Quem é Ricardo Lewandowski, novo ministro da Justiça e Segurança Pública?
Magistrado deixou o Supremo Tribunal Federal em abril de 2023, após 17 anos na Corte
Repórter da Home
Publicado em 11 de janeiro de 2024 às 12h01.
Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 14h28.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira, 11, que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski será o novo ministro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele sucederá Flávio Dino na pasta, que foi indicado para compor o STF.
Quem é Ricardo Lewandowski?
Lewandowski , de 75 anos, é formado pela Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição pela qual se tornou mestre e doutor e na qual leciona desde 1978.
Ele chegou ao Supremo em 2006 por indicação do próprio Lula.
Sua passagem ficou marcada pelo chamado "garantismo", corrente que tende a dar maior peso aos direitos e garantias dos réus em processos.
O então ministro votou, por exemplo, durante o julgamento do mensalão, do qual foi revisor, pela absolvição dos ex-ministros de estado José Dirceu e José Genoíno, julgamentos em que foi vencido pelo voto de outros ministros do Supremo.
Na época, chamou a denúncia contra os dois de “vagas”, pois estariam baseadas sobretudo em declarações.
Lewandowski foi o primeiro ministro do Supremo Tribunal Federal a apontar desvios na atuação da Lava Jato e depois viria a ser relator da apelidada “Vaza Jato”, caso que revelou trocas de mensagens entre o juiz Sergio Moro e procuradores responsáveis pela Lava Jato.
As conversas depois levaram à anulação da condenação de Lula no caso, como também à suspensão das ações relativas a diversos outros réus.
O ministro suspendeu pessoalmente diversos processos da operação, o mais recente em março de 2023, quando mandou parar uma ação baseada em informações repassadas pela Odebrecht, provas que depois foram desconsideradas pelo Supremo.
Entre os beneficiados estavam o ex-ministro e ex-senador Edson Lobão, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a empreiteira, e o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclar.
Decisões importantes na Corte
Outras decisões do Supremo ficaram associadas ao nome de Lewandowski, por ter sido o relator dos temas na Corte.
Ele foi o responsável, por exemplo, pelo habeas corpus coletivo para conceder prisão domiciliar a milhares de presas grávidas ou mães de menores de até 12 anos. A decisão foi depois confirmada pela Segunda Turma do Supremo.
Lewandowski também foi relator da ação em que o STF julgou, por unanimidade, serem constitucionais as cotas para candidatos negros em universidades públicas.
Durante a pandemia de covid-19, Lewandowski foi relator de uma ação na Corte em que determinou ao governo acelerar e apresentar um plano de vacinação da população contra a doença, com cronogramas de aquisição e distribuição dos imunizantes. A liminar seria depois confirmada por unanimidade em plenário.
No comando do STF
Lewandowski presidiu o Supremo Tribunal Federal ( STF ) entre 2014 e 2016, ano em que presidiu também o impeachment da presidente Dilma Rousseff, entre maio e agosto, no Senado, conforme previsão constitucional.
Uma de suas decisões na época foi a de permitir uma votação fatiada, com os parlamentares decidindo primeiro sobre o afastamento da mandatária e somente depois as sanções que seriam impostas. Com isso, ela acabou não se tornando inelegível após deixar o cargo.
O ministro foi também presidente do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ) entre 2010 e 2012. No cargo, esteve à frente da aplicação da Lei da Ficha Limpa, que havia sido aprovada em 2010. Como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), assinou a adoção em todo o país das audiências de custódia – em que qualquer preso deve ser apresentado à Justiça em 24 horas.