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Rio já enfrenta "mercado negro" de repelente

Repelente Exposis: a loção é negociada em sites de vendas por preço três vezes mais alto do que o cobrado em lojas


	Repelente Exposis: a loção é negociada em sites de vendas por preço três vezes mais alto do que o cobrado em lojas
 (James Gathany/Wikimedia Commons)

Repelente Exposis: a loção é negociada em sites de vendas por preço três vezes mais alto do que o cobrado em lojas (James Gathany/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2015 às 12h54.

Rio de Janeiro - A falta do repelente Exposis, contra o Aedes aegypti, fez surgir um mercado negro. Em farmácias pequenas, balconistas oferecem o frasco com ágio para pagamento em dinheiro.

O repelente é negociado em sites de vendas por preço três vezes mais alto do que o cobrado em lojas. Há ainda listas de espera.

O médico Luiz Eduardo Albuquerque, de 60 anos, comprou dois frascos do Exposis no "mercado negro". Morador do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio, saiu em busca do repelente para o filho, de 7 anos, que é alérgico.

"Quando vi na televisão que estavam indicando o repelente, imaginei que iria esgotar. Parei em 15 farmácias no caminho para o trabalho e, quando perguntava, já vinham três ou quatro pessoas atrás. Achei só no mercado negro", afirmou.

Albuquerque ainda telefonou para outras farmácias e só ouviu negativas. "Até que um balconista disse que não tinha o produto, mas sabia onde conseguir, em dinheiro." O médico pagou R$ 120 por dois frascos. Antes, custava R$ 42.

O Exposis também é oferecido a até R$ 179 cada frasco pela web.

O Estado percorreu 14 estabelecimentos - quatro tinham listas de espera, mas os funcionários deram poucas esperanças. Em um, havia 110 inscritos.

A advogada Ludmila Lacerda, de 29 anos, grávida de 6 meses de João Pedro, contou que ela e a mãe passaram por mais de dez farmácias, sem encontrar o produto indicado pela médica. "Minha vizinha de 2 anos pegou zika. Estou preocupada porque procuro em todo lugar e não encontro", afirmou.

O diretor-geral do laboratório Osler, Paulo Guerra, informa que aumentou em 1.100% a produção (os números absolutos são sigilosos, por causa do acordo com o fabricante francês).

"Não há falta do repelente. O que houve em 12 dias, desde a confirmação pelo Ministério da Saúde de que havia ligação entre zika e microcefalia, foi uma corrida sem precedentes."

Ele faz um apelo contra estoques e critica um site por anunciar o produto. "É inconcebível a revenda de produtos regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)."

Em nota, o Mercado Livre informou ser "uma empresa de tecnologia que oferece espaço para que vendedores e compradores se encontrem e negociem diretamente".

Diferenças

São três as substâncias químicas aprovadas para repelentes no Brasil. O DEET, encontrado em produtos como OFF e Repelex; a icaridina, presente no Exposis; e o IR3535, da Loção Antimosquito Jonhson’s Baby - aprovada a partir dos 6 meses.

"Todos são eficazes e seguros", afirmou o infectologista José Cerbino, da Fundação Oswaldo Cruz.

"A questão é a concentração", completou o presidente da Sociedade de Infectologia do Rio, Alberto Chebabo. O Exposis tem a icaridina concentrada a 20%, o que garante a proteção por dez horas.

"Em dias muito quentes, a reaplicação deve ser entre 6 e 8 horas", afirmou. Já o DEET é achado em concentrações entre 7% e 14% e deve ser reaplicado na pele em intervalos mais curtos.

"O IR3535 tem concentração de 12% na Loção Antimosquito, o que faz com o que o produto deva ser reaplicado a cada 4 horas."

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