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Protestos interrompem rodovias no MT e PR e afetam soja

Protesto contra custos do setor de transportes entrou em `no 3º dia, interrompendo o fluxo de cargas em pelo menos 11 pontos de Mato Grosso e do Paraná


	Soja: protesto começa a ameaçar o fornecimento de soja para indústrias e portos
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Soja: protesto começa a ameaçar o fornecimento de soja para indústrias e portos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2015 às 17h16.

São Paulo - Um protesto contra custos elevados do setor de transportes entrou nesta sexta-feira em seu terceiro dia, interrompendo por tempo indeterminado o fluxo de cargas em pelo menos 11 pontos de Mato Grosso e do Paraná, começando a ameaçar o fornecimento de soja para indústrias e portos nos próximos dias.

Nesta sexta-feira, os bloqueios começaram pela manhã em quatro pontos da BR-163, responsável por escoar 70 por cento da safra de grãos de Mato Grosso, em Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, segundo a Rota do Oeste, concessionária da rodovia.

"A fila de veículos nos locais bloqueados chega a quatro quilômetros", disse a empresa.

Também há bloqueios nesta sexta na BR-364, em Campo Novo dos Parecis e Rondonópolis, e na MT-358, em Tangará da Serra.

Protestos interrompem ainda o fluxo de cargas em três pontos da BR-163 no Paraná, em Capitão Leônidas Marques, Pérola do Oeste e Santo Antônio do Sudoeste, e na BR-277, em Medianeira, todos no sudoeste do Estado, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

"Está tudo parado. Em três ou quatro dias vai começar a dar problema para as indústrias que tenham estoques mais apertados, com repercussão também nos portos", disse à Reuters um gerente de armazém de uma trading multinacional de grãos em Nova Mutum, que pediu anonimato por não ter autorização para falar com a imprensa.

Segundo ele, caminhões com a soja que está sendo colhida são autorizados a chegar até os silos, mas carretas com destino a indústrias e portos estão sendo bloqueadas.

Os temores de haver atrasos na chegada de cargas nos portos, num momento em que o mercado internacional de soja volta-se para o Brasil, estão travando os negócios no mercado à vista de soja, disse o analista da Informa Economics FNP, Aedson Pereira. Na avaliação dele, as tradings estão evitando repassar para os produtores as recentes altas das cotações da soja na bolsa de Chicago e do dólar, tentando precaver-se de eventuais gastos com multas por atrasos nos embarques nos portos.

"Querendo ou não, isso (paralisação de caminhões) baliza o mercado de forma negativa... A queda de braço (entre compradores e vendedores), que poderia ser menos intensa, está acirrada pelo gargalo logístico", avaliou Pereira.

Os produtores, por sua vez, pedem preços mais elevados, de olho em Chicago e no câmbio e com a memória de cotações melhores na safra passada, o que trava as negociações.

A colheita de soja já avança para cerca de um quarto da área plantada em importantes regiões produtoras, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, alcançando 15 por cento das lavouras na média do país.

Impasse

Os protestos começaram menores na quarta-feira, mas se intensificaram nesta sexta.

"Agora é por tempo indeterminado", disse um dos líderes do movimento, Gilson Pelicioni, dono de uma transportadora e vereador em Lucas do Rio Verde.

Os caminhões parados nos protestos nos últimos dois dias vinham sendo liberados para seguir viagem no horário do almoço e à noite.

As manifestações são contra os altos custos enfrentados pelo setor e os baixos valores recebidos pelos fretes para transporte de grãos.

Transportadores de Mato Grosso reclamam do preço do diesel, que sofreu reajuste em 1º de fevereiro após um aumento de impostos pelo governo federal, apertando as margens no frete.

Um dos pedidos é que o governo estadual reduza a alíquota de ICMS cobrado no diesel e force empresas que contratam frete a seguir uma tabela de preços mínimos, que cubra os custos.

Uma reunião entre o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, e os organizadores dos protestos está marcada para a tarde desta sexta-feira, em Cuiabá, informou o governo.

Pelicioni disse, no entanto, que duvida que o governador possa apresentar medidas concretas que atendam às reivindicações logo no primeiro encontro.

"Depois da reunião, vamos discutir se vamos permanecer como está, se vamos flexibilizar ou se vamos radicalizar ainda mais", afirmou o empresário.

A assessoria do governo do Estado disse que será um encontro para "ouvir reivindicações" e que não há informações sobre o que será apresentado pelo Executivo.

Na quarta-feira, a Secretaria da Fazenda de Mato Grosso afirmou que realiza um estudo técnico sobre o setor de combustível, que "não pode ser feito da noite para o dia, pois causaria um grande impacto nas contas do Estado", mas que há espaço para discussão. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que reúne as principais exportadoras e esmagadoras de soja do país, condenou a realização dos protestos.

"Apesar de entender e apoiar a reivindicação dos caminhoneiros visando à redução de custos, a Abiove considera ilegais as tentativas de tabelamento de preços dos fretes, pois contrariam o princípio da livre concorrência", disse a entidade, em nota.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) disse na noite de quinta-feira que o direito de manifestação é justo, mas que é preciso que os transportadores entendam que Mato Grosso está no período de pico de safra e que a radicalização neste momento pode atingir outros elos da cadeia.

"Precisamos que as propriedades sejam abastecidas com óleo diesel e ter garantido o transporte da soja para os armazéns", disse o presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, em nota.

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