Reitor desmente doutorado no currículo do ministro da Educação
O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, usou seu Twitter para informar que não há registros da titulação de Decotelli
Clara Cerioni
Publicado em 26 de junho de 2020 às 15h58.
Última atualização em 26 de junho de 2020 às 17h11.
O reitor da Universidade Nacional de Rosário na Argentina, Franco Bartolacci, usou sua conta oficial do Twitter nesta sexta-feira, 26, para desmentir que o novo ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli, obteve o título de doutor na faculdade argentina.
"Nos vemos na necessidade de esclarecer que Carlos Alberto Decotelli da Silva não obteve na @unroficial o título de doutor que se menciona nesta comunicação", escreveu Bartolacci, citando uma publicação do presidente Jair Bolsonaro em que consta a titulação do novo chefe do MEC.
A informação de que Decotelli fez doutorado na universidade está em seu currículo lattes, um documento eletrônico que reúne todas as experiências de um profissional e que é usado principalmente no meio acadêmico.
Em seu currículo ele informa, ainda, queé formado em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal, universidade que fica na Alemanha.
Essa titulação de Decotelli também está divulgada no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Anteriormente, o atual chefe do MEC ocupava o cargo de presidente do FNDE.
A reportagem procurou o MEC, que enviou um documento da Universidade de Rosário mostrando que Decotelli cursou todos os créditos do curso. Não foi esclarecido se isso basta para lhe conferir o título de doutor.
"Ele [Decotelli] cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosario", disse Bartolacci à coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo.
Decotelli no MEC
Nomeado nesta quinta-feira, 25, o novo chefe do MECtem 67 anos, é economista e a maior parte da sua carreira esteve ligada aos temas da educação executiva e ao mundo das finanças.
Sua escolha foivista como um gesto aos militares, já que ele é reservista da Marinha e atuou como professor e coordenador na Escola de Guerra Naval (EGN).
Ele é o terceiro ministro da Educação do governo Bolsonaro e entra no lugar de Abraham Weintraub, que foi exonerado na semana passada e deixou o país em meio a um controverso processo de nomeação para o Banco Mundial e processos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes disso, Ricardo Veléz também teve uma passagem turbulenta à frente do MEC, uma das pastas onde há mais disputa de influência pelos defensores das ideias do filósofo Olavo de Carvalho. Tanto Vélez quanto Weintraub também mentiram no currículo.