Presidente Michel Temer durante reunião em Brasília, dia 12/06/2017 (Beto Barata/PR/Fotos Públicas)
Talita Abrantes
Publicado em 12 de junho de 2017 às 19h28.
Última atualização em 12 de junho de 2017 às 19h46.
São Paulo - O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de investigação contra o presidente Michel Temer por possível obstrução da Justiça, abuso de autoridade e corrupção passiva.
A representação tem por base a reportagem da revista VEJA desta semana que afirma que o governo teria usado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigar o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, o senador Randolfe Rodrigues também afirma que irá coletar assinaturas para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.
Na representação, o senador afirma que a suposta ação da Abin tem o nítido “propósito de promover o constrangimento público a quem se encontra imbuído da prerrogativa institucional de investigar – caso do Procurador-Geral da República – ou julgar – caso do Ministro Fachin” o presidente Temer.
“Essa operação, por parte da Abin, não possui qualquer razão de Estado aparente como motivadora que não seja o vil interesse de promover vingança pessoal em favor do representado e, ainda, obstar o andamento do inquérito contra si movido”, diz o texto do pedido.
Se acolher a representação do senador, a PGR pode pedir ao STF a abertura de mais um inquérito contra o presidente Temer.
Hoje, o peemedebista já é alvo de outra investigação no STF que apura o envolvimento dele em um escândalo de corrupção da JBS. A expectativa é que a Procuradoria apresente uma denúncia contra ele nos próximos dias.
Reportagem da revista VEJA desta semana afirma que Temer teria atuado para bisbilhotar a vida de Fachin com o objetivo de fragilizar a posição do relator nas investigações da Lava Jato. De acordo com a publicação, a investigação da Abin já estaria em curso há alguns dias, e teria encontrado indícios de que Fachin voou no jatinho particular da JBS.
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República negou a informação. “O governo não usa a máquina pública contra os cidadãos brasileiros, muito menos fará qualquer tipo de ação que não respeite aos estritos ditames da lei”, diz o texto.
Nesta segunda-feira, Temer voltou a negar qualquer interferência em outros Poderes e afirmou que tem “apego” à harmonia e independência.
“Nas democracias modernas, nenhum poder impõe sua vontade ao outro. O único soberano é o povo e não um só dos Poderes. E muito menos aqueles que, eventualmente, exerçam o poder”, disse o presidente em vídeo propagado nas redes sociais.