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Protestos tomam ruas de capitais e reivindicações aumentam

Na maioria das cidades a manifestação era pacífica, mas no Rio e em Brasília havia sinais de confrontos com a polícia

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 20h39.

São Paulo - Mais de 100 mil pessoas tomaram as ruas de ao menos dez capitais do Brasil nesta segunda-feira numa manifestação que inicialmente era contra a alta na tarifa do transporte público , mas agora já engloba uma série de insatisfações.

Desta vez, o combate à corrupção, as críticas à violência policial e até os gastos com a Copa do Mundo ganharam as vozes dos manifestantes e estavam estampados nos cartazes que carregavam durante uma onda de protestos turbinada pelas redes sociais e que há décadas não era vista no país.

Na maioria das cidades a manifestação era pacífica, mas no Rio e em Brasília havia sinais de confrontos com a polícia.

Na capital federal, milhares de manifestantes protestavam em frente ao Congresso Nacional. Alguns deles tentaram invadir o Parlamento e foram contidos pela polícia, mas conseguiram subir no teto da marquise do Congresso.

Os protestos ganharam força e se espalharam principalmente depois da quinta-feira passada, quando a manifestação em São Paulo tornou-se violenta com confrontos entre policiais e manifestantes e denúncias de abusos que teriam sido cometidos pela Polícia Militar.

Em São Paulo, a concentração dos manifestantes ocorreu no Largo da Batata, zona oeste do município. Eles se dividiram e rumaram para Avenida Paulista e Marginal Pinheiros, num contingente estimado em 65 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.

"Estamos aqui por causa da insatisfação com a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Isso é uma revolta que devia ter acontecido há muito tempo", disse um manifestante que se identificou apenas como Gustavo, de 34 anos, que estava enrolado em uma bandeira do Brasil.

"Isso é só o começo. Os protestos vão continuar até a Copa e, se não aceitarem nossas demandas, eles vão se intensificar", disse o bancário Rafael, de 23 anos, que também não quis dizer seu sobrenome. "O preço da passagem foi a gota que fez o copo transbordar." A gigantesca onda de manifestações em todo o país fez com que a presidente Dilma Rousseff se manifestasse por meio da ministra-chefe da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas.


De acordo com a ministra, a presidente "considera que as manifestações pacíficas são legítimas e são próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestar".

Embora o clima da manifestação na capital paulista fosse pacífico e de festa, havia também aqueles que mostravam contrariedade com o protesto.

"A corrupção no Brasil é uma coisa de todos os dias. Eles vão protestar todos os dias?", indagou à Reuters uma mulher que se identificou como Cristina e que trabalha como caixa de um açougue. "Isso não muda nada. Muitos (dos manifestantes) são estudantes de classe média. Isso não é o povo", disse.

Somente em Belo Horizonte, segundo estimativa da Polícia Militar mineira, de 20 mil a 30 mil pessoas se reuniram em protesto por vários motivos perto do Estádio do Mineirão, onde as seleções do Taiti e Nigéria se enfrentaram pela Copa das Confederações.

A manifestação ocorreu mesmo após o Tribunal de Justiça do Estado ter acatado ação cautelar, proposta pelo governo de Antonio Anastasia (PSDB), proibindo manifestações que bloqueiem vias públicas, principalmente às do entorno do estádio. Houve confronto entre policiais e manifestantes.

Também nesta segunda-feira um novo protesto voltou a acontecer no centro do Rio de Janeiro. Alguns manifestantes entraram em conflito com a PM em frente à Assembleia Legislativa do Estado.

Outros protestos aconteciam em Maceió, Salvador, Porto Alegre, Belém, Vitória e Curitiba.

No fim de semana, manifestantes e policiais se enfrentaram em protestos contra os recursos públicos gastos nos preparativos para a Copa do Mundo antes das partidas pela Copa das Confederações entre Brasil e Japão, em Brasília, e México e Itália, no Rio de Janeiro.


INSATISFAÇÃO DIFUSA Na capital paulista, esta é a quinta manifestação. A pauta de reclamações vem crescendo a cada dia desde a demanda inicial contra o aumento da tarifa do transporte público de 3 reais para 3,20 reais no início do mês.

Os protestos desta segunda-feira em São Paulo ocorriam de forma pacífica, num cenário diferente do visto até então.

As quatro manifestações anteriores resultaram em depredações de ônibus e estações de metrô e confrontos com a Polícia Militar. A da última quinta-feira foi a mais violenta: a Tropa de Choque disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, e a cavalaria da Polícia Militar ocupou a Avenida Paulista, via mais importante da cidade.

Foram registrados vários relatos de abusos de policiais, com cerca de 100 feridos, segundo o Movimento Passe Livre (MPL), entre eles jornalistas que cobriam o evento. Cerca de 230 pessoas foram detidas para averiguação, e mais de 10 PMs ficaram feridos.

Após as denúncias de abusos policiais, a Secretaria de Segurança Pública paulista reuniu-se com os líderes do MPL e garantiu que a Tropa de Choque não acompanharia o protesto desta segunda.

Embora a alta no preço da passagem tenha sido o estopim das manifestações em todo o país, especialistas ouvidos pela Reuters entendem que o movimento emana uma insatisfação difusa.

A convocação para as manifestações têm sido feitas pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook, site no qual mais de 265 mil pessoas afirmaram que estariam presentes no ato mais recente em São Paulo.

O MPL já convocou um novo protesto em São Paulo para terça-feira, desta vez na Praça da Sé.

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Desta vez, o combate à corrupção, as críticas à violência policial e até os gastos com a Copa do Mundo ganharam as vozes dos manifestantes e estavam estampados nos cartazes que carregavam durante uma onda de protestos turbinada pelas redes sociais e que há décadas não era vista no país.

Na maioria das cidades a manifestação era pacífica, mas no Rio e em Brasília havia sinais de confrontos com a polícia.

Na capital federal, milhares de manifestantes protestavam em frente ao Congresso Nacional. Alguns deles tentaram invadir o Parlamento e foram contidos pela polícia, mas conseguiram subir no teto da marquise do Congresso.

Os protestos ganharam força e se espalharam principalmente depois da quinta-feira passada, quando a manifestação em São Paulo tornou-se violenta com confrontos entre policiais e manifestantes e denúncias de abusos que teriam sido cometidos pela Polícia Militar.

Em São Paulo, a concentração dos manifestantes ocorreu no Largo da Batata, zona oeste do município. Eles se dividiram e rumaram para Avenida Paulista e Marginal Pinheiros, num contingente estimado em 65 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.

"Estamos aqui por causa da insatisfação com a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Isso é uma revolta que devia ter acontecido há muito tempo", disse um manifestante que se identificou apenas como Gustavo, de 34 anos, que estava enrolado em uma bandeira do Brasil.

"Isso é só o começo. Os protestos vão continuar até a Copa e, se não aceitarem nossas demandas, eles vão se intensificar", disse o bancário Rafael, de 23 anos, que também não quis dizer seu sobrenome. "O preço da passagem foi a gota que fez o copo transbordar." A gigantesca onda de manifestações em todo o país fez com que a presidente Dilma Rousseff se manifestasse por meio da ministra-chefe da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas.


De acordo com a ministra, a presidente "considera que as manifestações pacíficas são legítimas e são próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestar".

Embora o clima da manifestação na capital paulista fosse pacífico e de festa, havia também aqueles que mostravam contrariedade com o protesto.

"A corrupção no Brasil é uma coisa de todos os dias. Eles vão protestar todos os dias?", indagou à Reuters uma mulher que se identificou como Cristina e que trabalha como caixa de um açougue. "Isso não muda nada. Muitos (dos manifestantes) são estudantes de classe média. Isso não é o povo", disse.

Somente em Belo Horizonte, segundo estimativa da Polícia Militar mineira, de 20 mil a 30 mil pessoas se reuniram em protesto por vários motivos perto do Estádio do Mineirão, onde as seleções do Taiti e Nigéria se enfrentaram pela Copa das Confederações.

A manifestação ocorreu mesmo após o Tribunal de Justiça do Estado ter acatado ação cautelar, proposta pelo governo de Antonio Anastasia (PSDB), proibindo manifestações que bloqueiem vias públicas, principalmente às do entorno do estádio. Houve confronto entre policiais e manifestantes.

Também nesta segunda-feira um novo protesto voltou a acontecer no centro do Rio de Janeiro. Alguns manifestantes entraram em conflito com a PM em frente à Assembleia Legislativa do Estado.

Outros protestos aconteciam em Maceió, Salvador, Porto Alegre, Belém, Vitória e Curitiba.

No fim de semana, manifestantes e policiais se enfrentaram em protestos contra os recursos públicos gastos nos preparativos para a Copa do Mundo antes das partidas pela Copa das Confederações entre Brasil e Japão, em Brasília, e México e Itália, no Rio de Janeiro.


INSATISFAÇÃO DIFUSA Na capital paulista, esta é a quinta manifestação. A pauta de reclamações vem crescendo a cada dia desde a demanda inicial contra o aumento da tarifa do transporte público de 3 reais para 3,20 reais no início do mês.

Os protestos desta segunda-feira em São Paulo ocorriam de forma pacífica, num cenário diferente do visto até então.

As quatro manifestações anteriores resultaram em depredações de ônibus e estações de metrô e confrontos com a Polícia Militar. A da última quinta-feira foi a mais violenta: a Tropa de Choque disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, e a cavalaria da Polícia Militar ocupou a Avenida Paulista, via mais importante da cidade.

Foram registrados vários relatos de abusos de policiais, com cerca de 100 feridos, segundo o Movimento Passe Livre (MPL), entre eles jornalistas que cobriam o evento. Cerca de 230 pessoas foram detidas para averiguação, e mais de 10 PMs ficaram feridos.

Após as denúncias de abusos policiais, a Secretaria de Segurança Pública paulista reuniu-se com os líderes do MPL e garantiu que a Tropa de Choque não acompanharia o protesto desta segunda.

Embora a alta no preço da passagem tenha sido o estopim das manifestações em todo o país, especialistas ouvidos pela Reuters entendem que o movimento emana uma insatisfação difusa.

A convocação para as manifestações têm sido feitas pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook, site no qual mais de 265 mil pessoas afirmaram que estariam presentes no ato mais recente em São Paulo.

O MPL já convocou um novo protesto em São Paulo para terça-feira, desta vez na Praça da Sé.

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