Restaurante palestino em SP sofre ataque com arma branca e gás de pimenta
Restaurante diz ter sido vítima de um ataque da "extrema-direita"
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de setembro de 2019 às 10h23.
Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 10h49.
São Paulo — O restaurante palestino Al Janiah, localizado no bairro do Bexiga, em São Paulo , sofreu um ataque na noite deste sábado, 31. Um vídeo de segurança, publicado nas redes sociais, mostra um grupo de homens atirando garrafas para dentro do estabelecimento.
Segundo a assessoria de imprensa do Al Janiah, o ataque ocorreu por volta das 3h30 do sábado, quando um grupo de cinco pessoas se aproximou da porta principal portando armas brancas e spray de pimenta. Ninguém ficou ferido.
O restaurante afirma que está conversando com seus advogados e que, por isso, nenhum boletim de ocorrência foi feito até o momento.
Ainda segundo a assessoria, a invasão foi evitada pela própria equipe do Al Janiah. O restaurante diz ter sido vítima de um ataque da 'extrema-direita'. A Polícia Militar não foi chamada para o local da ocorrência.
O Al Janiah é um restaurante palestino que emprega refugiados . O local é frequentado por um público universitário identificado com as pautas de direitos humanos e com movimentos de esquerda. No Facebook, o Al Janiah se manifestou: "Desde o inicio, o Al Janiah sempre foi conhecido por ser um espaço democrático, de defesa das minorias políticas e acolhimento de refugiados. Sua historia se liga à luta pela Libertação da Palestina".
Há 3 anos, durante atos contra o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), o restaurante também esteve no noticiário - quando, segundo o empresário Hasan Zarif, proprietário do estabelecimento, a Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo contra o local (que na ocasião ficava em outro endereço no centro de São Paulo).
Em maio de 2017, Zarif chegou a ser detido durante um confronto com manifestantes de um grupo chamado Direita São Paulo.
A assessoria do Al Janiah respondeu, por meio de nota, que os incidentes da madrugada de sábado e o de 2016 não podem ser considerados como mera coincidência.
"Não é coincidência tendo em vista o momento que nosso país está passando. De 2016 pra cá, temos sofrido com uma escalada do ódio e da intolerância, que hoje segue sendo reforçada por nosso presidente. Ser um espaço democrático, com pessoas de diversas partes do mundo, é uma posição não só política mas de projeto de sociedade".
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