Reverendo Amilton Gomes de Paula. (Facebook/Senah/Reprodução)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 3 de agosto de 2021 às 06h00.
Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 09h49.
Após duas semanas de recesso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado volta com os depoimentos nesta terça-feira, 3, a partir das 9h. Quem fala aos senadores neste momento é o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
O depoimento estava marcado anteriormente para o dia 14 de julho, mas foi adiado por questões de saúde de Amilton de Paula. Ele apresentou um atestado médico alegando problemas renais, diagnóstico confirmado por perícia médica do Senado.
O reverendo comparece munido de um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que autorizou o silêncio parcial dele. Por conta disso, ele não precisa responder questionamentos que possam incriminá-lo. Fux negou o pedido apresentado pela defesa de Amilton de não comparecer ou se retirar da sessão.
O fundador da entidade foi apontado pelo cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti, representante, da Davati Medical Supply, como um "intermediador" entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas contra a covid-19. Quando prestou depoimento à CPI, Dominguetti disse que o religioso “abriu as portas” do Ministério da Saúde.
Em fevereiro deste ano, a Senah recebeu autorização do Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca. O laboratório diz que não tem representantes e que negocia diretamente com os governos.
Na biografia dentro do site da Senah, diz que o religioso é reitor da Faculdade Batista do Brasil e doutor em Ciências da Educação. O reverendo é membro de diversas entidades de classe dentro da área de psicologia. Amilton de Paula é frequentemente visto ao lado de políticos da base aliada ao presidente Jair Bolsonaro em diversos eventos.
Criada em 1999, a ONG nasceu primeiro como Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos (Senar), e em 2020 mudou a palavra “religiosos” por humanitários. Apesar do nome parecer que tem alguma ligação com órgão público, é uma entidade privada. Em seu site diz que o “DNA está na cultura pela paz mundial, e na fomentação de apoio ao meio ambiente”.
Além da investigação sobre as negociações de compra de vacinas da AstraZeneca, a CPI vota requerimentos para a convocação de ministros. Na lista está a uma nova oitiva de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, de Walter Braga Netto, da Defesa.
Outro requerimento analisado é a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Ele foi citado no depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), quando o parlamentar informou ao presidente Jair Bolsonaro sobre supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
A CPI tem um total de 135 requerimentos na pauta para serem analisados. Entre eles, 41 pedidos de convocação, 64 de quebras de sigilos e 26 de informação.
(Com Agência Senado)
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