Barbosa: embora sua pré-candidatura seja dada como certa nos bastidores, ele resistia a oficializá-la para evitar ataques (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de abril de 2018 às 08h16.
Última atualização em 18 de abril de 2018 às 10h23.
Brasília - O PSB convenceu o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa a se lançar pré-candidato à Presidência até 15 de maio.
O principal argumento foi o de que, a partir desta data, pré-candidatos poderão arrecadar dinheiro para a campanha por meio de financiamento coletivo ("crowdfunding"), chamado de "vaquinha virtual".
Barbosa se filiou ao PSB em 6 de abril, mas, embora sua pré-candidatura seja dada como certa nos bastidores, ele resistia a oficializá-la para evitar ataques.
Segundo interlocutores no PSB, o ex-ministro queria esperar esfriarem discussões de temas polêmicos para não ter de se pronunciar sobre, por exemplo, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, que o indicou para o STF em 2002.
"Conseguimos convencê-lo de que tem de ser antes do dia 15. Acredito que vai ser entre a última semana de abril e a primeira de maio", afirmou o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG), um dos principais envolvidos na negociação com o ex-ministro.
Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovadas em dezembro estabelecem que partidos poderão arrecadar via crowdfunding antes da campanha.
As doações de pessoas físicas poderão ser feitas por meio de cartão de crédito, cheque, boleto ou transferência bancária. Os recursos, porém, só poderão ser utilizados após o registro da candidatura. Caso o pré-candidato desista da disputa, o dinheiro tem de ser devolvido.
Líderes do PSB já têm conversas adiantadas com o publicitário Roberto Meira, que criou uma companhia focada em crowdfunding para campanhas.
"Por apelo popular, sem dúvida Joaquim Barbosa e (Jair) Bolsonaro são os que mais têm potencial de arrecadação", afirmou. No PSB, a expectativa é arrecadar montante próximo do teto de gastos para candidatos ao Planalto, fixado pelo TSE em R$ 70 milhões para o primeiro turno.
Embora tenha condições, Barbosa não deverá se autofinanciar. Para o PSB, seria uma contradição, uma vez que o partido é autor de Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF que questiona a possibilidade de candidatos financiarem integralmente suas campanhas. Para a legenda, a regra viola a igualdade de chances na disputa.
Em um primeiro passo para se aproximar da cúpula do PSB, Barbosa se reuniu nesta terça-feira, 17, com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Segundo aliados, o ex-presidente do Supremo estava no Recife para um compromisso particular e aproveitou para se encontrar com o governador.
Herdeiros de Eduardo Campos, morto em 2014, o grupo do PSB de Pernambuco é considerado um dos mais fortes da legenda. Nesta quinta-feira, 19, haverá um encontro maior para Barbosa ser apresentado aos demais integrantes da Executiva do PSB.
Câmara, que busca o apoio do PT para se reeleger em Pernambuco, era um dos que resistiam a lançar candidato próprio à Presidência.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, tem afirmado que a resistência inicial ao nome de Barbosa foi superada internamente e que já existe um "consenso" sobre a candidatura do ex-ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.