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Rodízio de água vai afetar abastecimento na Zona Sul do Rio

Gabinete de crise exige da Cedae que corte no abastecimento não seja apenas em áreas das zonas Norte e Oeste e em Nilópolis, como ocorre há duas semanas

Torneira; água potável; falta de água  (Ravindra Thakan / EyeEm/Getty Images)

Torneira; água potável; falta de água (Ravindra Thakan / EyeEm/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 13h17.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 15h49.

Depois de duas semanas do início dos problemas na Elevatória do Lameirão, que passou a operar com 75% da capacidade devido ao defeito em três bombas, a Zona Sul da cidade deve começar a sentir os efeitos da queda no abastecimento. Com a instalação de um gabinete de crise, criado por pressão do Ministério Público do Rio (MPRJ) e da Defensoria Pública Estadual (DPGE), na semana passada, a Cedae elaborou novos planos de manobra, incluindo mais bairros. A mudança foi uma exigência feita pelo grupo, que conta ainda com representantes de universidades e da Agência Reguladora de Saneamento (Agenersa). Até então, segundo integrantes do grupo, o rodízio cortava o fornecimento apenas para áreas das zonas Norte e Oeste, além de Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Bairros que ficam no fim das linhas de distribuição, como Leme e Urca, devem ser os mais afetados.

Porteiro de um condomínio na Alameda Floriano Peixoto, na Urca, Joel Rodrigues, de 40 anos, disse que já notou falta de abastecimento no local, apesar de os moradores não terem sido prejudicados pela interrupção:

— Aqui chegou a faltar água por algumas horas na quinta-feira passada. O morador só não sentiu porque a cisterna é bem grande, e logo voltou a cair — disse.

Pior em pontos mais altos

No Cosme Velho, imóveis que ficam em localidades mais altas já estão sendo afetados. Na comunidade do Coroado, que fica na subida para o Corcovado, moradores têm sido solidários para garantir água para todos:

— Hoje (segunda-feira) começou a cair, mas muito fraco. Quando cai, logo para, e a caixa nem enche. Os vizinhos estão ajudando um ao outro. Um vizinho que mora sozinho e tem uma caixa d’água maior tem divido com a gente, mas estou comprando galão para beber e cozinhar já faz uma semana — contou o entregador Antônio Carlos Reis, de 32 anos, pai de três meninos pequenos.

Segundo o defensor público Eduardo Chow, que integra o gabinete de crise, a garantia de que o rodízio beneficie toda a cidade, sem deixar ninguém sem abastecimento por muito tempo, foi uma das principais cobranças. O grupo também tem exigido que a Cedae divulgue diariamente o planejamento para permitir que os moradores saibam quando a água vai chegar.

— Nós mandamos ontem uma sugestão de um termo de compromisso para organizar essa atuação, porque não está adequada. A população precisa saber quais são as medidas, os critérios para as manobras e a distribuição de carros-pipa por exemplo — afirmou Chow.

A previsão da Cedae é que o serviço só seja normalizado entre os dias 15 e 20 de dezembro, quando uma bomba da elevatória que está em manutenção desde abril será entregue pela empresa responsável. Até lá, a companhia pede que todos os moradores economizem água e evitem desperdício.

Construída no início dos anos 1960, no governo de Carlos Lacerda, a Elevatória do Lameirão foi chamada, na época, de “a obra do século”. Segundo a Cedae, trata-se da maior elevatória subterrânea de água do mundo.

A estação, localizada em Senador Vasconcelos, na Zona Oeste, recebe aproximadamente metade da água tratada na Estação do Guandu, localizada a 11km de distância, em Nova Iguaçu. São cerca de 20 mil litros por segundo bombeados a 117 metros de altura, em túneis escavados diretamente na rocha. A partir daí, a água desce por um túnel-canal de 32km de extensão, que termina no Reservatório dos Macacos, localizado entre a Gávea e o Jardim Botânico, na Zona Sul. No trajeto, há saídas para abastecimento de partes do Centro e das zonas Norte e Oeste.

Das sete bombas que funcionam na unidade, três estão quebradas, o que causou o problema.

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