Rio diz que vai priorizar vacinação de professores contra a covid-19
Professores e outros profissionais das escolas serão vacinados logo após os profissionais de saúde, idosos e pessoas com comorbidades, informou a prefeitura
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 15h40.
Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 16h38.
A prefeitura do Rio de Janeiro informou nesta quarta-feira, 27, que professores e outros profissionais nas escolas terão prioridade na vacinação contra a covid-19.
Nesta fila, os profissionais da educação serão vacinados logo após os grupos estritamente prioritários, que são profissionais de saúde, idosos e pessoas com comorbidades.
Até agora, com as doses já recebidas das vacinas de AstraZeneca e Sinovac, a prefeitura do Rio está vacinando com prioridade sobretudo os profissionais de saúde na linha de frente, mas disse esperar começar a vacinação dos idosos "logo nas próximas semanas", segundo disse em entrevista coletiva o secretário de Saúde, Daniel Soranz.
Professores que se encaixavam nos grupos prioritários — como profissionais idosos — já receberiam a vacina antes, diz a Prefeitura, mas o que muda é que mesmo os profissionais jovens poderão ser vacinados mais rapidamente com as novas regras.
O objetivo é vacinar "toda a comunidade escolar", diz Soranz, de modo a garantir um retorno mais seguro às aulas.
O pedido para que professores tenham prioridade na vacinação vem se intensificando em vista da urgência em retomar com segurança aulas presenciais. Neste mês, a Frente Parlamentar Mista da Educação, que conta com deputados de diferentes partidos, lançou ao lado de governadores e membros do terceiro setor a campanha "Vacinação Já", em que pede prioridade aos profissionais de educação, mesmo os mais jovens, no âmbito do Plano Nacional de Imunização.
A cidade do Rio de Janeiro especificamente tem mais de 630.000 alunos na rede municipal, que é contemplada pela medida anunciada pela prefeitura hoje. O contingente é quase metade dos 1,3 milhão de alunos do município na educação básica, segundo dados do Censo Escolar 2020, os últimos disponíveis. São ainda 23.000 docentes na rede municipal (sem incluir os demais profissionais das escolas).
Apesar da priorização, os professores não devem chegar a ser vacinados antes da volta às aulas presenciais no Rio, a partir de 24 de fevereiro na rede municipal. Outros estados e municípios também têm programado a volta às aulas para as primeiras semanas de fevereiro, com presença facultativa.
O Brasil tem pouco mais de 12 milhões de doses da vacinas disponíveis atualmente, insuficiente para os mais de 2 milhões de docentes brasileiros (mais de 85% deles na rede pública).
O estado do Rio de Janeiro vacinou ao todo quase 135.000 pessoas, segundo dados oficiais até esta quarta-feira, o segundo com mais vacinados no Brasil, atrás de São Paulo (mais de 212.000 pessoas).
O Brasil beira os 1 milhão de vacinados, segundo números dos estados (o Ministério da Saúde ainda não tem um número atualizado), o equivalente a menos de 0,3% da população. A vacinação não deve ocorrer em larga escala sem que a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan recebam mais insumos da China para fabricar doses diretamente no Brasil, o que deve ocorrer a partir de fevereiro.
A inclusão de professores em grupos prioritários, logo após os profissionais de saúde ou após ou junto com idosos tem sido feita em países da Europa e nos Estados Unidos.
Volta às aulas no Rio
A volta no Rio começa com alunos mais novos (da pré-escola, primeiro e segundo anos do ensino fundamental), segundo anúncio feito também nesta quarta-feira. Antes disso, atividades de orientação e à distância acontecem a partir de 8 de fevereiro.
As demais séries voltam em um período de duas a três semanas após o dia 24. A presença será opcional para os alunos, e casos suspeitos ou que tiveram contato com doentes serão monitorados e isolados das aulas, segundo a prefeitura. O turno presencial também será só de 3 horas, para evitar o horário de pico dos transportes.
A lotação nas turmas será limitada de acordo com o nível de contágio em cada região semanalmente (entre, no máximo, 30% e 75% de lotação, a depender da situação das regiões) e o governo do município afirma que unidades podem vir a ser fechadas especificamente a depender da situação.
"Os filhos dos pobres estão abandonados, largados, sem alternativa. Não dá para a gente como sociedade achar isso normal", afirmou o prefeito Eduardo Paes.
"Nenhum país considerou escola com risco tão alto"
Infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do comitê de especialistas da prefeitura, Alberto Chebabo elogiou a reabertura das escolas, e lembrou que as unidades podem vir a ser fechadas temporariamente, mas defendeu a prioridade para a educação:
"O Brasil é o país do mundo que está há mais tempo afastado da educação adequada para sua juventude. Não existe nenhum país do mundo que considerou as escolas com risco tão alto", afirmou ele. "Educação não é só educação formal. O fechamento das escolas tem um impacto na educação cognitiva das crianças. As crianças precisam da socialização."
Médica pediatra e representante do Unicef no Brasil, Luciana Phebo também aprovou as medidas do plano de retomada. "As crianças são as principais vítimas ocultas da pandemia", disse. "Já se sabe que a escola não é um espaço que dissemina o vírus quando implementa protocolos seguros, criteriosos, como esses adotados pela prefeitura."
(Com Agência O Globo)