Rixa entre Maia e Temer pode afetar votação de denúncia?
O mal-estar começou depois que veio à tona a publicação dos vídeos da delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro, que atingem Temer
Valéria Bretas
Publicado em 16 de outubro de 2017 às 16h29.
Última atualização em 16 de outubro de 2017 às 16h53.
São Paulo – Na semana em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) decide o destino da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), uma nova crise volta a estremecer a relação entre o peemedebista e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Durante o feriado, veio à tona a publicação dos vídeos no site oficial da Câmara da delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro. O conteúdo, postado na página da Casa Legislativa no fim do mês passado, implica diretamente o presidente Michel Temer.
A reação do presidente veio por meio de seu advogado Eduardo Carnelós, que emitiu uma nota afirmando que houve um “criminoso vazamento” com o objetivo de constranger os parlamentares da CCJ que votarão a denúncia nos próximos dias.
Tomando a crítica para si, Maia chamou o advogado de “incompetente e irresponsável". “Daqui para frente, vou, exclusivamente, cumprir meu papel institucional, presidir a sessão (da denúncia da PGR)", disse o presidente da Câmara em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Ao Poder360, Maia disse ainda queo Supremo Tribunal Federal (STF) não pediu sigilo sobre os vídeos das delações.
Após a declaração, Carnelós recuou e emitiu uma nova nota afirmando que “jamais quis imputar prática de crime” a Rodrigo Maia.
Vale lembrar que esse não é o primeiro climão entre Temer e Maia. O presidente da Câmara fez críticas ao avanço do PMDB sobre deputados insatisfeitos do PSB que vinham negociando a mudança com o seu partido, o DEM, para as eleições de 2018. “Aliados não podem ficar levando facadas nas costas”, disse Maia.
Na opinião de Rogério Baptistini, especialista em política da Universidade Mackenzie, a divulgação dos vídeos foi uma represália de Maia em relação ao movimento do PMDB.
"É pouco provável que essa divulgação afete a votação da denúncia. No entanto, esse momento crava o presidente da Câmara como o principal adversário de Temer", diz. "Essa rixa vai mostrar que o peemedebista não vai ter vida fácil daqui para frente e que deve sofrer muito para aprovar pautas até 2018 sem apoio no Legislativo".
Na avaliação dos governistas, mesmo com a possibilidade de redução do apoio em relação à primeira denúncia, Temer deve garantir número suficiente para aprovar o parecer do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) na CCJ, favorável ao arquivamento da acusação. É esperar para ver.