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Quatro em cada 10 vazamentos são indetectáveis

Segundo a Sabesp, são rachaduras provocadas pelo desgaste da tubulação aterrada na qual a água não sobe à superfície nem faz barulho


	Estação de Tratamento de Água da Sabesp, na cidade de Franca: ao todo, as perdas físicas correspondem a 66% do desperdício total de água da Sabesp
 (RICARDO CORREA / EXAME)

Estação de Tratamento de Água da Sabesp, na cidade de Franca: ao todo, as perdas físicas correspondem a 66% do desperdício total de água da Sabesp (RICARDO CORREA / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2014 às 14h21.

São Paulo - Quatro em cada dez vazamentos de água na rede de distribuição da Grande São Paulo são invisíveis e indetectáveis, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). São rachaduras provocadas pelo desgaste da tubulação aterrada na qual a água não sobe à superfície nem faz barulho.

Segundo a empresa, apenas 13% dos vazamentos na rede são visíveis e 50% não são vistos externamente, mas podem ser detectados por métodos acústicos.

"Esses dados são indícios de que as perdas da Sabesp são formadas prioritariamente por vazamentos não visíveis, os quais dificultam sua identificação ou requerem técnicas especiais de detecção, tornando-as mais caras", afirma a empresa.

Os índices constam do relatório enviado pela Sabesp em março à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), durante a negociação da revisão tarifária.

O órgão autorizou o reajuste de 5,4% na conta de água a partir do mês que vem, mas a concessionária informou que vai aplicá-lo em "data oportuna" até dezembro.

Segundo Arsesp, porém, a Sabesp não tem conseguido solucionar nem mesmo alguns dos vazamentos visíveis. O número de reclamações por esse motivo feitas à agência cresceu 89% no primeiro bimestre deste ano, na comparação com igual período em 2013. Foram 140 queixas entre janeiro e fevereiro, quando a crise de escassez do Sistema Cantareira já estava instalada, ante 74 nos mesmos meses do ano passado.

Para Marcelo Libânio, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não é apenas a idade da tubulação a responsável pelos vazamentos na rede.


"Basicamente, o que interfere nas perdas físicas ou reais na rede, além da idade da tubulação, é a magnitude das pressões vigentes, o material da qual ela é constituída, como ela foi implantada e a sua extensão. Então, dizer que o envelhecimento da rede é o responsável por tudo é meia-verdade", disse.

Aparentes.

Ao todo, as perdas físicas correspondem a 66% do desperdício total de água da Sabesp. Os outros 34% são considerados perdas não físicas, ou aparentes.

"É água que a empresa produziu, mas contabiliza como faturada", explica Libânio. Entre as principais causas do prejuízo, estão a submedição (54%), ou seja, falhas ocorridas no hidrômetro, e as fraudes (39%), causadas pelas ligações clandestinas de água.

"Boa parte das perdas não físicas está, em geral, associada às condições socioeconômicas da região atendida, fora do controle da prestadora dos serviços, impedindo transformar de perdas não físicas em aumento do mercado faturado", afirma a Sabesp no relatório.

A empresa alega que está entre as cinco companhias de saneamento que menos desperdiçam água no processo de distribuição em todo o País.

Segundo a Arsesp, porém, se excluir o volume de água que a Sabesp vende no atacado, como para a cidade de Guarulhos, que tem sistema próprio de distribuição, a perda de água em 2012, por exemplo, foi de 35,6% - e não de 32,1%. "Nesse caso, a Sabesp estaria numa posição muito inferior no ranking nacional", diz a agência.

A média nacional de desperdício efetivo é de 38,8%, segundo dados de 2011 do Ministério das Cidades. O Estado questionou a Sabesp, no início da tarde de ontem, sobre o envelhecimento da rede na região central da capital e o número de reclamaçõabespes de vazamentos, mas não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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