Presidente eleito Jair Bolsonaro conversa com vice-presidente eleito Hamilton Mourão durante sessão do Congresso Nacional em 06/11 (Adriano Machado/ Reuters/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de novembro de 2018 às 18h12.
Última atualização em 21 de novembro de 2018 às 18h26.
São Paulo - O vice-presidente eleito Hamilton Mourão disse em entrevista para o jornal britânico Financial Times que "às vezes o presidente tem uma retórica que não combina com a realidade".
Ele falava sobre as declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de que a China estaria comprando o Brasil. O país é o principal parceiro comercial e destino de investimento estrangeiro do Brasil.
Mourão disse ao FT que "a China não está comprando o Brasil porque ninguém pode comprar o Brasil".
Sobre a Venezuela, ele reconhece que uma mudança de regime será "difícil" mas diz que o Brasil precisa ser parte desta "demanda mundial para que o regime de Nicolás Maduro abra o país".
A matéria do jornal destaca que há uma divisão, na equipe de Bolsonaro, entre dois grupos que pretendem influenciar a política externa do país.
O grupo mais pragmático conta com o general Augusto Heleno e com o próprio Mourão, que destaca na entrevista precisar manter um "balanço" na diplomacia brasileira.
Outro grupo, liderado pelo deputado federal e filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro, favorece uma reorientação radical com figuras alinhadas à extrema direita ao redor do mundo.
Alguns exemplos são Viktor Orbán, primeiro-ministro na Hungria, Matteo Salvini, vice-primeiro ministro da Itália e, especialmente, o presidente americano Donald Trump.
Uma vitória deste segundo grupo de influência na administração foi a indicação de Ernesto Araújo para o ministério de Relações Exteriores.
Em seu blog, o diplomata elege como alvos a “esquerda globalista” e sua política “antinatalista”, além dos “regimes internacionais” e ideias como “climatismo” e “racialismo”.
O Financial Times destaca sua classificação da canção "Imagine", de John Lennon: "tanto pode ser o hino da hiperglobalização econômica quanto o hino do marxismo em seu 'sonho' comunista."