Brasil

Relatório liga "Operação Águas Claras" a Cachoeira

A Operação Águas Claras identificou fraudes em pelo menos 16 contratos firmados por 29 empresários do setor de medição e leitura de consumo de água

A Construtora Delta, carro-chefe do escândalo Cachoeira, é uma das 20 associadas da Associação Brasil Medição (Antônio Cruz/Agência Brasil)

A Construtora Delta, carro-chefe do escândalo Cachoeira, é uma das 20 associadas da Associação Brasil Medição (Antônio Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2012 às 10h25.

Última atualização em 26 de maio de 2020 às 11h40.

São Paulo - Empresários acusados de formarem cartel para fraudar licitações de autarquias e companhias de água em municípios de cinco Estados podem ter ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em Brasília desde fevereiro.

Relatório de inteligência da Operação Águas Claras - missão integrada da Polícia Civil e do Ministério Público - revela que João Arthur Rassi, alvo da investigação, é irmão de Luiz Alberto Rassi, estabelecido em Goiânia e próximo a Cachoeira.

Interceptações telefônicas mostram negócios dos Rassi com o grupo do contraventor em 2011. Grampos expõem Luiz Alberto "negociando consórcios e divisões de lotes de licitações no Estado de Goiás com emissários de Carlinhos Cachoeira, mas que a decisão final dependeria de aval da Construtora Delta". João Arthur é dono da Construtora Santa Tereza.

A Operação Águas Claras identificou fraudes em pelo menos 16 contratos firmados por 29 empresários do setor de medição e leitura de consumo de água com administrações de municípios de São Paulo, Santa Catarina, do Ceará, de Piauí e Goiás.

A investigação mostra que os empresários criaram a Associação Brasil Medição, com sede em São Paulo, supostamente com o fim de tramar ajustes de preços e editais para fraudar licitações. A Construtora Delta, carro-chefe do escândalo Cachoeira, é uma das 20 associadas da entidade.


O presidente da Brasil Medição, Joaquim Carvalho Motta Junior, é citado na operação. "Na qualidade de presidente da associação e em conluio com os demais sócios e diretores das empresas indicadas nestes relatórios, frustrou o caráter competitivo das licitações de que participou, promovendo acordos para o direcionamento das licitações e ajustes para a fixação de preços", afirma o relatório.

Segundo o Ministério Público, a associação "ocultava reuniões secretas onde os negócios escusos do bando eram combinados, sendo recolhidas evidências a respeito da conjuração existente entre as variadas pessoas jurídicas para burlar certames licitatórios, com o alijamento de quaisquer outras concorrentes".

Graduado em engenharia elétrica, Motta Junior preside o Grupo TCM, com atuação, desde 1992, na prestação de serviços de leitura e entrega de contas de água, gás e energia. Em recente entrevista a uma publicação especializada ele declarou que o objetivo da Brasil Medição é "congregar o mercado de serviços a fim de garantir a contínua evolução do setor e oferecer às companhias de saneamento, energia e gás, serviços de qualidade e gestão produtiva".

O vice de Motta Junior na Brasil Medição é o empresário Reynaldo Costa Filho, sócio da Allsan Engenharia, líder da organização, segundo a polícia. A Allsan é uma das maiores empresas do País na área de medição de consumo. Costa Filho foi preso por ordem judicial.

Escutas telefônicas indicam negociações entre ele e Lourival Nery, empresário piauiense e diretor financeiro da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vinculada ao Ministério das Cidades. Nery, por seu advogado Mário Roberto Pereira de Araújo, informou que possui uma empresa de consultoria que mantém contrato com a Allsan e negou irregularidades.

Acompanhe tudo sobre:Carlinhos CachoeiraCartelCrimeIrregularidadesPolítica no BrasilPolíticos

Mais de Brasil

Rio usa drone para monitorar Réveillon, identificar foragidos e flagrar crimes na cidade

Queda no desemprego em 2024 é consistente, diz coordenadora do IBGE

Processo de extradição de Oswaldo Eustáquio avança na Espanha

Rodovias concedidas em São Paulo devem receber 3,8 milhões de veículos