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Renato Feder é escolhido ministro da Educação — falta oficializar

Secretário de Educação do Paraná já foi convidado pelo presidente. Há uma semana, ele disse que aceitaria o cargo

Renato Feder, secretário de Educação do Paraná: escolhido por Bolsonaro para o MEC. Falta o anúncio oficial (Governo do Estado do Paraná/Divulgação)

Renato Feder, secretário de Educação do Paraná: escolhido por Bolsonaro para o MEC. Falta o anúncio oficial (Governo do Estado do Paraná/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2020 às 10h21.

Última atualização em 3 de julho de 2020 às 17h10.

O presidente Jair Bolsonaro pode estar perto de anunciar o novo ministro da Educação. Bolsonaro já fez um convite a Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, segundo a EXAME apurou.

Por telefone, a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC) informou que não tinha ainda informações oficiais sobre a escolha. A Secretaria Especial de Comunicação Social, responsável pela comunicação da Presidência da República, ainda não se manifestou.

Além de secretário no governo de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná desde o ano passado, Feder é também empresário e sócio da empresa de tecnologia brasileira Multilaser, que ajuda a comandar desde 2003. Segundo consta em seu currículo, ele é formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Economia pela Universidade de São Paulo (USP).

Feder já era um nome sobre a mesa desde a saída de Abraham Weintraub, que deixou o cargo há duas semanas. O empresário chegou a se reunir com Bolsonaro antes da escolha de Carlos Alberto Decotelli, anunciado na última quinta-feira, 25. Decotelli pediu demissão nesta semana, antes mesmo de tomar posse, depois de denúncias sobre incoerências em seu currículo.

Na ocasião, Feder terminou não sendo escolhido. Mas disse, em entrevistas, que aceitaria o cargo caso fosse chamado.

Segundo o Estado de S. Paulo, Bolsonaro, após escolher Decotelli, ligou para Feder para agradecer sua disponibilidade para o cargo e teria dito preferir alguém mais velho. Decotelli tem 70 anos e Feder, 42.

Segundo fontes, o presidente também não teria escolhido Feder em primeiro lugar por sua relação com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se tornou adversário político do presidente. O empresário doou 120.000 reais à campanha do tucano para prefeito de São Paulo, em 2016.

O empresário é bem visto por algumas alas do governo por sua proximidade com o setor empresarial e visão liberal. O fato de ser do governo do Paraná é um ponto que pode pesar na escolha do presidente: o governador Ratinho Júnior é mais próximo de Bolsonaro que a maioria dos governadores e seu partido, o PSD, é o mesmo do Ministro das Comunicações, Fábio Faria.

A expectativa é que algum anúncio oficial do MEC seja feito ainda nesta sexta-feira, 3, embora o governo não confirme se a nomeação de Feder será concretizada e a decisão já possa ficar para os próximos dias -- segundo a GloboNews, há uma possibilidade de que Feder vá até Brasília na segunda-feira, 6, para oficializar sua nomeação.

Na quinta-feira, 2, Bolsonaro chegou a dizer que "talvez eu escolha hoje o ministro da Educação", mas não voltou a se pronunciar sobre o caso ontem.

O próprio Abraham Weintraub chegou a publicar hoje às 11h48 em seu perfil no Twitter os parabéns a Feder. "Desejo sorte e sucesso ao novo ministro da Educação, Renato Feder, e ao presidente Jair Bolsonaro. Estarei sempre torcendo pelo bem do Brasil", escreveu.

Mas, após o convite feito a Feder, Bolsonaro também estaria sofrendo pressão tanto de militares quando da chamada "ala ideológica" e evangélicos do governo, que questionam a proximidade do indicado com o PSDB em São Paulo e afirmam que ele foi escolhido somente para agradar a empresários, que teriam incentivado sua nomeação ao presidente. Nas redes sociais, apoiadores do presidente passaram o dia imersos em críticas ao secretário do Paraná.

O vai e vem no MEC

O Brasil chega nesta sexta-feira a duas semanas completas desde que Weintraub deixou o Ministério da Educação em 18 de junho.

Militares e ala ideológica do governo disputam a indicação após a saída de Decotelli, que foi indicação dos militares -- enquanto os primeiros dois ministros do governo, Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub, eram mais próximos aos seguidores do filósofo Olavo de Carvalho.

Outro dos nomes mais ventilados na semana foi o do atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia. Correia, como Decotelli, seria mais próximo à ala militar.

Também é um desejo do governo evitar novos confrontos e estancar parte das críticas que vêm sendo feitas ao MEC durante a gestão Bolsonaro.

A própria escolha de Decotelli, que era visto como tendo perfil diferente dos dois ministros anteriores, foi entendida como uma sinalização mais pacificadora de Bolsonaro. Decotelli foi descrito como de boa "capacidade de diálogo", tanto entre outros secretários de Educação quanto em eventual interlocução com o Congresso e as diferentes alas do MEC.

No momento, quem comanda a pasta é o secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel, formado em Direito e Economia, mas sem experiência com educação até chegar ao MEC no ano passado. Ontem, sob comando de Vogel, o MEC apresentou um protocolo de segurança para retorno às aulas.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, Vogel anunciou 250 milhões de reais em investimentos para universidades públicas, sobretudo em infraestrutura. O secretário afirmou que os projetos que vêm anunciando nesta semana já estavam prontos na gestão Weintraub, mas que o anúncio foi postergado em meio à troca de ministro.

*A reportagem foi atualizada para incluir novas informações às 16h26.

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