Raquel Dodge: mantenho convicção de que prisão em 2ª instância é possível
Para a ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge, prisão após 2ª instância é forma de mostrar ao Brasil que justiça funciona de forma rápida
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de outubro de 2019 às 18h11.
Última atualização em 24 de outubro de 2019 às 18h12.
São Paulo — A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou nesta quinta-feira, 24, que mantém a convicção de que deveria ser mantida a interpretação de que a prisão em segunda instância é possível, como manifestou no segundo parecer do processo sobre a prisão em segunda instância, que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ser questionada após a participação no evento "Brazil Summit 2019" sobre o voto da ministra Rosa Weber, que abriu caminho para mudança no entendimento da corte, Dodge disse que no segundo grau encerra-se o juízo se há prova de que o acusado é culpado ou não.
"Acho que uma solução desta fomenta a percepção da população de que o sistema de Justiça funciona com a rapidez necessária, o mais rápido possível da data do fato."
Segundo ela, o impedimento da execução da pena em segunda instância deverá levar o Parlamento refletir se é necessário mudar alguma regra para se estabelecer mais clareza sobre o tema.
Em relação à possibilidade de que condenados em segunda instância sejam soltos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-PGR disse que as defesas devem fazer os pedidos à Justiça e de que "certamente haverá uma solução condizente com a decisão do STF, soltando os condenados".
Em relação à reação da sociedade, Dodge disse que a sociedade entende que as instituições devem funcionar condizentemente. "Creio que o STF está dizendo à sociedade brasileira que essa é a regra, devemos respeitar."
Medo
A ex-PGR disse ainda que a justiça não tem sido igual para todos pela forma que ela vem sendo aplicada. De acordo com ela, as pessoas olham para a Justiça e sentem medo de a Justiça não funcionar para elas como funciona para outras pessoas. De acordo com Dodge, "as pessoas pensam que se não têm muito dinheiro, a Justiça não vai funcionar para elas".
Janot
Questionada sobre a imagem da promotoria após as declarações de seu antecessor, Rodrigo Janot, que disse que pensou em matar o ministro do STF Gilmar Mendes, Dodge disse que é um "fato lamentável, mas isolado".