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Protestos de rua mudaram hábitos e opiniões dos brasileiros

O economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos disse que a pesquisa revela que a adesão às manifestações “não é mais a mesma”


	Protesto: análise mostra mudança na adesão de consultados às políticas de segurança pública
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Protesto: análise mostra mudança na adesão de consultados às políticas de segurança pública (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2014 às 19h29.

Rio de Janeiro - As manifestações populares iniciadas em junho do ano passado mudaram a rotina de 58% dos brasileiros consultados por uma pesquisa nacional sobre segurança pública, feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e o Instituto Ipsos.

Divulgada hoje (19), a pesquisa informa que 39,3% dos entrevistados alteraram seus hábitos de consumo. Na área de lazer, a rotina foi modificada para 28,9% das pessoas.

Essa é a sétima edição da pesquisa, que ouviu 1 mil pessoas em 70 municípios de nove regiões metropolitanas.

O economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos disse que a pesquisa revela que a adesão às manifestações “não é mais a mesma”, devido à violência que tomou conta dos protestos, “mas também pela mudança de foco, com muitos objetivos em um ato só”.

Ela acredita que, com a proximidade da Copa do Mundo e a certeza de que o evento ocorrerá de qualquer forma, as pessoas começaram a perceber que é importante passar uma imagem positiva do Brasil.

“O visitante, o turista que vem aqui, não tem nada a ver com os problemas internos, e não é o momento de se tumultuar ainda mais o que está complicado”, expôs.

Em relação ao movimento conhecido como rolezinho, em que os jovens marcam encontro em centros comerciais pela internet, 10% dos brasileiros avaliaram que é um evento pacífico.

Um total de 52,5% dos entrevistados considerou que os rolezinhos resultam em algum tipo de violência e precisam ser reprimidos pela polícia.

Travassos ressaltou que apesar de a pesquisa ser feita há sete anos, os dados que mais chamam a atenção se referem aos fatos novos.

A análise da série histórica à luz desses acontecimentos recentes mostra mudanças na adesão dos consultados em relação às políticas de segurança pública.

Do ano passado para cá, aumentou de 33,7% para 36,2% o percentual de brasileiros que consideram a política coercitiva, com policiais bem pagos e punições severas, a melhor solução para o combate à violência e à criminalidade.

Em contrapartida, houve recuo de 63% para 59,5% no total dos que acreditam que a melhor solução é uma política social, que garanta educação, moradia e emprego aos jovens.

Travassos considerou que a banalização violência no último ano, seja em protestos ou na vida em geral, não significa que as ações sociais deixaram de ter importância para os cidadãos, mas que mais brasileiros enxergam a coerção como fundamental “para poder colocar ordem na casa”.

A distribuição de mais policiais na rua foi apontada como a melhor solução para resolver o problema da criminalidade e da violência por 43,9% dos brasileiros, contra 42,8% no ano passado.

É considerada também a atuação conjunta das polícias Federal e dos estados no combate ao crime (de 25,7% para 31,3%) e melhoria dos salários e condições dos policiais (de 22,7% para 26,4%).

O percentual dos que defendem a aprovação de leis mais duras e penas mais longas caiu de 34,9% para 30,8%.

Outros itens mencionados foram a geração de mais empregos (com 26,2%), implementação de programas de primeiro emprego para jovens (24,3%) e treinamento e qualificação dos policiais (20,7%).

Foram citados também o aumento de verbas para a saúde e a educação (18,6%), o combate ao tráfico de drogas (18,2%) e mais opções de lazer e atividades para as crianças de 7 a 14 anos fora do horário escolar (17,0%).

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