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Rocinha vai ganhar 1º parque em favela do Rio

Ideia da criação do parque surgiu há três anos, em meio a protestos contra a decisão do governo de levantar muros de contenção em algumas favelas da cidade

Além de ter ecotrilha, ciclovia, paredão de escalada, arvorismo e uma quadra poliesportiva, o espaço ainda trará biblioteca, anfiteatro, parque infantil e uma academia para a terceira idade (RICARDO LEONI)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2012 às 11h10.

Rio - No lugar de barracos de madeira, espaços de educação ambiental e de lazer. O que antes era um território insalubre agora se transforma em ecotrilha. Esses são alguns dos atrativos do Parque da Rocinha - primeira área do tipo dentro de uma favela -, que será inaugurado em dezembro deste ano, após um início de projeto conturbado, com direito a ato público de repúdio e até o constrangimento do governo perante a ONU.

A ideia de criação do parque surgiu há três anos, em meio a protestos contra a decisão do governo de levantar muros de contenção em algumas favelas da cidade - os chamados "ecolimites". Autoridades alegavam que a obra serviria para conter a ocupação desenfreada das favelas em direção aos remanescentes de Mata Atlântica da região. Opositores viam na medida uma forma autoritária de limitar a mobilidade dos moradores.

Passada a polêmica, o parque agora é visto com bons olhos pela comunidade. A área, de 9 mil m², trará atividades esportivas, educativas e culturais. Foram investidos R$ 24 milhões, do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam). Além de ter ecotrilha, ciclovia, paredão de escalada, arvorismo e uma quadra poliesportiva, o espaço ainda trará biblioteca, anfiteatro, parque infantil e uma academia para a terceira idade.

"Nós fizemos um trabalho com a comunidade, uma parceria chamada 'oficina do imaginário', onde os próprios moradores deram sugestões e nós incorporamos o que poderia ser adaptado no projeto", disse o diretor-presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop), Ícaro Moreno Júnior. De acordo com o arquiteto da Emop Anderson Café, 90% das instalações foram sugeridas pela própria comunidade.

Churrasco

As cinco churrasqueiras instaladas no local (a 2ª maior demanda dos moradores) prometem ser um dos espaços mais disputados. Café era particularmente contra a criação de churrasqueiras dentro de um parque ecológico, mas acabou convencido. "Disseram que mesmo que não tivesse a churrasqueira eles poderiam fazer churrasco, trazendo uma portátil. Então incorporamos a proposta até por medida de segurança."

Foi de Café a ideia de homenagear os moradores da Rocinha, na grande maioria de origem nordestina, com o "redódromo", um espaço cenográfico com fachadas de casas típicas do sertão e áreas para descansar nas mais de 20 redes que serão colocadas no local. Nessa Praça de Cultura Nordestina haverá ainda a intervenção de grafiteiros, com imagens da literatura de cordel.


Passado

O parque foi construído sobre um local conhecido como "cobras e lagartos", uma área insalubre, que registrava os maiores índices de incidência de tuberculose do Brasil. Para a construção, foram remanejadas cerca de 120 famílias que ocupavam o local em pequenos barracos de madeira.

Os platôs e percursos abertos pelos antigos moradores serviram de base para a instalação dos equipamentos de lazer. "Essa obra se acomoda aos espaços de ocupação já existentes. Não derrubamos sequer uma árvore", disse Café.

Antes do parque, a criação de espaços verdes dentro da favela era restrita a algumas poucas iniciativas locais, como as da ONG Rocinha Mundo da Arte, que transformou um pequeno terreno baldio de 50 m² em um jardim comunitário.

A iniciativa foi elogiada como exemplo de projeto sustentável durante a Rio+20, e agora eles têm recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para levar o trabalho adiante.

Os moradores aguardam, ansiosos, pela inauguração do parque. "Quando estiver pronto, acho que vai ser um lugar bom para chegar com as crianças, passar o domingo assando uma carne, porque nem todo mundo tem condição de sair da favela para curtir", disse o auxiliar Gilmarques Lopes.

Um dos funcionários da obra, Carlos Alves de Moura, já faz planos para o início das atividades. Ele espera reunir, ainda antes da inauguração, 20 bicicletas por meio de doações de empresários locais, para serem utilizadas gratuitamente pelas crianças da comunidade na futura ciclovia. Já conseguiu três.

O músico Manoel Atanásio, morador da Rocinha há quase 60 anos, espera que o projeto traga também mais conscientização às pessoas quanto à preservação dos espaços públicos e do meio ambiente. "Vamos procurar manter o parque da melhor maneira possível, porque isso aqui é para a gente."

Em abril de 2009, o governo estadual decidiu construir muros em 13 favelas. A iniciativa reacendeu a discussão sobre a relação entre as áreas pobres e os bairros nobres do Rio. O governo justificava a medida como forma de conter o avanço das favelas sobre as áreas verdes e foi criticado até pela ONU - o perito Alvaro Tirado Mejiam viu uma "discriminação geográfica". O primeiro muro, com 634m de extensão, foi erguido na Favela Santa Marta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A ideia de criação do parque surgiu há três anos, em meio a protestos contra a decisão do governo de levantar muros de contenção em algumas favelas da cidade - os chamados "ecolimites". Autoridades alegavam que a obra serviria para conter a ocupação desenfreada das favelas em direção aos remanescentes de Mata Atlântica da região. Opositores viam na medida uma forma autoritária de limitar a mobilidade dos moradores.

Passada a polêmica, o parque agora é visto com bons olhos pela comunidade. A área, de 9 mil m², trará atividades esportivas, educativas e culturais. Foram investidos R$ 24 milhões, do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam). Além de ter ecotrilha, ciclovia, paredão de escalada, arvorismo e uma quadra poliesportiva, o espaço ainda trará biblioteca, anfiteatro, parque infantil e uma academia para a terceira idade.

"Nós fizemos um trabalho com a comunidade, uma parceria chamada 'oficina do imaginário', onde os próprios moradores deram sugestões e nós incorporamos o que poderia ser adaptado no projeto", disse o diretor-presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop), Ícaro Moreno Júnior. De acordo com o arquiteto da Emop Anderson Café, 90% das instalações foram sugeridas pela própria comunidade.

Churrasco

As cinco churrasqueiras instaladas no local (a 2ª maior demanda dos moradores) prometem ser um dos espaços mais disputados. Café era particularmente contra a criação de churrasqueiras dentro de um parque ecológico, mas acabou convencido. "Disseram que mesmo que não tivesse a churrasqueira eles poderiam fazer churrasco, trazendo uma portátil. Então incorporamos a proposta até por medida de segurança."

Foi de Café a ideia de homenagear os moradores da Rocinha, na grande maioria de origem nordestina, com o "redódromo", um espaço cenográfico com fachadas de casas típicas do sertão e áreas para descansar nas mais de 20 redes que serão colocadas no local. Nessa Praça de Cultura Nordestina haverá ainda a intervenção de grafiteiros, com imagens da literatura de cordel.


Passado

O parque foi construído sobre um local conhecido como "cobras e lagartos", uma área insalubre, que registrava os maiores índices de incidência de tuberculose do Brasil. Para a construção, foram remanejadas cerca de 120 famílias que ocupavam o local em pequenos barracos de madeira.

Os platôs e percursos abertos pelos antigos moradores serviram de base para a instalação dos equipamentos de lazer. "Essa obra se acomoda aos espaços de ocupação já existentes. Não derrubamos sequer uma árvore", disse Café.

Antes do parque, a criação de espaços verdes dentro da favela era restrita a algumas poucas iniciativas locais, como as da ONG Rocinha Mundo da Arte, que transformou um pequeno terreno baldio de 50 m² em um jardim comunitário.

A iniciativa foi elogiada como exemplo de projeto sustentável durante a Rio+20, e agora eles têm recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para levar o trabalho adiante.

Os moradores aguardam, ansiosos, pela inauguração do parque. "Quando estiver pronto, acho que vai ser um lugar bom para chegar com as crianças, passar o domingo assando uma carne, porque nem todo mundo tem condição de sair da favela para curtir", disse o auxiliar Gilmarques Lopes.

Um dos funcionários da obra, Carlos Alves de Moura, já faz planos para o início das atividades. Ele espera reunir, ainda antes da inauguração, 20 bicicletas por meio de doações de empresários locais, para serem utilizadas gratuitamente pelas crianças da comunidade na futura ciclovia. Já conseguiu três.

O músico Manoel Atanásio, morador da Rocinha há quase 60 anos, espera que o projeto traga também mais conscientização às pessoas quanto à preservação dos espaços públicos e do meio ambiente. "Vamos procurar manter o parque da melhor maneira possível, porque isso aqui é para a gente."

Em abril de 2009, o governo estadual decidiu construir muros em 13 favelas. A iniciativa reacendeu a discussão sobre a relação entre as áreas pobres e os bairros nobres do Rio. O governo justificava a medida como forma de conter o avanço das favelas sobre as áreas verdes e foi criticado até pela ONU - o perito Alvaro Tirado Mejiam viu uma "discriminação geográfica". O primeiro muro, com 634m de extensão, foi erguido na Favela Santa Marta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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