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Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para Secretaria da Cultura

Sobre o teor das conversas com o governo, Regina Duarte disse apenas que "o noivado foi excelente"

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 18h53.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 19h24.

São Paulo - A atriz Regina Duarte, de 72 anos, anunciou nesta quarta-feira (29) que aceitou o convite de Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria Especial da Cultura.

Ao sair do Palácio do Planalto, onde passou a tarde em reuniões com o presidente e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, a atriz disse aos jornalistas que havia aceitado: "Sim, e agora vão correr os proclamas antes do casamento".

Proclamas é o anúncio público de um casamento que é lido na Igreja Católica, comunicando a intenção dos noivos de oficializarem a relação. Depois dos proclamas lidos, é preciso esperar um prazo determinado para a cerimônia.

O presidente costuma usar a metáfora do casamento e de relacionamento para se referir a questões de sua administração, hábito adotado também pela atriz.

Sobre o teor das conversas com o governo, Regina Duarte disse apenas que "o noivado foi excelente".  A nomeação, que ainda terá de ser publicada no Diário Oficial da União, não tem data definida.

Para assumir o cargo de secretária, a atriz terá que suspender seu contrato com a TV Globo, segundo informou a própria emissora.

O convite à Regina se deu após a demissão do cargo de Roberto Alvim, que gravou um vídeo em que parafraseou um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do governo nazista na Alemanha.

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Futuro

Pouco se sabe sobre os planos da atriz à frente da pasta. Ao sair do Planalto hoje, ela estava acompanhada da pastora Jane Silva, nomeada secretária especial adjunta de Cultura a seu pedido.

Recentemente, Regina postou em sua página no Instagram o depoimento de um ex-participante do Big Brother Brasil contra o "marxismo cultural".

O termo não tem validade acadêmica e costuma ser utilizado pela direita e por membros do governo para caracterizar a teoria conspiratória que haveria um plano da esquerda para dominação cultural.

"O que o marxismo cultural faz? Coloca negros contra brancos, mulheres contra homens, homossexuais contra heterossexuais", diz o ex-BBB, Adrilles Jorge, no vídeo. "Quem é esse cara ?!", perguntou Regina na postagem. "Que depoimento bacana, profundo, super real" (sic), escreveu a atriz.

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura

Regina Duarte aceita convite de Bolsonaro para pasta da Cultura (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Lealdade

Regina Duarte nasceu no dia 5 de fevereiro de 1947. Com 55 anos de carreira, é uma das atrizes mais famosas do país, com dezenas de novelas no currículo.

Os seus papéis mais marcantes foram em folhetins como Selva de Pedra, Irmãos Coragem, Vale Tudo, Roque Santeiro, Rainha da Sucata e Malu Mulher, além da personagem Helena em três obras do autor Manoel Carlos (História de Amor, Por Amor e Páginas da Vida).

Regina demonstrou apoio à Bolsonaro em 2018, durante a corrida eleitoral, quando postou uma foto nas redes sociais com o então presidenciável. Apesar da atriz já ter se colocado no campo da direita desde as manifestações pelo impeachment de Dilma, o apoio chamou a atenção.

A candidatura de Bolsonaro teve pouca adesão da classe artística, um dos alvos preferidos do presidente e dos seus apoiadores.

Sobre as declarações homofóbicas e racistas de Bolsonaro, Regina Duarte disse ao Estadão que eram expressão de um “humor brincalhão típico dos anos 1950, que faz brincadeiras homofóbicas, mas que são da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada”, destacou na época.

No ano passado, em entrevista ao apresentador Pedro Bial, ela se queixou das críticas que passou a receber depois de declarar o apoio. Ela disse ser chamada de “fascista” por pessoas que se opõe ao governo:

“E eu achando que vivia em uma democracia, onde eu tenho o direito de pensar de acordo com o que eu quero. Eu respeito todo mundo que pensa diferente de mim. Não saio xingando as pessoas por aí”, disse.

Mesmo apoiando o presidente, Regina Duarte já havia demonstrado insatisfação em torno da escolha do seu antecessor Alvim para Cultura.

No ano passado, após ser nomeado diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, o dramaturgo sugeriu a criação de “uma máquina de guerra cultural” também contra o “marxismo cultural”.

“A meu ver o diretor Alvim tem extrapolado em declarações polarizadas porque certamente se encontra sob efeito de uma crise pós-traumática. Quem perde um Teatro perde um filho. Em virtude disso não consigo esperar dele que assuma com sensatez, com equilíbrio, as declarações que tem feito. São declarações com as quais não concordo. A ARTE se encontra em patamar sagrado, acima das ideologias”, afirmou a artista.

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