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Quadrilha se aproximou de governos estaduais, revela PF

Relatório da Operação Miqueias revela tentativas da suposta organização de se aproximar dos governadores do Tocantins e do Pará

Polícia Federal apreende carros de luxo de quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público, na Operação Miqueias (Elza Fiúza/ABr)

Polícia Federal apreende carros de luxo de quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público, na Operação Miqueias (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2013 às 23h12.

Brasília - Relatório da Operação Miqueias, da Polícia Federal, revela tentativas da suposta organização criminosa que desviava recursos de fundos de pensão de se aproximar dos governadores do Tocantins e do Pará. Um dos lobistas também demonstra ter influência no governo do Rio de Janeiro. A PF descreve que Ezaquiel Oliveira, braço do esquema, diz ter "muito poder no governo do RJ". Neste caso, contudo, não há mais informações no relatório. O documento da PF, ao qual o Estado teve acesso, revela que no Tocantins a quadrilha tinha contatos no governo.

Num dos diálogos interceptados com autorização judicial, uma lobista do esquema diz que o doleiro Fayed Traboulsi, chefe do grupo, segundo os investigadores, foi à inauguração de uma obra no Tocantins "porque Siqueira pediu". O relatório não informa sobre qual Siqueira os dois se referem. O Estado apurou que a PF suspeita tratar-se do secretário Eduardo Siqueira Campos, filho do governador Siqueira Campos (PSDB). Em data próxima ao diálogo, dia 26 de abril de 2012, o governo inaugurou uma rodovia. O Jornal do Tocantins noticiou que as duas lobistas que tratam do assunto Tocantins com Fayed são amigas do secretário no Facebook. A assessoria do governo informou que o secretário desconhece as lobistas, que tem muitos amigos no Facebook, e que não foi investigado pela PF.

No relatório de inteligência da PF, são apontadas supostas relações do então presidente do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (IGEPREV), Rogério Villas Boas, com Fayed. Ele foi exonerado do cargo após seu nome ser mencionado. A PF também descreve tentativa da suposta organização criminosa de se encontrar com o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), o vice dele e o presidente do instituto de previdência do Estado. A PF interceptou uma sequência de diálogos entre dois operadores do esquema que indicam "que ambos intermediaram uma reunião entre os membros da organização criminosa...possivelmente com o governador, o vice e o presidente do instituto de previdência dos servidores do Estado do Pará."

O doleiro Fayed se queixa com uma lobista de que o encontro foi marcado com o chefe de gabinete do então secretário especial Sérgio Leão (PSD). Ele avisa à colega que os dois só iriam se o governador ou seu vice comparecessem. "...o contato com o chefe do gabinete do chefe do gabinete...é sacanagem...não resolve absolutamente nada. Quem resolve é o GOV ou o VICE GOV. Só eles..." A assessoria do governador Jatene informou que não há registro de encontro do governador, do vice e do presidente do instituto de previdência com essas pessoas. Até o fechamento desta edição, o governo não informou sobre o suposto contato com o ex-secretário. A PF não informa se o encontro ocorreu.

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