Repórter
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 21h14.
Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 21h15.
O senador Alessandro Vieira (MDB-ES), relator do Projeto de Lei Antifacção no Senado, declarou nesta terça-feira, 2, que o relatório deve incluir a criação de um novo fundo voltado ao combate ao crime organizado, financiado por impostos arrecadados das casas de apostas (bets).
Vieira ainda está analisando sugestões para o relatório, algumas delas discutidas em uma audiência pública realizada pela manhã. O senador tem a intenção de apresentar o texto até o final do dia.
A proposta visa destinar os recursos do fundo para investimentos e ações estratégicas de combate ao crime organizado, com o foco em ações efetivas, e não em salários. A gestão e os recursos do fundo serão compartilhados entre estados e União.
"Este Congresso Nacional vai viabilizar o financiamento necessário, eu não tenho a menor dúvida. Eu venho realizando uma série de reuniões com o Poder Executivo, com os ministros [da Fazenda], Fernando Haddad, [da Justiça e Segurança Pública], Ricardo Lewandowski e [do Planejamento e Orçamento] Simone Tebet, para que a gente tenha consciência de que é preciso uma ação mais contundente", declarou Alessandro Vieira.
Caso surjam resistências para a criação do novo fundo, uma alternativa considerada seria a implementação de uma divisão específica dentro do já existente Fundo Nacional de Segurança Pública.
A expectativa é que o relatório mantenha o aumento das penas e a imposição de mais restrições à progressão penal. Além disso, o texto deve prever que as audiências de custódia sejam realizadas preferencialmente de forma digital, em vez de estabelecer a obrigatoriedade, como havia na versão da Câmara. Outra mudança prevista é a exclusão da proibição do pagamento de auxílio a familiares de presos, conforme indicou o relator.
Na semana passada, o Ministério da Justiça enviou um documento a Alessandro Vieira destacando dez pontos que considera como "problemas essenciais" na versão aprovada pela Câmara.
A proposta original foi elaborada pela própria pasta, mas, durante a tramitação na Casa, o relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), fez uma série de alterações que, na visão do governo, desfiguraram o texto inicial.
O relatório é uma resposta a um ofício enviado por Vieira ao ministério, solicitando “subsídios técnicos para aprimoramento do texto em análise”. Entre os principais problemas apontados pelo governo, destacam-se a redução de recursos destinados à Polícia Federal e a sobreposição de leis. Esses pontos já haviam sido criticados pelo governo durante a tramitação na Câmara.
Derrite atuou como secretário de Segurança Pública do governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo, mas se licenciou do cargo para reassumir seu mandato de deputado federal e relatar o PL. Sua designação causou uma crise entre o governo e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O relator rebateu as críticas do governo, afirmando que fez ajustes solicitados por integrantes do Executivo. Derrite chegou a apresentar cinco versões do projeto até alcançar o texto final, aprovado por 370 votos favoráveis e 110 contrários.
(Com informações de Agência Senado e Agência O Globo)