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Restrição em SP para conter covid-19 não é suficiente, dizem especialistas

Na segunda-feira, 30, o comércio passou a ter regras mais rígidas de funcionamento, com horário de atendimento e capacidade reduzidos

(Eduardo Frazão/Exame)
GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 18h13.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 18h19.

O governo de São Paulo colocou todo o estado na fase 3 amarela da quarentena nesta segunda-feira, 30, para controlar o avanço da covid-19. Com isso, o comércio passou a ter regras mais rígidas de funcionamento, com horário de atendimento e capacidade reduzidos de 60% para 40%.

Na avaliação de especialistas e pesquisadores em saúde ouvidos por EXAME, a medida ajuda mas não é o suficiente para conter o aumento no número de internações. Na segunda-feira, a média diária de internações em todo estado, referente aos últimos sete dias, chegou a 1.310, a mais alta desde setembro.

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As restrições afetam a região onde se concentra a maior parte da população do estado, a Grande São Paulo, que já estavam na fase 4 verde, em uma escala que vai de 1 – a mais restrita – até 5. Também ficaram com medidas mais restritivas Taubaté, Campinas, Piracicaba, Sorocaba, Baixada Santista. As demais regiões já estavam na fase 3 amarela.

Para o médico e uma das maiores autoridades em saúde do país, Gonzalo Vecina Neto, o mais importante neste momento, além da medida de diminuir a abertura do comércio, era fazer uma grande campanha de conscientização para que as pessoas estejam cientes de que ainda há risco.

“A flexibilização que foi adotada anteriormente trouxe um risco muito grande à toda a sociedade. As pessoas precisam ser informadas que não é um risco individual, é um risco coletivo. Se os hospitais continuarem cheios, a gente pode pensar a caminhar para um lockdown, não tem muita saída”, disse.

A mesma opinião é compartilhada pelo professor da Universidade Estadual de São Paulo e membro do Observatório Covid-19 BR, Roberto Kraenkel. Ela ainda destaca que o principal ponto da restrição é reduzir a aglomeração.

“A maior parte do contágio se dá em ambiente familiar, como também no transporte coletivo. Precisamos pensar como vai ser as festas de Natal e passagem de ano. Os municípios precisam tentar legislar sobre o tamanho destas festas”, sugere.

A médica, professora da Universidade Estadual de Campinas e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, avalia que a medida de restringir a atividade do comércio foi definida com pelo menos duas semanas de atraso.

“Infelizmente o estado de São Paulo, que tinha um discurso de contenção, demorou para tomar uma atitude. Vamos pagar pelo preço de uma medida que poderia ter sido tomada no dia 15 de novembro. E hoje a nossa capacidade de leitos é de um quarto do que era antes. Houve um remanejamento para outras patologias e não há perspectiva de voltar e deixar só covid-19”, diz.

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