Quarto chefe do Inep em cinco meses é oficializado hoje
Instituto que organiza o Enem e as estatísticas educacionais é um dos principais marcos da confusão da gestão no governo Bolsonaro
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2019 às 06h31.
Última atualização em 20 de maio de 2019 às 10h52.
Como virou praxe no Ministério da Educação (MEC) , a semana começa com outra dança das cadeiras. Foi oficializado no Diário Oficial da União nesta segunda-feira o novo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Alexandre Ribeiro Pereira Lopes, no lugar do delegado da polícia federal Elmer Vicenzi, que ficou menos de um mês no cargo.
Lopes é servidor público federal de carreira e ex-diretor na Secretaria Executiva da Casa Civil da Presidência da República, mesmo lugar onde trabalhava o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo o MEC, a saída de Vicenzi foi feita “a pedido” do mesmo na última quinta-feira 16. O jornal Estado de S.Paulo, contudo, informou que Vicenzi, que é próximo ao ministro Weintraub, estaria sob pressão por defender a divulgação de dados sigilosos dos alunos nos censos feitos pelo Inep.
Responsável por organizar o Enem, os censos da educação básica e superior e uma série de avaliações e estatísticas educacionais, o Inep terá seu quarto chefe no governo do presidente Jair Bolsonaro. O ano começou com Maria Inês Fini, doutora em educação e pedagogia e remanescente do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Fini tinha boa relação com a ala militar do governo, mas foi exonerada em janeiro após troca de farpas sobre o conteúdo do Enem 2018, criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) por conter questões sobre a comunidade LGBT.
Assim, o primeiro nomeado no governo Bolsonaro foi Marcus Vinicius Rodrigues, ex-professor da Fundação Getúlio Vargas e doutor em Engenharia, ligado à ala olavista. Na posse, criticou o que chamou de “ideologias e crenças inadequadas” nas escolas e defendeu o golpe militar de 1964. Sua saída veio em março após tentar acabar com a avaliação de alfabetização, em meio à crise que envolvia o então ministro da Educação, Ricardo Vélez. Em seguida, foi nomeado Vicenzi, já na gestão de Weintraub.
Lopes, o novo presidente, disse na sexta-feira que o vai e vem no Inep não vai interferir no cronograma do Enem, tampouco o congelamento de 26% no orçamento do órgão, parte do recente contingenciamento do governo. As inscrições para o exame do ensino médio terminaram na sexta-feira 17, com mais de 6 milhões de inscritos.
Seguindo a toada do MEC, que já teve dois ministros em cinco meses e é centro de um embate entre olavistas e militares no governo, vem sendo um ano pouco tranquilo para o Inep. Agora, caberá ao novo presidente organizar as avaliações e tão importantes estatísticas de educação, além de lidar com a organização do maior exame do país, marcado para 3 e 10 de novembro. Se ele chegar até lá.