.
Última atualização em 29 de março de 2022 às 07h06.
Usuários de ônibus terão dificuldades para se locomover pela cidade do Rio nesta terça-feira. O Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro aprovou, em assembleia realizada na noite desta segunda, 28, uma paralisação por tempo indeterminado de motoristas e cobradores. A greve acontece a partir de zero hora desta terça-feira, 29. Por causa da paralisação, a prefeitura orienta o trabalho remoto ou que o carioca evite usar os outros modais da cidade nos horários de pico.
De acordo com o sindicato, cerca de 450 profissionais participaram do encontro na sede social da representação, em Rocha Miranda, na Zona Norte. Segundo a entidade, a decisão foi comunicada ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
O município tem 19 mil rodoviários, responsáveis pelo transporte de 3 milhões de passageiros diariamente. O novo capítulo da queda de braço entre os rodoviários e os empresários de ônibus agrava a situação do transporte público na cidade, que já é caótica. Alternativa para grande parte daqueles que dependem dos ônibus para se locomover, os trens da SuperVia tiveram mais de quatro horas de paralisação nesta terça.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José, diz que houve "total descaso" dos empresários em relação à possibilidade de uma proposta sobre o dissídio salarial dos trabalhadores, objeto de processo na Justiça. O pleito é por reajuste do salário e dos benefícios, que não acontece, segundo a categoria, há três anos. O sindicato se queixa de não ter recebido nenhuma contraproposta dos empresários.
"Como já era esperado, os empresários não ofereceram nenhuma proposta para reajustar os salários e demais benefícios. Ficaremos em estado de greve caso alguma proposta seja apresentada. Para isso convocamos nova assembleia para amanhã às 14h, aqui em Rocha Miranda, caso isso ocorra", disse José, em nota.
Na tarde desta segunda, o sindicato participou de uma audiência com a presença de empresários de ônibus e o Ministério Público do Trabalho (MPT). A reunião era para discutir o dissídio referente aos períodos de 2020/2021 e 2021/2022, que, de acordo com o sindicato, foi julgado improcedente pelos desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na semana passada.
A proposta apresentada pelos empresários no encontro foi de suspender a greve por 70 dias, mas, segundo o sindicato, o Ministério Público considerou o prazo longo demais e sugeriu que a categoria aguardasse até a segunda-feira. A sugestão foi discutida na assembleia desta segunda-feira, que acabou optando pelo início imediato da greve.
Horas antes da assembleia desta terça, José já tinha afirmado que a greve estava "decretada", mas que a categoria é que ia decidir, em assembleia, sobre a data da paralisação.
"A greve já está decretada, mas quem decidirá o início da paralisação será a categoria. Os trabalhadores não irão mais aceitar qualquer tipo de promessa dos empresários de ônibus", disse, também em nota.
Plano de contingência
Com a aprovação da greve dos rodoviários do Rio para os primeiros minutos desta terça-feira, a prefeitura do Rio orienta aos cariocas a trabalharem de casa. Caso a pessoa tenha necessidade de ir presencialmente, a orientação é evitar o horário de pico do Metrô, barcas, trens e VLT. Em nota, a prefeitura ainda diz que está tomando as providenciais judiciais para "assegurar a prestação do transporte público pelos motoristas e pelas Concessionárias".
Segundo com o município, uma acordo de 2018 com as empresas de ônibus prevê que os consórcios que administram o sistema possuem obrigação de garantir a operação de 50% das linhas que deixem de circular.
"A prefeitura orienta a quem precisa trabalhar presencialmente, que utilize o Metrô, Barcas, Supervia e VLT. Quem puder, viaje fora dos horários de pico ou trabalhe de casa. A população pode acompanhar as atualizações pelas redes sociais do COR (Twitter e Instagram), da SMTR (Instagram e Facebook), da MOBI-Rio (Facebook e Twitter - @BRTMobiRio) e pelos apps AlertaRio e Quicko", diz a prefeitura em nota.
Sindicato das empresas critica greve
Após a decisão do Sindicato dos Rodoviários, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) divulgou um comunicado em que critica a greve.
"O Rio Ônibus repudia o movimento grevista, que prejudicará toda a sociedade carioca. A ação, que tentou ser impedida pelo Rio Ônibus por liminar judicial, não resolve o problema da classe, e agrava a atual crise de mobilidade na cidade do Rio. Mesmo em meio às dificuldades financeiras já conhecidas pela população, as empresas têm priorizado o pagamento dos rodoviários e a manutenção de seus empregos", disse a entidade.
"O reajuste de salários depende de ações externas, já que três dos quatro consórcios se encontram em Recuperação Judicial. O Rio Ônibus pede que os profissionais não façam adesão à paralisação e retomem seus postos de trabalho, atendendo a população, até que haja resultados dos diálogos mantidos com a Prefeitura, na busca por soluções para o setor", completou.