Rio e DF têm os piores índices de mortes por covid-19
Distrito Federal e Rio se alternam no topo da pior colocação no critério de mortes por coronavírus por milhão de habitantes
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de outubro de 2020 às 16h36.
Última atualização em 11 de outubro de 2020 às 16h54.
Entre as 27 unidades federativas do país, Distrito Federal e Rio de Janeiro se alternam no topo da pior colocação no critério de mortes por coronavírus por milhão de habitantes - com 1.088 e 1.075 mortos respectivamente. Cada um tem suas particularidades, mas especialistas apontam pontos em comum que ajudam a explicar o mau desempenho das duas regiões: a falta de testes, áreas pobres carência de atendimento médico básico e a dificuldade para fazer isolamento social.
Com mais de 18,5 mil mortes notificadas, o Rio proporcionalmente se equipara a regiões mais duramente atingidas pela infecção, como a Lombardia, na Itália, e Nova Jersey e Nova York, nos EUA. Para se ter ideia, levantamento do grupo Covid-19 Analytics, formado por especialistas da PUC-Rio e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que San Marino, com população de apenas 33 7 mil habitantes, que nem sequer daria para encher o Maracanã, é o único país do mundo com taxa de óbito superior ao do Estado.
Não há consenso entre especialistas para explicar a situação do Rio. Entretanto, são unânimes em afirmar que o número de testagem e rastreamento de casos é baixo e faltou coordenação entre autoridades federais, estaduais e municipais. Segundo a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, até as informações para entender o modelo de comportamento da covid-19 no Estado são insuficientes. "Não sabemos dizer o que caracteriza o recrudescimento da epidemia, se ele está ligado ou não ao relaxamento do isolamento."
Integrante do Centro de Gestão em Saúde da Coppead/UFRJ, Chrystina Barros avalia que o Rio também sofre com questões políticas e suspeitas de desvio de recursos públicos. Estado e capital, enfatiza, "enfrentam problemas seriíssimos de corrupção".
Entorno ruim
Já o Distrito Federal registra, em números absolutos, mais de 190 mil casos e 3,2 mil mortes pela covid. Para os pesquisadores diferenças sociais e econômicas entre Brasília e regiões do entorno ajudam a explicar o cenário ruim.
"Temos serviço especializado basicamente no Plano Piloto, mas não o temos nas regiões periféricas, como Ceilândia, Samambaia ou Paranoá - e outros que não têm a tecnologia especializada e voltada à atenção desses pacientes", observa o epidemiologista Wildo de Araújo, professor da Universidade de Brasília (UnB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Minas Gerais tem os melhores indicadores
Com menos de 400 mortes por milhão de habitantes, Minas Gerais tem o melhor desempenho na comparação entre os Estados do Brasil. Embora questionem a qualidade dos dados locais, especialistas avaliam que a adesão satisfatória ao isolamento e a aplicação de multa para quem anda sem máscara em Belo Horizonte estão entre os fatores que evitaram mais vítimas do coronavírus. O que não significa dizer que Minas viva a pandemia sem sofrimento.
Na semana passada, Minas ultrapassou a marca de 300 mil casos confirmados e mais de 7,4 mil mortes por coronavírus - número mais de 30 vezes superior ao da tragédia de Brumadinho. Para o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, impedir a transmissão do vírus é difícil, mas, ao contrário de outras unidades da Federação, o Estado conseguiu "evitar uma explosão de casos".
Na visão de Amaral, a taxa de óbitos mais baixa do País está relacionada principalmente à adesão da população ao "isolamento social precoce". Nas primeiras semanas de medição, em março, o índice chegou a 60%. "Estudos apontam que esse porcentual é suficiente para evitar a explosão de casos, mas não a transmissão", acrescenta o secretário. "Isso freou o vírus e nos deu tempo para preparar o sistema de saúde. Em julho, quando os casos aumentaram, a rede de atendimento já estava preparada."