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Refugiadas e Mães: 5 histórias que vão te emocionar

Em homenagem ao Dia das Mães, escolhemos algumas histórias emocionantes de mulheres refugiadas e de seus filhos


	Mãe: muitas vezes essas mulheres viajam junto com os filhos e sem seus companheiros, o que torna a jornada mais difícil e perigosa
 (michaeljung/Thinkstock)

Mãe: muitas vezes essas mulheres viajam junto com os filhos e sem seus companheiros, o que torna a jornada mais difícil e perigosa (michaeljung/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2016 às 21h06.

Você provavelmente já sabe, mas não custa repetir: o mundo vive hoje uma das piores crises de refugiados de sua história.

Mais afetadas pela situação de vulnerabilidade em que se encontram, as mulheres mais sujeitas à violência do que os homens. Elas correm o risco serem violentadas e estupradas tanto nos conflitos em seus locais de origem quanto no trajeto até os países que irão - ou não - acolhê-las.

Além disso, muitas vezes essas mulheres viajam junto com os filhos e sem seus companheiros, o que torna a jornada mais difícil e perigosa.

Em homenagem ao Dia das Mães, escolhemos algumas histórias emocionantes de mulheres refugiadas e de seus filhos (biológicos ou do coração).

Odile

"Eu sou do Congo, de Brazzaville. Tenho seis filhos e costumava trabalhar vendendo frutas e verduras no mercado", conta Odile à ACNUR, Agência para Refugiados da ONU.

Ela, que estava sozinha quando deu à luz o primeiro filho, resolveu que não queria que outras mulheres passassem pela mesma situação. "Isso me deu coragem para ajudar outras mulheres a terem seus filhos em situações que não são as ideais."

Em 1999, Odile deixou o Congo e foi para o Gabão. Antes de chegarem ao país, ela e seus seis filhos vagaram durante um ano pelas selvas da África Central. "Cheguei a me ajoelhar na frente dos soldados e pedir para que eles me levassem e poupassem meus filhos", contou ela ao Huffington Post.

No caminho, ela fez partos de mulheres que também fugiam do conflito. "Essas situações me ensinaram a ser corajosa, e nada me amedronta agora", contou ela à ONU.

Dez anos depois ela se mudou para Austin, no Texas. Nos EUA, ela conta que lutou muito para sobreviver como mãe solteira e com poucas oportunidades de emprego. Atualmente, ela trabalha na Open Arms (Braços Abertos, em tradução livre), uma empresa social do ramo têxtil.

"Eu sou a mãe de seis filhos, mas também a mãe do Braços Abertos. Eu cuido de todos e espero que a organização cresça para apoiar muito mais mulheres."

Matialy

Matialy tem 22 anos e é mãe solteira de duas meninas. Para sustentar as duas, ela mantém um pequeno salão, feito de "paus e plástico", em um campo de refugiados na Libéria.

"Eu quero seguir com a minha carreira. É o que eu gosto de fazer e o que me mantém ocupada todos os dias. Além disso, posso ensinar outras meninas", conta ela, que ensina seu ofício de graça a outras garotas que vivem no campo de refugiados.

"Eu me sinto feliz em ajudar essas meninas a aprender e a terem novas oportunidades."

Em setembro de 2010, ela fugiu da Costa do Marfim. Após a eleição presidencial do país, uma onda de violência e de violação dos direitos humanos assolou o local.

Assim como Matialy e suas irmãs, 53 mil pessoas fugiram para a Libéria. Durante a onda de violência, os pais da jovem e seus dois irmãos mais velhos desapareceram.

Mulher não identificada

A mulher que aparece na foto abaixo não foi identificada. Ela contou sua história para a ONU:

"Enquanto eu fugia, eu peguei esse menino chorando ao lado de sua mãe, que estava morta".

Em 2015, o grupo extremista Boko Haram promoveu um de seus ataques mais mortíferos em Baga, no nordeste da Nigéria. Centenas de pessoas foram mortas e milhares de casas foram queimadas.

"Às 6 horas nós ouvimos o som de armas. Quando eles chegaram até nós, uma hora mais tarde, nós começamos a correr. Eles mataram muita gente. Eu vi o menino e o levei junto comigo e com os meus filhos para a pequena canoa do meu marido, no Lago Chade. Nós ficamos em uma pequena ilha por três dias, sem nada para comer. A fome nos forçou a sair. Eu conheço a família desta criança. Eu sei quem é seu pai, mas não sei onde ele está, nem o que aconteceu".

Ghila

Ghila vive em Smara, um campo de refugiados na Argélia há 40 anos. Em 1975, aos 28 anos, ela fugiu do conflito que assolava o Saara Ocidental junto com sua família. Foram três meses caminhando ao lado de um grupo de pessoas e se alimentando de gofia, uma mistura de soja, milho, cevada, açúcar e água, para sobreviver. Quatro dos seus filhos morreram no caminho.

Embora nunca tenha frequentado a escola, ela incentivou seus filhos sobreviventes a completarem os estudos. "Três deles estudaram na Líbia, um em Cuba e o mais novo na Argélia. Quando eles saíram de casa para estudar, eu senti muita saudade, mas tenho muito orgulho deles", conta ela, que dedica seu tempo aos netos: "Ficar com eles é a maior alegria da minha vida".

Mesmo sem uma educação formal, Ghila trabalha como curandeira no campo de refugiados e ensina seu ofício a uma das netas. "Meu pai me ensinou um pouco de medicina tradicional, inclusive o uso de ervas medicinais."

Eman

Em outubro de 2014, Eman Shakra fugiu da Síria junto com seu marido e dois filhos. A família, que atravessou a Turquia para a Itália em um barco, foi resgatada pela Guarda Costeira Italiana, após 11 dias à deriva. Um mês depois, eles chegaram à Suécia, onde solicitaram asilo.

"Eu sinto falta da Síria todos os dias", conta Eman à ONU, quando descreveu sua casa no país natal como "cheia de amor".

Agora, em sua nova casa, que ainda tem poucos móveis, ela deseja que seus filhos cheguem à universidade e encontrem um bom emprego na Suécia.

Seu sonho é voltar a estudar e trabalhar ajudando pessoas com problemas psicológicos. "Eu sou uma mulher forte, e eu acredito que essa força e o amor que estão dentro de mim me tornam perfeita para esse ofício", conclui.

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