Militares nas ruas: A previsão é de que os soldados fiquem até o fim do ano que vem (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de julho de 2017 às 08h36.
Rio - Um contingente de 8,5 mil militares começou ontem a reforçar a segurança nas ruas em diversos pontos da região metropolitana do Rio, que vive uma escalada da violência nos últimos meses. O deslocamento das tropas, em ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), foi autorizado por decreto do presidente Michel Temer, publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União. A previsão é de que os soldados fiquem até o fim do ano que vem.
O grupo se soma a outros agentes federais que já reforçam a segurança no Estado - 620 agentes da Força Nacional de Segurança e 1.120 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) - 740 desses já estavam no Rio.
Mas o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ressaltou que a atuação das Forças Armadas no policiamento não será igual à de ações anteriores - a primeira, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, foi há 25 anos. Praças e oficiais não farão patrulhamento nem ocuparão comunidades, para se retirar depois, quando os criminosos voltavam. Agora, os militares desenvolveram ações de inteligência, a serem usadas pelas Polícias Civil e Militar.
"Nosso carro-chefe é a inteligência, porque é ela que vai dar as informações para que a gente possa golpear o crime organizado e não apenas inibi-lo, como nas operações anteriores. Os cariocas (em operações militares do passado) tinham uma sensação, muito justa, de segurança, porém, quando a gente se retirava, porque é impossível ficar por muito tempo, voltava àquela situação de medo e vulnerabilidade anterior", disse o ministro.
Uma das ações mais marcantes de uso de soldados contra criminosos no Rio nos últimos anos se deu no Complexo da Maré, entre abril e junho de 2015. Após a saída das tropas, o local foi novamente tomado por traficantes. "Vamos atuar pontualmente. Não será uma ação de ocupação de território como fizemos, por exemplo, na Maré. Isso dá uma sensação de segurança, mas quando nos retiramos, volta a situação de medo", disse Jungmann.
Apesar das afirmações do ministro, os militares, armados de fuzis e usando coletes à prova de balas, seguiram alguns procedimentos típicos de patrulhamento. Assumiram posições no Arco Metropolitano, na Linha Vermelha, na descida da Ponte Rio-Niterói, em Niterói, em São Gonçalo, e até na zona sul da capital, além de outros lugares.
Em alguns pontos, usaram carros blindados e promoveram pequenas blitze de trânsito. Reduziam o espaço para passagem para apenas um veículo, observavam seus ocupantes e checavam documentos de motociclistas. Em Copacabana, na zona sul, soldados montaram guarda na orla. Não houve registro de prisões.
Em vídeo, Temer disse que o problema da insegurança no Estado "inquieta e angustia todos os brasileiros". A ação federal é uma resposta ao alarmante crescimento da criminalidade no Rio, com alta de homicídios, latrocínios e roubos, em meio à grave crise financeira no Estado. Esses crimes têm sido cometidos com armas pesadas, como fuzis, além de granadas e explosivos. Neste ano, 91 policiais militares já foram mortos no Estado - mais do que em todo o ano passado. Houve também civis, incluindo crianças, mortos em tiroteios e durante operações policiais.
A atuação dos militares na segurança do Rio vai até o fim de 2018. Por razões orçamentárias, o decreto determina que a operação de GLO seja realizada até 31 de dezembro, mas deve ser prorrogada no começo do ano que vem.
Segundo o ministro, a primeira fase da ação será de "reconhecimento" do território pelos militares. O foco da operação estará na região metropolitana, e o contingente militar ficará distribuído pelo Estado.
Após o reconhecimento, as tropas reforçarão ações das polícias Civil e Militar em operações pontuais para coibir o crime, com base na inteligência que produzirem. "Essa operação visa exatamente a chegar ao crime organizado e a suas cadeias de comando. O elemento surpresa é central para desmantelarmos o crime organizado", justificou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.