Brasil

PT cobrava ‘pedágio’ em contratos do BB, diz Valério

Segundo o empresário, esquema de desvio de dinheiro que teria de ir para a publicidade foi criado por Henrique Pizzolato e Ivan Guimarães


	Banco do Brasil: segundo o empresário, os desvios dos cofres públicos que abasteceram o mensalão podem ter sido maiores do que os que levaram o STF a condenar Valério e Pizzolato
 (VEJA RIO)

Banco do Brasil: segundo o empresário, os desvios dos cofres públicos que abasteceram o mensalão podem ter sido maiores do que os que levaram o STF a condenar Valério e Pizzolato (VEJA RIO)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2013 às 16h35.

Brasília - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, uma espécie de "pedágio" às agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT, acusou o homem apontado como o operador do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.

Em dois anos, os repasses do Banco do Brasil às cinco agências de publicidade com as quais mantinha contrato superaram R$ 400 milhões - uma delas era a DNA Propaganda, de Valério. Ou seja, segundo o empresário disse à Procuradoria-Geral da República em setembro, os desvios dos cofres públicos que abasteceram o mensalão podem ter sido maiores do que os que levaram o Supremo Tribunal Federal a condenar Valério e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.

Segundo concluiu a Corte no julgamento que está prestes a se encerrar, R$ 2,9 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Banco do Brasil para o mensalão. Outros R$ 74 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Fundo Visanet, do qual o BB fazia parte.

Segundo Valério disse no depoimento, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Pizzolato e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, que integra a estrutura do Banco do Brasil.

O ex-diretor do Banco do Brasil negou nesta terça-feira (11) que tenha cobrado "pedágio" das agências de publicidade. Guimarães não foi localizado pela reportagem.


No período de operação plena do mensalão, entre 2003 e 2004, quando uma série de parlamentares fez saques das contas das empresas de Valério, o Banco do Brasil pagou, segundo dados CPI dos Correios, pelo menos R$ 434 milhões a agências de publicidade. Ao longo desse período de dois anos, a agência DNA, uma das empresas de Valério, que detinha um dos contratos com o Banco do Brasil, aumentou sua participação nos acordos enquanto o bolo recebido pelas demais agências declinava aos poucos.

Ainda no primeiro ano de governo do ex-presidente Lula, em 2003, a DNA, que já trabalhava com o Banco do Brasil durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguiu renovar o contrato com a instituição financeira pública.

Renovações

O valor estimado dos gastos anuais de publicidade com a DNA era de R$ 152,8 milhões, segundo informações do Ministério Público Federal. A renovação teria rendido a Pizzolato mais de R$ 300 mil de contrapartida, segundo dados usados pelos ministros do Supremo para condenar o ex-diretor do banco corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, com pena de 12 anos e sete meses de prisão.

Além da DNA, a licitação 01/2003 originou contratos com a Ogilvy Brasil Comunicação Ltda. e a D+Brasil Comunicação Total. Já havia contratos em andamento desde 2002 com as agências Grottera Comunicação e Lowe Lintas Partners , que continuaram a ser prorrogados a partir de 2003, início do governo Lula.

Abrangência

Os contratos firmados em setembro de 2003 entre o Banco do Brasil e as cinco agências alcançavam todo o conglomerado do Banco do Brasil, incluindo empresas ou entidades que fossem criadas e a Fundação Banco do Brasil.

Comandado por Ivan Guimarães, o Banco Popular do Brasil funcionava como uma subsidiária integral. Seu funcionamento foi autorizado em dezembro de 2003. Ivan Guimarães também esteve envolvido no episódio da compra do apartamento da ex-mulher de José Dirceu por Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério.

Acompanhe tudo sobre:BancosBB – Banco do BrasilCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEscândalosFraudesHenrique PizzolatoMensalãoPartidos políticosPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Inmet emite alerta de 'grande perigo' enquanto chuva atinge 18 estados; veja previsão

Após sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’, Lula cria Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia

Coalizão lança manifesto assinado por mais de 60 entidades contra decisão de Zuckerberg sobre Meta

Ministro da Defesa reforça apoio às investigações do 8/1: ‘Essa será a grande festa’