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Protestos obrigam governo a responder novas exigências

Os protestos demonstraram que "sair da miséria dá início a outras reivindicações", disse Dilma em uma entrevista ao jornal espanhol "El País"

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 15h58.

Rio de Janeiro - Os protestos que sacudiram o país neste ano obrigaram o governo e o Congresso a modificar seus planos para atender as exigências de milhões de brasileiros que saíram às ruas para reivindicar melhores serviços públicos.

As manifestações começaram no dia 10 de junho em São Paulo e no Rio de Janeiro, em protestos pelo aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, que acabou sendo revogado pelos governos estaduais após as mobilizações.

Porém, em poucos dias, se estenderam a centenas de cidades e chegaram a mobilizar até 1,3 milhões de pessoas em um só dia, em uma demonstração que tinham deixado de ser atos espontâneos convocados pelas redes sociais.

"Não é só por 20 centavos", diziam os cartazes para deixar claro que as exigências tinham se ampliado e que as passeatas reivindicavam melhores serviços públicos, principalmente de saúde, educação e transportes, mas também medidas contra a corrupção e o desperdício de recursos públicos em eventos como a Copa do Mundo.

"A causa foi a insatisfação reprimida, a frustração...uma soma de fatores que fez com que um grupo grande da população reivindicasse de forma surpreendente e espontânea melhoras nos serviços públicos", disse à Agência Efe o sociólogo Jorge Werthein, presidente do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).

Os protestos surpreenderam muitos que enxergam o país como modelo por seus programas contra a pobreza, geraram temores entre os investidores e deixaram de mãos atadas os políticos, rechaçados pelos manifestantes com cartazes alegando que "não nos representam".

Já a presidente Dilma Rousseff os atribuiu a uma política que em dez anos permitiu que 36 milhões de brasileiros saíssem da pobreza e que 40 milhões chegassem à classe média.


Essa nova classe média, agora majoritária segundo a governante, deixou de reivindicar emprego e medidas contra a pobreza e agora tem outra prioridade, como melhores serviços de saúde e educação.

Os protestos demonstraram que "sair da miséria dá início a outras reivindicações", disse Dilma em uma entrevista ao jornal espanhol "El País".

Os governos regionais responderam ao clamor das ruas com medidas concretas, como a redução do preço das passagens de ônibus, enquanto a chefe do Estado demorou mais alguns dias para reagir.

Finalmente, no dia 24 de junho, depois de se reunir com governadores, prefeitos das maiores cidades e líderes do Congresso, Dilma anunciou cinco pactos nacionais para responder às exigências.

O governo aproveitou para incluir entre as medidas algumas que estudava há meses, como a contratação de médicos estrangeiros para atender áreas carentes, e outras que o Congresso se negava a discutir, como a reforma política e eleitoral.

"Propusemos ações concretas e até agora cumprimos", declarou Dilma recentemente ao fazer um balanço das medidas.

Sobre o pacto para o transporte urbano, a presidente citou os investimentos no valor de R$ 140 bilhões em projetos para o metrô, os trens metropolitanos e corredores de ônibus.

Em relação ao pacto pela educação, lembrou que o governo convenceu o Congresso a aprovar um projeto de lei que destina 75% dos royalties do petróleo ao setor, o que garante recursos adicionais no valor de R$ 112 bilhões para os próximos dez anos.

As medidas do pacto para a saúde são as que mais avançaram, segundo ela, com a contratação até agora de 6.600 médicos para um programa que prevê o envio até março do próximo ano de 12.996 profissionais da saúde às áreas mais pobres e isoladas do país para atender 22,7 milhões de pessoas.

O pacto com menos avanços é o da reforma política, que ficou nas mãos de uma comissão do Congresso, já que Dilma não pôde impor sua ideia de promover estas mudanças por meio de um plebiscito.

Apesar da lentidão para discutir a reforma política, o Congresso foi praticamente obrigado pelos manifestantes a aprovar leis de transparência e luta contra a corrupção, como a que pôs fim no voto secreto no Parlamento.

Para Werthein, essas respostas demonstraram a força das manifestações e "a descoberta da sociedade de uma nova forma de fazer política e lutar por suas reivindicações".

O presidente do Cebela admitiu que alguns atos de violência de grupos infiltrados diminuíram a legitimidade dos protestos, mas acrescentou que não acredita que as manifestações como nova forma de fazer política sejam algo passageiro no Brasil.

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Rio de Janeiro - Os protestos que sacudiram o país neste ano obrigaram o governo e o Congresso a modificar seus planos para atender as exigências de milhões de brasileiros que saíram às ruas para reivindicar melhores serviços públicos.

As manifestações começaram no dia 10 de junho em São Paulo e no Rio de Janeiro, em protestos pelo aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, que acabou sendo revogado pelos governos estaduais após as mobilizações.

Porém, em poucos dias, se estenderam a centenas de cidades e chegaram a mobilizar até 1,3 milhões de pessoas em um só dia, em uma demonstração que tinham deixado de ser atos espontâneos convocados pelas redes sociais.

"Não é só por 20 centavos", diziam os cartazes para deixar claro que as exigências tinham se ampliado e que as passeatas reivindicavam melhores serviços públicos, principalmente de saúde, educação e transportes, mas também medidas contra a corrupção e o desperdício de recursos públicos em eventos como a Copa do Mundo.

"A causa foi a insatisfação reprimida, a frustração...uma soma de fatores que fez com que um grupo grande da população reivindicasse de forma surpreendente e espontânea melhoras nos serviços públicos", disse à Agência Efe o sociólogo Jorge Werthein, presidente do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).

Os protestos surpreenderam muitos que enxergam o país como modelo por seus programas contra a pobreza, geraram temores entre os investidores e deixaram de mãos atadas os políticos, rechaçados pelos manifestantes com cartazes alegando que "não nos representam".

Já a presidente Dilma Rousseff os atribuiu a uma política que em dez anos permitiu que 36 milhões de brasileiros saíssem da pobreza e que 40 milhões chegassem à classe média.


Essa nova classe média, agora majoritária segundo a governante, deixou de reivindicar emprego e medidas contra a pobreza e agora tem outra prioridade, como melhores serviços de saúde e educação.

Os protestos demonstraram que "sair da miséria dá início a outras reivindicações", disse Dilma em uma entrevista ao jornal espanhol "El País".

Os governos regionais responderam ao clamor das ruas com medidas concretas, como a redução do preço das passagens de ônibus, enquanto a chefe do Estado demorou mais alguns dias para reagir.

Finalmente, no dia 24 de junho, depois de se reunir com governadores, prefeitos das maiores cidades e líderes do Congresso, Dilma anunciou cinco pactos nacionais para responder às exigências.

O governo aproveitou para incluir entre as medidas algumas que estudava há meses, como a contratação de médicos estrangeiros para atender áreas carentes, e outras que o Congresso se negava a discutir, como a reforma política e eleitoral.

"Propusemos ações concretas e até agora cumprimos", declarou Dilma recentemente ao fazer um balanço das medidas.

Sobre o pacto para o transporte urbano, a presidente citou os investimentos no valor de R$ 140 bilhões em projetos para o metrô, os trens metropolitanos e corredores de ônibus.

Em relação ao pacto pela educação, lembrou que o governo convenceu o Congresso a aprovar um projeto de lei que destina 75% dos royalties do petróleo ao setor, o que garante recursos adicionais no valor de R$ 112 bilhões para os próximos dez anos.

As medidas do pacto para a saúde são as que mais avançaram, segundo ela, com a contratação até agora de 6.600 médicos para um programa que prevê o envio até março do próximo ano de 12.996 profissionais da saúde às áreas mais pobres e isoladas do país para atender 22,7 milhões de pessoas.

O pacto com menos avanços é o da reforma política, que ficou nas mãos de uma comissão do Congresso, já que Dilma não pôde impor sua ideia de promover estas mudanças por meio de um plebiscito.

Apesar da lentidão para discutir a reforma política, o Congresso foi praticamente obrigado pelos manifestantes a aprovar leis de transparência e luta contra a corrupção, como a que pôs fim no voto secreto no Parlamento.

Para Werthein, essas respostas demonstraram a força das manifestações e "a descoberta da sociedade de uma nova forma de fazer política e lutar por suas reivindicações".

O presidente do Cebela admitiu que alguns atos de violência de grupos infiltrados diminuíram a legitimidade dos protestos, mas acrescentou que não acredita que as manifestações como nova forma de fazer política sejam algo passageiro no Brasil.

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