Recorde: governo Bolsonaro é ruim ou péssimo para 57%, mostra EXAME/IDEIA
Com CPI da pandemia da covid-19 investigando supostas irregularidades na compra de vacinas, avaliação do presidente é a pior desde o começo do governo
Gilson Garrett Jr
Publicado em 8 de julho de 2021 às 15h41.
Última atualização em 8 de julho de 2021 às 21h22.
A avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro chegou ao maior nível desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019. De acordo com a mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, o governo é considerado ruim ou péssimo por 57% dos brasileiros. Em comparação aos números da última pesquisa, o índice cresceu sete pontos percentuais e, portanto, acima da margem de erro que é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
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Os que avaliam o governo como ótimo ou bom somam 20%. Comparando com a última pesquisa, este valor caiu sete pontos, acima da margem de erro. Este é o patamar mais baixo de avaliações positivas do presidente desde o início de 2019. Os que consideram o governo como regular são 22%, valor que oscilou em um quadro que indica estabilidade.
A pesquisa EXAME/IDEIA ouviu 1.200 pessoas entre os dias 5 e 8 de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Confira todos os números da pesquisa.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, destaca que os 20% que avaliam Bolsonaro positivamente coincidem com os 20% que consideram ótima ou boa a gestão do presidente durante a pandemia de covid-19, número medido em pesquisas anteriores.
“A queda de 7% se deu muito em função da avaliação diminuir nas regiões Nordeste e Sudeste, onde se concentra a maior parte da população brasileira. Percebemos que o nível de rejeição do presidente aumentou e essa semana foi muito negativa para o seu governo isso se refletiu já nesses números”, afirma Moura.
Mesmo entre os entrevistados considerados como a “fortaleza” do presidente, o sentimento de que o governo é ruim ou péssimo cresceu. Na região Centro-Oeste, que nas pesquisas anteriores a avaliação positiva de Bolsonaro superou a negativa, nesta semana ocorreu o inverso. Para 41%, o governo é ruim ou péssimo, e 34% avaliam como ótimo ou bom.
No Norte, 56% dos moradores desaprovam o trabalho de Bolsonaro. Há uma semana eram 40%.Na parcela que se declara evangélica, a mais fiel ao presidente, 52% avaliam o governo ruim ou péssimo, e 37% ótimo ou bom. Na semana passada, 37% avaliavam como ruim ou péssimo, e 39% como ótimo ou bom.
A desaprovação em relação à maneira como Bolsonaro governa também é recorde. Entre os entrevistados, 57% não aprovam o trabalho do presidente, 23% aprovam, e outros 19% nem aprovam ou desaprovam. A ponderação negativa por parte dos entrevistados cresceu 6% se comparado com a pesquisa anterior.
CPI influencia opinião pública
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que investiga possíveis irregularidades na gestão da pandemia da covid-19, chegou a um suposto esquema de desvio de dinheiro na compra de vacina contra o coronavírus.
Nas últimas semanas, o nome de Bolsonaro foi citado, o que influencia na avaliação do presidente. E 86% dos entrevistados pela pesquisa EXAME/IDEIA disseram que souberam ou ouviram falar dos trabalhos dos senadores sobre apurar supostas irregularidades na aquisição do imunizante Covaxin.
A CPI investiga neste momento justamente este acordo. Em depoimento, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou supostas irregularidades na compra da vacina. Atualmente, o contrato de 1,6 bilhão de reais está suspenso e nenhum valor foi pago.
Em depoimento no dia 25 de junho, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luis Ricardo, colocou no olho do furacão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). De acordo com o parlamentar, ao levar a informação de uma possível corrupção no processo de compra da vacina, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que era “coisa” do Barros.
Nesta semana, os senadores se concentraram na apuração das negociações de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca por intermédio do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati. Na quarta-feira, 7, foi ouvido Roberto Ferreira Dias, que era responsável pelos contratos do Ministério da Saúde e foi exonerado por contas das supostas irregularidades.
O presidente da CPI, o senador Omar Aziz, decretou a prisão de Dias após ele negar que havia combinado um encontro com Dominguetti para acertar detalhes do contrato. A fala foi desmentida por áudios vazados durante o depoimento.
Os trabalhos da CPI ainda continuam e não se sabe o impacto que os desdobramentos vão ter até a eleição, em outubro de 2022.
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