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Quem são os militares que Bolsonaro levará ao Planalto

Entre os sete generais do Exército escolhidos para cargos, estão seis ex-participantes da missão da ONU no Haiti.

Entre os sete generais do Exército escolhidos para cargos, estão seis ex-participantes da missão da ONU no Haiti (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

Entre os sete generais do Exército escolhidos para cargos, estão seis ex-participantes da missão da ONU no Haiti (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de janeiro de 2019 às 11h10.

Última atualização em 1 de janeiro de 2019 às 12h17.

São Paulo - Os veteranos da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) chegam ao poder com Jair Bolsonaro. Entre os sete generais do Exército escolhidos para cargos que vão da secretaria de Esportes ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estão seis ex-participantes das forças da ONU que atuaram no país caribenho de 2004 a 2017.

"Essa experiência foi fundamental para a atual geração de oficiais do Exército brasileiro", disse o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, primeiro comandante das tropas no Haiti e ministro-chefe do GSI. Heleno teve na Minustah como seus subordinados do Estado-Maior os então coronéis Floriano Peixoto Vieira Neto, Fernando Azevedo e Silva e Marco Aurélio da Costa Vieira.

No governo Bolsonaro, o general Floriano será o 2.º na hierarquia da Secretaria-Geral da Presidência; o general Azevedo e Silva, o ministro da Defesa e o general Costa Vieira, o secretário dos Esportes. Os dois últimos comandaram ainda a Brigada Paraquedista. Azevedo e Silva era o Alpha Uno 27 e seu colega, o Alpha Uno 26, como são designados os comandantes dessa tropa, segundo a ordem em que assumiram a unidade.

Heleno, outro paraquedista, ressaltou que a temporada haitiana deu ao Exército experiência na gestão logística durante crises. "Isso não era uma atividade que fosse de pleno conhecimento nosso." Para ele, um dos líderes do grupo de militares de Bolsonaro, na Minustah cada oficial "pôde conhecer suas capacidades". O chefe do GSI testemunhou a morte em ação do primeiro integrante da Minustah, um soldado cingalês, como é relatado no livro A República Negra, de Luís Kawaguti.

O trabalho na ilha reforçou laços não só entre os oficiais superiores. "O Haiti nos deu lições de liderança, desde as pequenas frações, que se tornavam cada vez mais unidas, formando um espírito de corpo, de camaradagem importante", disse Heleno.

Ou como um integrante do atual Alto Comando do Exército lembrou: "São todos (os generais) muito amigos. Esse pessoal é um bando de irmãos", referindo-se à obra do historiador Stephen Ambrose, Band of Brothers, que inspirou a série da HBO sobre uma unidade paraquedista americana na 2.ª Guerra Mundial. "É uma geração de oficiais-generais testada ao longo da carreira em situações de crise - nacional ou internacional -, de alto teor de instabilidade. É gente preparada. E o Bolsonaro conhece todos, pois a maioria é da geração dele."

Turma

O presidente, formado em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), é paraquedista, teve como instrutor no Exército o general Heleno e como contemporâneos de academia quase todos os generais escolhidos. Três deles são da turma formada em 1976: Azevedo e Silva, Floriano Peixoto e Guilherme Cals Theophilo (Secretaria Nacional de Segurança), todos também paraquedistas.

Assim, o trabalho no Haiti reforçou laços de camaradagem que já existiam antes e tinham como uma das origens o fato de a maioria ter formação paraquedista adquirida na brigada dessa especialidade, com sede no Rio. "São todos paraquedistas, forças especiais ou passaram pelo Haiti", confirmou o general Sebastião Roberto Peternelli, eleito deputado federal pelo PSL e veterano do Haiti, onde serviu no Estado-Maior da tropa comandada por Heleno.

Peternelli é outro paraquedista e integrante da turma da Aman de 1976, assim como seu colega e também deputado federal eleito pelo PSL-RN, Eliéser Girão Monteiro Filho. Também é paraquedista o vice-presidente, Hamilton Mourão. Só há uma exceção entre os generais de Bolsonaro que não calçou o coturno marrom da unidade. Trata-se de Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), que, em compensação, tem no currículo os cursos de Comandos e Guerra na Selva.

Santos Cruz comandou o Haiti de 2006 a 2009, após Heleno. Se este foi responsável pela pacificação da comunidade de Bel Air, foi Santos Cruz quem concluiu o trabalhou em Cité Soleil, ambas em Porto Príncipe, a capital do país. Floriano Peixoto voltou ao Haiti para comandar a Minustah e estava na ilha quando um terremoto a devastou em 2010, deixando mais de 316 mil mortos, entre eles 18 militares brasileiros e Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança.

Além da origem paraquedista e da Minustah, outro fator que aproxima os oficiais ligados a Bolsonaro foi o envolvimento na segurança de grandes eventos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada, caso dos generais Azevedo e Silva e Costa Vieira. Há ainda no governo um oitavo oficial-general, o almirante Bento Costa Lima (Minas e Energia); um oficial da Aeronáutica, o tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia); e dois ministros com formação militar: Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), que esteve no Haiti como engenheiro, e Wagner Rosário (Transparência).As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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